O mal-amado videoárbitro vai estrear-se sábado na clássica prova de ciclismo Milão-São Remo. Um comissário irá acompanhar a prova num camião rodeado das câmaras da RAI, experiência inédita que se repetirá nas três grandes voltas - Giro, Tour e Vuelta. Para já, a Volta a Portugal ainda não terá VAR
Ainda contestado nos campos de futebol, o videoárbitro vai, a partir de sábado, fazer-se à estrada nas cinco clássicas provas de ciclismo - e ainda nas voltas rainhas do ciclismo internacional: Giro, Tour e Vuelta.
Ainda em fase experimental, o novo sistema não entrará em ação na Volta a Portugal, dependendo a adoção do VAR em futuras provas nacionais da avaliação que a União Ciclista Internacional irá fazer no final do verão.
“Para já, o sistema vai funcionar como teste-piloto. Não vejo que vá trazer grandes mudanças ou vantagens, já que os árbitros de todas as provas oficiais da UCI já podem socorrer-se das imagens de todo o percurso em caso de dúvida”, afirma ao Expresso o presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo.
Delmino Pereira diz que a maior diferença é a nomeação de um árbitro que terá como função exclusiva a visualização do pelotão ao longo de toda a prova e que terá a última palavra em caso de dúvida dos comissários que acompanham o pelotão.
Numa altura em que a imagem é soberana, a decisão da UCI surge como resposta aos fãs do ciclismo que reclamam justiça rápida e não se conformam que um ciclista fique impune por atitudes antidesportivas, captadas pelas câmaras - e que escapam aos comissários. Para acabar com as dúvidas, um dos três comissários ficará fechado numa caixa instalada num camião, que seguirá a prova do arranque à meta, rodeado de 10 televisores, escrutinando as imagens das câmaras da RAI captadas de helicóteros e de motorizadas.
A estreia do VAR acontece domingo, ao longo dos 291 quilómetros da primeira das cinco clássicas da época de ciclismo, a prova Milão-São Remo, que nos últimos anos terminou ao sprint e muita polémica à mistura. Segundo avança o "El País", o júri será constituído por três árbitros, cabendo ao que segue no camião avisar o árbitro-presidente do júri, que também viaja com o pelotão e a quem cabe a decisão final sobre qualquer tipo de ação suspeita de irregularidade.
O Giro da Flandres será a segunda clássica assistida pelo sistema VAR, esperando os responsáveis da UCI que polémicas como a que sucedeu com Vincenzo Nibali na Vuelta de 2015 - agarrou-se a um carro num dos troços da prova - ou a contestada expulsão de Peter Sagan do Tour 2017 - por suposto encosto a Mark Cavendish - não se repitam.
Delmino Pereira é cético em relação à inovação, lembrando que o recurso a imagens, “oficiais ou não”, já é generalizado, “mesmo para efeitos de desclassificação”, diz.
“Já se realizaram vários Europeus de Pista no Centro de Alto Rendimento da Anadia e todas as provas foram 100% filmadas e os árbitros recorreram a imagens em casos de dúvida”, refere o líder federativo, que não se oporá, contudo, à introdução do VAR na Volta a Portugal do próximo ano, se a medida se revelar útil ou obrigatória.
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