O aumento de 255 meticais para os funcionário públicos, que o ausente Presidente de Filipe Nyusi disse que dá para comprar galinha, foi denominador comum nas reivindicações dos moçambicanos que esta terça-feira (01) desfilaram na Praça dos Trabalhadores na cidade de Maputo gritando “Fora a dívida, quero o meu dinheiro completo”. Entre os trabalhadores do sector privado, para além das recorrentes reclamações dos seguranças, os funcionários das Linhas Aéreas de Moçambique questionaram “A quem interessa matar as LAM” e até os bancários, um dos poucos sectores que faz dinheiro com a crise, reclamaram da “precarização do emprego”.
Pelo menos 30 mil de trabalhadores, públicos e privados, juntaram-se na baixa da capital moçambicana para o tradicional desfile que assinala o seu Dia no nosso país.
Os trabalhadores do Hospital Central de Maputo, onde não se incluem os médicos, levaram em notas e moedas o valor do aumento salarial decretado pelo Governo de Filipe Nyusi na semana passada. “Vou fazer o quê com estes duzentos” questionaram, “essa galinha que o Presidente disse para comprarmos é para comermos um mês” afirmou ao @Verdade uma experiente profissional de saúde.
“Fora a dívida, quero o meu dinheiro completo” gritaram os funcionários da Manguêzi, uma empresa privada do sector de energia eléctrica, exibindo notas de 200 meticais e destacando-se de outros trabalhadores que em vez de usarem o Dia para lutar por melhores condições limitaram-se a fazer publicidade da empresa ou a saudar o 1 de Maio ignorando que a camisete, boné e capulana que envergaram, e o empregador pagou, custou tanto quanto o aumento que lhes será dado.
Este parco aumento salarial preocupa também os dependentes dos funcionários públicos, “Só 260 para o patrão... imagina a empregada doméstica” disseram reivindicando ainda que “a crise de água mata as empregadas”.
Para além dos salários baixos os despedimentos sem justa causa foram denunciados pelos trabalhadores, os funcionários dos supermercados Game denunciaram o despedimentos de 60 colegas “com o objectivo claro de desmontar o sindicato”.
Trabalhadores das LAM questionam Administração dirigida por António Pinto
Mais preocupados com o seu futuro, os trabalhadores das falidas Telecomunicações de Moçambique e Moçambique Celular deixaram as suas preocupações sobre a fusão que está a decorrer, que seja “humana, transparente, inclusiva e equilibrada”.
Os trabalhadores dos maiores bancos comerciais em Moçambique, Millenium Bim e BCI, revelaram embora ambas instituições estejam a ganhar biliões com a crise económica e financeira os seus empregos estão cada vez mais precários e exigiram “que a produtividade do sector bancário se reflicta na remuneração”.
Também preocupados com o seu futuro mostraram-se os funcionários da companhia aérea de bandeira nacional, que tal como as outras empresas públicas também está em situação de falência, e questionaram “A quem interessa matar as LAM”, em alusão ao trabalho da Administração dirigida por António Pinto.
Os artistas fizeram-se ao desfile para recordar que também são trabalhadores, que não vivem “gratuitamente” e perguntam “lei do mecenato ukwini?”.
O auto intitulado empregado do povo, o Presidente Filipe Nyusi, que em pré-campanha eleitoral disse: “200 ou 250 meticais acima do salário para si não é muito, mas para outra pessoa faz diferença (...) “ontem 50 não comprava galinha mas por causa da situação económica hoje já consegue”, esteve ausente do palanque, o edil de Maputo foi a mais alta figura do Estado presente, mas saudou em comunicado: “ao trabalhador moçambicano e aos líderes do movimento sindical a todos os níveis que têm mostrado elevado grau de patriotismo no processo de construção de um país próspero de que todos nos orgulhemos”.
O Movimento Democrático de Moçambique, denunciando as dívidas e a paz oculta, fez-se presente na Praça dos Trabalhadores seguido pelo partido Frelimo que encerrou um desfile onde os moçambicanos que trabalharam na Alemanha, Madjermanes, foram impedidos de participar e onde faltaram os trabalhadores do sector que emprega o maior número de cidadãos, a agricultura.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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