sexta-feira, 16 de março de 2018

EDP deu bónus sem justificação (investigação da Cristina Ferreira)

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Viva, bom dia!
Já lá vamos ao título de hoje, que remete para a nossa manchete.
Para já, olhamos as últimas notícias:

Pela primeira vez, Mueller pediu documentos às empresas de Trump. O procurador especial quer conhecer as ligações à Rússia. E os negócios do agora Presidente com os mais próximos do Kremlin. A notícia foi avançada pelo New York Times.
O colapso de uma ponte matou quatro pessoas em MiamiA ponte pedonal tinha sido instalada no campus universitário da cidade há menos de uma semana. E caiu assim.
A morte de um imigrante senegalês provocou distúrbios em Madrid. Foi no bairro de Lavapiés, no centro da cidade, com cargas policiais e balas de borracha. Os confrontos entre manifestantes e a polícia ocorreram na sequência da morte de um imigrante que estaria a fugir das autoridades. 
E o Sporting? Sofreu, perdeu e até falhou um penálti, no último minuto dos 90'. Mas acabou por passar aos quartos-de-final da Liga Europa, com um golo no prolongamento. O Marco Vaza diz que foi quase uma tempestade perfeita para a eliminação. Mas não, vá lá. Mas ao dobrar da esquina vêm tarefas mais difíceis.

O que marca o dia

Vamos lá então à nossa manchetea EDP pagou um bónus de quase 20 milhões às construtoras investigadas na Lava-Jato e Operação Marquês. Como assim? Eu explico: em 2017, a EDP fez entrar nos cofres do consórcio luso-brasileiro formado pelas construtoras Lena e Odebrecht uma quantia extra a carecer de justificação. As empresas reclamaram quase 20 milhões de euros, e o pagamento, que se terá situado abaixo daquele montante, levantou objecções dentro da empresa liderada por António Mexia e ajudou a fazer disparar em 55% (para 760 milhões de euros) o custo da Barragem do Baixo Sabor, em Trás-os-Montes. A quantia foi acordada já depois de a infra-estrutura hidroeléctrica ter sido inaugurada e no contexto de uma negociação confinada ao círculo restrito da dona da obra, a EDP, e das duas empreiteiras. O reconhecimento de que podem ter existido práticas irregulares levou António Mexia a proteger-se e a encarregar a EY Portugal de realizar uma auditoria ao plano de barragens. A investigação tem a marca da Cristina Ferreira.
Falando em negócios polémicos: a Santa Casa vai ficar mesmo com 2% do MontepioE Tomás Correia diz que travou "uma batalha de Aljubarrota". Com ou sem padeira, já teve uma vitória: o Banco de Portugal aprovou o nome do novo líder do banco.
E mais um: A Altice vai vender 3000 torres em Portugal e dez mil em França. A estratégia, agora, é chamada de "inversão operacional e financeira".
De olho na Altice está a concorrência: o líder da Sonae (dona do PÚBLICO) diz ver "muitos inconvenientes" na compra da Media Capital.
O Governo diz que a concorrência é boa para os táxisEm entrevista ao PÚBLICO, o secretário de Estado dos transportes explica que já não haverá hipótese de um perdão de multas à Uber - mas mostra alívio por finalmente haver acordo na AR para acabar com esta polémica.
A operação de limpeza do Tejo começa com uma polémica. A operação montada pelo Governo é muito mal vista pelos ambientalistas.
Costa e Marcelo vão limpar as florestas para dar o exemplo. O primeiro-ministro adiou o prazo para as multas, mas não conseguiu explicar no Parlamento quando terá aeronaves disponíveis. O debate quinzenal entre Negrão e Costa aqueceu mesmo foi com o Montepio. E trouxe uma novidade: o Governo apresenta o pacote laboral no dia 23. O relato está todo aqui.
O que Costa não disse foi isto: o Governo tirou bonificações às pensões de longas carreiras. Ninguém fica pior do que no passado, mas há quem não beneficie nada, explica o Negócios hoje.

Mais coisas para ler

1. Uma guerra comercial nascida nos EUA, 90 anos antes de Trump. “Quase que me pus de joelhos para pedir ao Presidente". No meio do maior colapso da bolsa de Nova Iorque alguma vez visto,um dos banqueiros mais poderosos do mundo nos anos 1930, habitual conselheiro do então Presidente dos EUA, tentou tudo, inclusive suplicar, para influenciar a política da Casa Branca. Nem estes nem outros esforços – fossem súplicas, conselhos ou ameaças – surtiram qualquer efeito: em Junho de 1930, Herbert Hoover fez o que Donald Trump agora faz. Acabou assim, como conta o Sérgio Aníbal.
2. Na guerra que ninguém pode ganhar, pode haver solução? Os taliban rejeitaram conversações com o Governo de Cabul. Trump mudou de abordagem e o Paquistão está a virar-se para antigos inimigos. Mas sem perspectiva de uma vitória para qualquer dos lados, o que sobra, Manuel Louro?
3. Uma cama, uma sopa, um duche: Bruxelas acolhe refugiados em casa. A escuridão já tomou conta dos quarteirões de arranha-céus ocupados por milhares de escritórios, e o silêncio e vazio fazem das ruas que escondem o Parque Maximilian, um cenário de desolação urbana. Mas na esquina oposta ao edifício baptizado “World Trade Center”, levanta-se uma estranha azáfama todas as noites, por volta das oito horas. É quando centenas de pessoas se encontram para um ritual de ajuda e solidariedade, que garante um tecto, uma cama e uma refeição quente à população de candidatos a asilo, refugiados, migrantes ou exilados que vivem no parque. A Rita Siza, nossa correspondente em Bruxelas, esteve lá para nos contar.
4. Carta a uma Nova Iorque desaparecida. Foi uma cidade de desesperados em fuga, agora é um produto a consumir. "O que é feito da rebeldia?" A pergunta é de Jeremiah Moss que, em Vanishing New York, alerta para um fenómeno global: a gentrificação das metrópoles. O livro é uma viagem pelas “ruínas” de uma urbe. Os guias são os seus protagonistas. A Isabel Lucas leva-nos lá pelas letras.

A agenda de hoje

Há greve na função pública, que coincide com o último dia de protesto dos professores, que já anuncia uma grande manifestação. Do Governo, que se saiba, só Eduardo Cabrita está a receber os que lutam contra o Governo (neste caso, os polícias).
Já Vieira da Silva vai à Cimeira do Envelhecimento, no Porto, no dia em que o Parlamento discute um estatuto para os cuidadores informais.
Quanto a Marcelo, cuida de receber a nova direcção do CDS, que não é muito diferente da anterior. Cristas, claro, lidera o grupo.
Esta manhã há sorteio dos quartos-de-final da Liga dos Campeões e da Liga Europa, com Jesus a rezar pelo melhor (ou, melhor dizendo, pelo pior).
O melhor, porém, é deixar-lhe pistas para o ípsilon de hoje, que vem cheio de (belíssimos) regressos: o de David Byrne, aos 65 anos como se fosse a primeira vez; o de Teresa Villaverde, com um Colo que é o que precisamos depois da crise; e com o escritor americano Jonathan Safran Foer, que 11 anos depois volta dizendo-nos "Aqui estou".
Nós também. Esperando que fique connosco. Só faz sentido assim.
Tenha um óptimo fim-de-semana. Até segunda! 

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