sexta-feira, 9 de março de 2018

Contra o statuo quo da arquitectura


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Ipsilon
 
 
  Vasco Câmara  
No Ípsilon desta sexta-feira, entrevista com uma das arquitectas mais influentes da actualidade, Elizabeth Diller, fundadora do atelier nova-iorquino Diller Scofidio + Renfro. Gosta de repensar as convenções do espaço e tem a ambição de mudar as instituições. Entre outros projectos, como a nova sala de espectáculos onde o maestro Simon Rattle há-de tocar com a sua London Symphony Orchestra, destaca-se um parque que revolucionou Nova Iorque enquanto experiência urbana e espaço público para o século XXI: o Line, que fez de uma linha de comboio abandonada um parque urbano com dois quilómetros e meio de comprimento e poucos metros de largura.
Elizabeth Diller passou por Lisboa, Isabel Salema falou com ela.
Continuamos em Nova Iorque: eis a carta a uma cidade desaparecida. Foi uma cidade de desesperados em fuga, agora é produto a consumir. O que é feito da rebeldia? A pergunta é de Jeremiah Moss, pseudónimo de Griffin Hansbury, que chegou a Nova Iorque em 1993 e, não se conformando com as mudanças na cidade (ele ainda hoje quando vai cortar o cabelo teme encontrar fechada a sua barbearia do costume), criou um blogue de resistência. Daí resultou Vanishing New York, em que alerta para um fenómeno global: a gentrificação das metrópoles. Nesta viagem pelas “ruínas” de uma urbe, os guias são os seus protagonistas, bares, clubes, como o CBGB, filmes, como Taxi Driver, músicos, como Patti Smith ou os Talking Heads. Isabel Lucas falou com um zangado Jeremiah.
E João Bonifácio ouviu o coração quebrado de Marlon Williams. Oiçam-no (Bonifácio): "Não há equação que defina com precisão o monumento que é Make Way For Love: é o que acontece à country quando sai dos honky-tonks de beira de estrada e se vai enfiar nos clubes nocturnos onde Sinatra brilhou; é a mais exemplar união entre guitarras-slide baratas e cordas caras; e a ironia em ouvir um rapaz novo a cantar como um crooner de antigamente". Make Way For Love, portanto5 estrelas.
Damo-vos muita música: a de Luís Figueiredo, compositor e arranjador, que parte do jazz para ir muito mais além: um grandioso álbum conceptual; a dos Felt, que na alvorada dos anos 80 viram a sua música sonhadora passar despercebida: agora que são reeditados esses discos é hora de fazer a devida vénia a Lawrence, o líder do grupo que tanto sofreu com a ausência de reconhecimento; a de Evidence, cujo novo disco quebra um hiato demasiado longo de um veterano da cena alternativa do hip hop americano; a das Breeders, ícones do rock alternativo dos anos 90 - mais de duas décadas depois, aí está All Nerve, e nada mudou e ainda bem.
Quase 60 anos depois da edição original (1961), Solaris, de Stanislaw Lem, é, finalmente, publicado entre nós: pela primeira vez, numa tradução directamente feita do polaco. Hugo Pinto dos Santos é o cosmonauta que não se perde na viagem ao planeta de superfície gelatinosa por onde andaram Andrei Tarkovsky (em 1972) e de Steven Soderbergh (em 2002), autores das duas adaptações cinematográficas do romance.

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