Mais um segredo sobre a queda do BES (e um que caiu sobre Pedrógrão)

David Dinis, Director

Bom dia! Aqui estão as últimas notícias,

prontas para lhe dar uma manhã informada:

Guterres apelou a Trump para não rasgar o acordo com o Irão. Em entrevista à BBC, o secretário-geral da ONU alinhou com Macron, avisando que há um risco real de guerra se o acordo for abandonado.

Trump tirou um prisioneiro de Guantánamo. Apesar de ter prometido encher a prisão de "tipos maus", o número de prisioneiros decresceu no mandato de Trump: são actualmente 40.

A Cambridge Analytica anunciou o seu encerramento. A utilização indevida dos dados de milhares de utilizadores do Facebook e a suspeita de manipulação das eleições americanas foram fatais para a empresa.

O Liverpool voltará à final da Champions, 11 anos depois. Ainda se chamava Taça dos Clubes Campeões Europeus quando, em 1981, Liverpool e Real Madrid se defrontaram pela única vez na final. Trinta e sete anos depois, vão voltar a jogar o jogo decisivo da Liga dos Campeões. Ontem foi assim. 

A marcar o dia

Mais um segredo sobre a queda do BES. A maior empresa financeira do mundo vendeu os 4,65% de acções que tinha do BES já depois da resolução do banco, que na altura deviam valer zero. Não se sabe a quem, nem por quanto. Como diz o nosso Paulo Pena, que hoje regressa a casa, "o governador do Banco de Portugal não foi informado, a ministra das Finanças não soube, a CMVM não tinha de saber. Os detalhes não são públicos. Mas a BlackRock conseguiu vender". O que descobrimos foi isto.

Caiu um segredo sobre Pedrógão. Depois de um dia a ser questionado sobre o porquê de não divulgar o relatório secreto da Protecção Civil, revelado ontem pelo PÚBLICO, o Ministério da Administração Interna, que manteve o documento em segredo durante seis meses, acabou por voltar atrás e admite que "não vê inconveniente" em que o documento seja tornado público, desde que seja levantado pela PGR o segredo de justiça. Acontece que advogados contactados pelo PÚBLICO defendem que este documento nunca esteve em segredo de justiça, como invocado pelo Governo, que foi mudando de posição ao longo do dia. Nesta história, o mérito é inteiro da Liliana Valente. 

A isto e à informação de que já são seis os acusados pelo MP, o DN acrescenta um dilema na Protecção Civil, que se mostra incomodada com a vinda de especialistas estrangeiros para ajudar no combate aos fogos deste ano.

O casos Pinho e Sócrates obrigaram o PS a dizer 'chega'. Fernando Medina e Carlos César deram o sinal público de que não vão dar apoio ao antigo governante – sobretudo face à sua garantia de nada dizer no Parlamento, caso seja convocado para uma audição. A vergonha tenderá a ser maior quando se sabe, hoje, pelo CM, que Ricardo Salgado prometeu uma reforma de 61 mil euros a Pinho mesmo antes de este ir para o Governo. 

Noite fora, o porta-voz João Galamba falou também sobre a acusação a Sócrates. As palavras a registar são "envergonha qualquer socialista". Vale mais tarde que nunca, já diz o ditado.

Sobre o inquérito às rendas na energia, pedido pelo Bloco, parece que vai analisar também o Governo de Costa - diz o DN.

O Governo vai investigar o mandato do ex-líder da ASDE. As suspeitas de desvio de fundos numa missão anterior abriram espaço a uma auditoria aos três anos e meio em que o gestor esteve à frente da ADSE. A sua demissão chegou no início da semana.

... e vai controlar o desconto no IRC pela criação de emprego. A ordem ao Fisco veio do secretário de Estado, no âmbito de uma revisão dos benefícios fiscais.

E mais isto...

Um monte de greves a caminho: polícias e militares garantem que vão "até ao fim"; os médicos parecem unidos e com o mesmo objectivo.

Um pedido do PCP ao Governo: que "recorra a todos os meios legais" para travar negócio Altice/TVI.

Mais uma objecção à entrada no Montepio. O jornal i diz que um administrador da Santa Casa decidiu sair, depois de notícias ainda não confirmadas sobre o congelamento do negócio (contada pelo Expresso no sábado).

E uma novidade do Novo Banco, que cortou "spread" do crédito à habitação e igualou Santander e BCP, nas contas do Negócios.

Uma boa notícia, para variar: o número de adultos em formação está a subir, com 160 mil inscritos no programa Qualifica. O objectivo é chegar aos 600 mil até 2020.

Ler mais devagar

1. Quem ganha e quem perde com o orçamento europeu. A proposta da Comissão Europeia deixou todos por cá numa rara unanimidade: partidos contra, Governo e Presidente cépticos com "um mau começo". Mas deixou até o presidente Jucker incomodado com a reacção dos países, mais preocupados com os instrumentos do passado do que os desafios do futuro, como explica a nossa correspondente Rita Siza. Para ficar com o contexto certo, o melhor é ler este quem ganha e perde, assim como a entrevista que a Rita fez por lá. E, claro, a análise de Francisco Assis e da Teresa de Sousa: "Teria que ser diferente", diz-nos ela.

2. Trump não se livra de Mueller, mas Mueller também não se livra dos seus limites. Conta-nos o Alexandre Martins que, "de todas as batalhas que têm sido travadas no último ano entre o Presidente Donald Trump e o procurador especial Robert Mueller sobre as suspeitas de conspiração com a Rússia para influenciar a campanha eleitoral de 2016, poucas foram tão violentas como a que teve lugar há quase dois meses, no dia 5 de Março". Mas, apesar do que aconteceu nesse dia e do que aí vem ainda, será difícil que tudo termine numa acusação formal. A verdade é que todos falam em impeachment, mas quem manda é o Congresso.

3. Filipa chorou “desalmadamente” quando viu suspenso o sonho de ser mãe. Depois de 1300 euros investidos, ela viu suspenso o tratamento para engravidar com um dador anónimo. Com a polémica aberta pelo acórdão do Tribunal Constitucional, há especialistas que defendem agora um “regime transitório” e lembram que o próprio TC admite o anonimato quando haja “razões ponderosas”. A Natália Faria volta à decisão e começa por onde ela mais doeu.

4. Foram criados embriões só com células estaminais. Pela primeira vez, através de células estaminais de ratinhos colocadas num pratinho, uma equipa de cientistas conseguiu criar embriões com três dias e meio de desenvolvimento e implantá-los no útero de ratinhos fêmea. É um novo modelo para o estudo dos primeiros momentos do desenvolvimento, conta-nos - de forma muito simples - a Teresa Serafim.

Hoje na agenda 

É dia de Conselho de Ministros, mas também de uma audição na AR ao novo líder da Protecção Civil, chamado pelo PCP para falar sobre a preparação, os meios e as respostas previstas para a fase mais crítica de incêndios que se aproxima. 

Lá por fora, vai tudo a exame nas eleições locais inglesas: “Brexit”, May e Corbyn. Assim como vai a exame o comércio mundial, em mais uma ronda negocial entre EUA e China, desta vez em Pequim.

Pela noite, joga-se o acesso à final da Liga Europa, com um Salzburgo-Marselha e um Atlético-Arsenal.

Hoje é também dia mundial da Liberdade de Imprensa, um bem muito precioso e infelizmente mais ameaçado pelo mundo fora. E sobre o nosso 14º lugar na lista haveremos de falar um destes dias.

Fecho como fechou ontem o Diogo, a quem tenho que agradecer ter-me substituído nos últimos dias: "Para tentar contribuir para uma sociedade mais esclarecida, e mais exigente, vamos continuar a fazer o nosso trabalho. Visite-nos porque temos novidades o dia todo, a qualquer hora. Até já."