Uma avaria não especificada na Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) deixou sete províncias do Centro e Norte de Moçambique sem energia eléctrica desde o início da noite desta terça-feira (17) e causou restrições no fornecimento à Africa do Sul e ao Zimbabwe. Esta situação acontece numa altura em que a HCB prepara-se para cotar-se Bolsa de Valores e o @Verdade descobriu a hidroeléctrica oculta muita informação sobre as suas contas reais.
Cerca das 17 horas desta terça-feira (17) as províncias de Sofala, Manica, Tete, Zambézia, Nampula, Cabo Delgado e Niassa sofreram um corte de energia eléctrica. Habituados aos cortes sistemáticos os poucos moçambicanos bafejados pela distribuição da Electricidade de Moçambique (EDM) acreditavam tratar-se apenas mais um!
No entanto um comunicado da EDM informando que o corte deveu-se a “um disparo registado na central da HCB no Songo” veio criar reavivar temores de um apagão como aconteceu em 2015.
O porta-voz da Electricidade de Moçambique, Luís Amado, disse à Rádio Moçambique que embora existam alguns centrais eléctricas na Região Centro e Norte por enquanto a alternativa é a própria HCB.
Até as 23 horas a Hidroeléctrica de Cahora Bassa não tinha tornado pública nenhuma informação sobre esta avaria. Tentativas de contactar a assessoria de imprensa foram infrutíferas.
A avaria está a condicionar a venda de energia para a África do Sul, principal cliente da HCB e que fica com mais de 60 por cento de toda energia que a hidroeléctrica produz, assim como ao Zimbabwe, que compra cerca de cinco por cento da energia de Cahora Bassa.
Esta avaria acontece numa altura que a Hidroeléctrica de Cahora Bassa prepara-se para dispersar 7,5 por cento das suas acções através da Bolsa de Valores de Moçambique e o @Verdade descobriu que a empresa não tem divulgado todas as suas contas nos Relatórios anuais que publica.
Analisando as contas disponíveis dos últimos três exercícios fiscais não foi possível apurar os montantes arrecadados pela HCB com a venda de energia à ESKOM, eléctrica sul-africana, à ZESA, eléctrica zimbabweana, ou mesmo à EDM.
Pedidos formais do @Verdade, ao abrigo da Lei do Direito à Informação, secundados por solicitações pessoais ao Presidente do Conselho de Administração, não foram esclarecedores.
A Hidroeléctrica de Cahora Bassa, que se vangloria de uma alegada amortização total e antecipada do empréstimo contraído para o financiamento da sua reversão do Estado português para o Estado moçambicano, também não apresenta nas suas contas o detalhe sobre a sua situação real de endividamento junto à banca nacional e estrangeira.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
Nenhum comentário:
Postar um comentário