“O mandato é de 18 meses, não há o convencional Conselho de Administração” revelou João Carlos Pó Jorge em exclusivo ao @Verdade após tomar posse esta terça-feira (24) como director-geral das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM). Já a Presidente do Conselho de Administração IGEPE garantiu o compromisso do Governo injectar dinheiro para que a empresa que está em situação de falência técnica, acumula um passivo de 16,1 biliões de meticais, continuar a voar.
Numa cerimónia restrita dirigida pela Presidente do Conselho de Administração do Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE), Ana Coanai, assumiu na tarde desta terça-feira (24) os comandos das LAM o engenheiro Pó.
Ana Coanai esclareceu em exclusivo ao @Verdade que os accionistas das Linhas Aéreas de Moçambique, SA, decidiram acabar com o modelo de gestão da empresa através de um Conselho de Administração (que era composto por sete membros) e regressar ao modelo de um director-geral de vários directores. Um modelo que a empresa teve na sua fundação até 1999, altura em que foi transformada em Sociedade Anónima e criado um Conselho de Administração para a gerir.
Questionada se o IGEPE vai continuar a fazer o apoio de tesouraria, como o tem feito deste o dia 5 de Julho para garantir principalmente o abastecimento de combustíveis das aeronaves, Coanai disse ao @Verdade que: “O Governo tem esse compromisso. Tem que ser senão não vai funcionar”.
“Gestão inclui uma proposta de saneamento” do passivo que ascende a 16 biliões de meticais
De 55 anos de idade, João Carlos Pó Jorge é formado em engenharia pela Universidade Eduardo Mondlane e tem um master em Administração de negócios obtido nos Estados Unidos da América. Entrou para o quadro de funcionários das LAM em 1983 onde trabalhou e dirigiu o sector de engenharia até 1995. Saiu para a secção africana do gigante construtor de motores de aviões United Technologies Corporation, Pratt & Whitney onde esteve até 2013, altura em que foi convidado a regressar à companhia aérea de bandeira moçambicana e entrar para o Conselho de Administração do Administrador Técnico Operacional.
Cessou funções em 2016 mas manteve-se em Moçambique onde liderou, até a sua nomeação, a comissão interinstitucional que trabalha na revitalização da Escola Nacional da Aeronáutica.
Entrevistado em exclusivo pelo @Verdade logo à seguir a posse o director-geral da empresa que fechou o exercício de 2017 com perdas de mais de 9 biliões de meticais revelou que o seu “mandato é de 18 meses”.
Um período que o @Verdade sabe ser o desejo do engenheiro Pó que não tem pretensões de assentar no comando das Linhas Aéreas de Moçambique, como bom conhecedor da empresa sabe que pior do que gerir os grandes problemas financeiros o seu maior desafio será lidar com as dinâmicas políticas em torno da companhia.
Aliás enquanto decorria a cerimónia da posse o @Verdade presenciou as démarches que funcionários seniores da companhia tiveram de realizar para acomodar no voo que esta tarde seguiu para Lichinga alguns notáveis membros do partido Frelimo que nem sequer tinham ainda comprado o respectivo bilhete.
Escolha óbvia pela sua experiência nacional e principalmente internacional o recém empossado director-geral das LAM explicou ainda ao @Verdade que tem o mandato de manter a empresa a voar mas “a gestão inclui uma proposta de saneamento”.
O @Verdade sabe que um estudo realizado pela IATA, no início do mandato do Conselho de Administração ora extinto, indicava que as Linhas Aéreas de Moçambique precisavam de um injecção financeira de pelo menos 4 biliões de meticais.
No entanto, ao longo destes pouco mais de 2 anos que passaram, a situação de falência apurada pelos Auditores no fecho das contas de 2015, e que o @Verdade revelou, degradou-se.
Em 2016 o passivo das LAM cresceu para 14,2 biliões de meticais e a 31 de Dezembro de 2017 ascendeu a 16,1 biliões de meticais, contas que o @Verdade está a analisar e brevemente irá revelar.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
Nenhum comentário:
Postar um comentário