Almeida Ribeiro foi consultado pelo gabinete de crise criado por Luís Filipe Vieira. Luís Bernardo admite que o antigo agente das secretas e ex-secretário de Estado participou numa reunião, mas nega a existência de qualquer vínculo ao clube.
Com o objetivo de dar mais músculo ao recém-criado gabinete de crise, o Benfica recorreu ao antigo espião do Serviço de Informações de Segurança (SIS) e secretário de Estado Adjunto de José Sócrates, José Almeida Ribeiro, segundo apurou a VISÃO.
Almeida Ribeiro foi consultado pelo gabinete coordenado pelo diretor de comunicação do clube da Luz, Luís Bernardo, que também foi assessor do antigo primeiro-ministro socialista, na segunda-feira. À VISÃO, Luís Bernardo admite que Almeida Ribeiro deu aconselhamento ao gabinete de crise, mas diz que o ex-espião participou apenas numa reunião daquela "task force". Por isso, nega "perentoriamente" a existência de qualquer vínculo entre o Benfica e o antigo agente do SIS.
O diretor de comunicação do emblema encarnado confirma ainda que o gabinete de crise já ouviu e continuará a ouvir muitas outras personalidades, especialistas em informação, proteção de dados e pirataria informática (inclusivamente da Google e da Microsoft).
Formado em Filosofia, Almeida Ribeiro, agente das secretas "internas", estudou também Ciência Política e entrou na política pela mão de Manuel Maria Carrilho, tendo sido chefe de gabinete do antigo ministro da Cultura. Depois, já com Sócrates em S. Bento, foi assessor político do primeiro-ministro entre 2005 e 2009.
No segundo mandato do homem que agora é acusado de 31 crimes no âmbito da Operação Marquês, Almeida Ribeiro foi promovido a secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e quando o PS perdeu as eleições, em 2011, pediu para ingressar no Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED), o ramo das secretas que trata das questões externas, onde esteve poucos meses.
Almeida Ribeiro regressaria ainda à política, desta feita como conselheiro de António José Seguro. No entanto, segundo noticiou o jornal i em 2015, o ex-espião funcionava como "infiltrado" de Sócrates no largo do Rato, uma vez que informava o antigo chefe do Governo de tudo o que se passava nos bastidores socialistas, como viriam a confirmar as escutas da Operação Marquês.
Igualmente chamado para ajudar na gestão da crise - na sequência do anúncio de sábado de Luís Filipe Vieira - foi o ex-governador civil de Lisboa António Galamba, dirigente socialista durante a liderança de Seguro. Luís Bernardo recusa qualquer vínculo permanente do clube ao ex-deputado, mas reconhece a relação com Galamba, "sénior" da consultora WL Partners, empresa detida pelo próprio diretor de comunicação do Benfica.
Nesse gabinete, que reporta diretamente ao presidente das águias sobre as questões relacionadas com os processos que envolvem o clube (como a investigação E-Toupeira ou o processo dos vouchers e dos e-mails) e também os seus dirigentes (como a Operação Lex), estão ainda a trabalhar profissionais de três escritórios de advogados, a Vieira de Almeida & Associados, a Abreu Advogados e a Correia, Seara, Caldas, Simões & Associados (à qual pertence o porta-voz da equipa jurídica do Benfica, João Correia) e mais dois elementos do gabinete de comunicação do clube.
Quem também estará a ganhar protagonismo interno, ao acompanhar todos estes dossiês, é o vice-presidente José Eduardo Moniz, que também receberá regularmente as informações oriundas do grupo de especialistas que procura fazer o controlo de danos à reputação do Benfica.
Até à publicação desta notícia, José Almeida Ribeiro e António Galamba não acederam às várias tentativas de contacto da VISÃO.
Visão
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