quarta-feira, 25 de julho de 2018

Troço da EN9 entre Torres Vedras e Alenquer vai acolher projeto de Arte Pública

No âmbito do programa da “Cidade Europeia do Vinho 2018 | Torres Vedras/Alenquer”, o troço da EN9 situado entre estas duas localidades vai acolher, de 29 de julho a 31 de dezembro, o projeto de Arte Pública/Exposição 10.10.10 Arte entre Cidades.
Trata-se de um dos mais ambiciosos projetos do referido programa, o qual se insere no âmbito das artes visuais, de arte pública, sendo composto por seis obras de arte de caráter efémero.
Segundo é referido acerca desta intervenção artística que se constitui como um circuito de arte no espaço público: “Os conceitos de "lugar", "percurso" e "obra artística na paisagem" surgem como um sentido de problematização que sugere o diálogo entre a arte e a arquitetura enquanto matéria de reflexão enquadradas no "trajeto" da uva ao vinho. Quando falamos de "obra" referimo-nos ao resultado físico de trabalhos que possam ter sido realizados por artistas, ou por arquitetos, ou por uma ação conjunta que promove o diálogo entre ambas as áreas disciplinares, da qual resulta um projeto efémero que reflete sobre a temática da atividade e paisagem vinícola.
Ao procurar promover ações interdisciplinares nas obras a alcançar, numa leitura da paisagem entre Torres Vedras e Alenquer, esta proposta de curadoria procurará articular uma abordagem de reflexão sobre a caracterização da paisagem e herança vinícola. Desta forma, a nossa aproximação a uma ideia curatorial de ‘onde’ localizar as intervenções contempla dois campos de ação: o primeiro remete para o encontro das obras no contexto arquitetónico de equipamentos relacionados com a atividade vinícola. O segundo pressupõe obras enquadradas num itinerário territorial entre Torres Vedras e Alenquer ao longo da Estrada Nacional 9 (N9).
Neste contexto integrar-se-ão intervenções na paisagem e em estruturas de transformação dos recursos naturais da região, que demarcam uma narrativa de contextualização à temática do vinho. Aspira-se assim a uma ideia de promenade territorial que introduz ao observador uma revisão de locais, ou costumes, através da intervenção artística sobre um fundo arquitetónico em contexto rural ou urbano.

Ambos os concelhos se destacam a nível nacional na produção de vinhos de excelência, promovendo, neste contexto, um perfil de conhecimento de técnicas específicas nesta matéria. Em alinhamento com esta reflexão os autores que acompanham este projeto manifestam-se, através da sua obra, capazes de articular os conceitos e matéria-prima do seu trabalho com os contextos históricos, económicos e sociais locais”.

As obras que integram o projeto de Arte Pública/Exposição 10.10.10 Arte entre Cidades são as seguintes:

LOCAL: Largo de Wellington, Torres Vedras
ARTISTA: Teresa Henriques
TÍTULO: Gina Lollobrigida
Esta peça – a secção de um balão - explora uma possibilidade espacial e escultórica de um reservatório de vinho. A construção formal, quase mimética, desta tipologia de reservatório existente no contexto das adegas a partir do fim dos anos 60 sugere reflexões sobre o que entendemos como objeto, escala, matéria e implantação.
O adobe mantém a peça próxima do território ‘do que vem da terra’. A sua implantação oferece ao observador um olhar alteado sobre o balão, relacionando-se com o seu lugar real, e transporta essa ideia de espaço para o local da sua implantação – o embasamento do Largo de Wellington.
Teresa Henriques
Vive e trabalha em Lisboa e Nova Iorque. É mestra em Belas Artes pela School of Visual Arts de Nova Iorque (bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e da FLAD – Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento). Frequentou programa de residência na Location One, também em Nova Iorque (igualmente com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian e da FLAD – Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento). Frequentou também um Curso de Live-Painting na Slade School, em Londres. E ainda o Curso de Escultura da AR.CO, Lisboa.

LOCAL: I.V.V. (Instituto da Vinha e do Vinho), Rua Cândido dos Reis, Torres Vedras
ARTISTA: Os Espacialistas
TÍTULO: V.I.D.E. Ver, Imaginar, Desenhar, Espacializar - Os Espacialistas na Apanha do Vazio
V.I.D.E. é um projeto de re(h)abilitação artística e arquitetónica que transforma a cabine e o tabuleiro da balança de pesagem das uvas, situada no largo de entrada do I.V.V. de Torres Vedras, numa caixa métrica do vinho, enquanto lugar performativo de experimentação e encontros a diferentes escalas; onde a arte se in(ve)stiga com a arquitetura, a história com a experiência estética contemporânea e a imaginação da memória com o jogo e a educação; onde o vinho - o leite dos pobres - é o principal material de construção e os espaços recipientes a ele associados - co(r)po, garrafa, depósito - pesam o vazio deixado pela desativação dos espaços envolventes, dão corpo à obra lúdica, lúcida e embriagada a construir e refletem a memória do museu do vinho adiado desde 1940, que aparecerá no lugar da balança sob a forma de “Petit Cabanon du Vide”, enquanto miniaturização consciente da grandeza da paisagem torriense.
Os Espacialistas
Os Espacialistas é um projeto laboratorial de investigação teórica e prática das ligações entre Arte e Arquitetura com início de atividade em 2008. Substituem o lápis pela máquina fotográfica, enquanto dispositivo de desenho, de pensamento, de perceção e de diagnóstico do espaço natural e construído, cujas ações são reguladas pelo Diário do Espacialista e auxiliadas pelo “Kit Espacialista Por/tátil” que transportam consigo.


LOCAL: Adega Cooperativa da Carvoeira, Estrada Nacional, Curvel
ARTISTA: Ayelen Peressini
TÍTULO: _common_grounds
A implantação de três esculturas em diferentes espaços do edifício do IVV, integrado no complexo da Adega Cooperativa da Carvoeira, sugere umapromenade e reconhecimento espacial.
Cada objeto escultórico valoriza o espaço que integra, ao mesmo tempo que sugere uma apropriação, por parte do visitante, das diversas relações estabelecidas entre escalas, afastamentos, extensões e altimetrias que a diversidade construtiva existente oferece. O contraste da ideia de edifício ‘latente’ (pré-ruína) com a obra artística ‘refletora’ e contemporânea sugerem um diálogo entre tempos e realidades.
Representando o resultado da pesquisa contínua sobre a confluência entre arte e arquitetura, a instalação pretende ser um espaço passável que gera o efeito experiencial da entidade humana passando por um determinado espaço alocado.
Ayelin Peressini
Ayelen Peressini é natural da Argentina (Buenos Aires, 1986). Licenciada em Belas Artes pelo Departamento de Escultura da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2011). É mestra em investigação e criação artística pela Universidade de Barcelona (2016). Desde 2012 trabalha em projetos transdisciplinares entre as áreas da arte, desenho e arquitetura. 

LOCAL: Winegros (antiga Adega Cooperativa de Olhalvo), Quinta da Baia, Olhalvo
ARTISTA: Ramiro Guerreiro
TÍTULO: Sem Título [Um Tanque Sem Fundo]
A intervenção na Adega de Olhalvo surge de um momento específico no processo de vindimas - a pisa da uva feita por um grupo de pessoas dentro de um tanque.
A partir desta prática, caída em desuso salvo raras exceções, pretende-se convocar a ideia de reunião e congregação. A peça mostra-se como a sugestão de um tanque a partir dos seus limites verticais, quase-muros forrados a azulejos no interior. Para além deste tanque, aberto num dos topos e sem fundo, a intervenção inclui ainda dois bancos corridos onde os visitantes se poderão sentar.
Ramiro Guerreiro
Frequentou o curso de arquitetura na FAUP (Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto) de onde saiu para estudar na MAUMAUS. Tem exposto regularmente em Portugal e no estrangeiro desde 2005, ano em que foi vencedor do prémio BES Revelação e de uma menção honrosa no prémio EDP Novos Artistas. Fez residências artísticas em Madrid, Paris, Marselha e Berlim.

LOCAL: Rua Serpa Pinto, Junto à Torre da Couraça, Águas, Alenquer
ARTISTA: António Bolota
TÍTULO: SÓBRIO E ÉBRIO
O esforço da vindima é como que uma convocatória que procede ao momento inicial da preparação das vinhas, assim como antecede o desfecho: celebrar com o vinho.
Dois reservatórios tubulares diferentes, um reto (trabalho) outro fletido (comemoração), reforçam esse ritual de preparação e proveito: o sóbrio e o ébrio.
Em resumo, é um gesto que contém esses dois mundos relacionados.
António Bolota
António Bolota começou a expor em meados dos anos 90, trazendo para o universo artístico saberes oriundos da Engenharia, área onde radica a sua formação. Um conjunto de conhecimentos técnicos são convocados na criação das suas esculturas que se confrontam com o espaço para onde são construídas ou que se fundem com a própria arquitetura. Em 2008 concluiu o Curso Avançado no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual. Mora e trabalha em Lisboa.

LOCAL: Rua Serpa Pinto, Junto ao Museu do Vinho, Alenquer
ARTISTA: Inês Teles
TÍTULO: Pinturas sobre estruturas de crescimento

A reflexão sobre as características da indústria vinícola, desde a criação de estruturas contínuas de suporte à vinha, bem como o tempo de produção e maturação do vinho, direcionou este projeto para a criação de uma construção capaz de suster outras imagens, outros objetos voláteis. O contexto urbano, marcado pelas tendas do mercado mensal, fábrica de tecidos e a vivência de Alenquer, torneiam esta instalação composta por uma estrutura em ferro, rígida e assimétrica.

Inês Teles

Artista portuguesa, residente em Lisboa. Licenciada em Pintura na FBAUL (Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa), prossegue em 2010 os estudos em Londres, com uma pós-graduação na Byam Shaw e um mestrado na Slade School of Fine Art. Inês Teles expõe regularmente em Portugal e no estrangeiro.


CURADORA
Gabriela Raposo é licenciada em Arquitetura, mestre em Cenografia e doutorada em Arquitetura. Além da prática da arquitetura dedica-se à temática da relação da arte contemporânea com o espaço arquitetónico através da escrita de artigos, curadoria de exposições e participação em conferências. Deu aulas no IADE em Lisboa e no DARQ – Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra.


INAUGURAÇÃO | 29 de julho
Programa:

10h00 | Largo de Wellington | Torres Vedras
Receção aos convidados
Apresentação do projeto
Apresentação da obra de Teresa Henriques

11h00 | I.V.V. – Instituto da Vinha e do Vinho | Torres Vedras
Apresentação da obra de Os Espacialistas

12h00 | Adega Cooperativa da Carvoeira | Carvoeira
Apresentação da obra de Ayelen Peressini

13h00 | Adega Cooperativa da Carvoeira | Carvoeira
Degustação de produtos locais

14h30 | Winegros (antiga Adega Cooperativa de Olhalvo) |Olhalvo
Apresentação da obra de Ramiro Guerreiro

15h30 | Rua Serpa Pinto (junto à Torre da Couraça, Águas) | Alenquer
Apresentação da obra de António Bolota

16h30 | Rua Serpa Pinto (junto ao Museu do Vinho) | Alenquer
Apresentação da obra de Inês Teles

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