Natal é um tempo especial para as crianças. Todos o vivemos com gosto mas as crianças dão-lhe mais encanto. Desejaríamos que fossem mais numerosas mas são sempre muito queridas e procuramos dar-lhes toda o carinho e apoio para que cresçam felizes e harmoniosas. A mensagem do Natal, se for vivida, oferece um contributo especial ao desenvolvimento espiritual e humano desta idade.
Na realidade, são as crianças que nos motivam e guiam na preparação do Natal, é sobretudo nelas que pensamos quando organizamos esta festa, na compra das prendas, nos arranjos, nos encontros de família. É sobretudo às crianças que se dirige a publicidade de Natal embora tenham de ser depois os pais a pagar a fatura. Na catequese as campanhas de preparação de Natal visam predominantemente as crianças procurando naturalmente através delas chegar aos familiares e educadores. E estas campanhas conseguem mesmo mexer com as famílias e com as comunidades.
Algumas correntes ideológicas laicistas pretendem banir os símbolos religiosos e esvaziar o Natal das suas origens. É uma atitude de miopia lamentável. Seria deitar fora um património humanista e cultural de valor incalculável e privar as crianças e a sociedade de uma fonte valiosa de enriquecimento moral. Como poderíamos conservar a torrente dos valores da simplicidade e humildade, proximidade e atenção ao outro, fraternidade e partilha sem o contato com a fonte? De facto, na raiz e no centro do Natal, encontramos uma criança simples e humilde, reclinada num presépio, que nos estende os braços e sorri para nós.
O Menino do presépio está envolvido pelo mistério. Como confessam os cristãos, esse Menino foi-nos dado como manifestação da proximidade e bondade de Deus. Andem as modas por onde andarem, esta é a origem e a referência perene do Natal. Desta fonte genuína nasceu, ao longo de vinte séculos, além das tradições humanizadoras referidas, uma riqueza de expressões culturais de grande beleza e elevação (pintura, composições musicais, narrativas (os conhecidos “contos de Natal”), e por aí fora. O Natal tornou-se uma cultura, um sonho de paz, amor e fraternidade. Seria uma grande perda se estancássemos ou poluíssemos esta fonte.
Infelizmente o risco de empobrecer o Natal com uma visão exterior e consumista deste mistério, vai penetrando subtilmente na mentalidade e nos hábitos de muita gente que se julga cristã. De ânimo leve, frequentemente, se reduz o Natal a uma festa exterior e social, comandada pelo “Pai Natal”, de reunião da família, da ceia da Consoada, de encontros de amigos, de distribuição de prendas. No meio de tanta distração e azáfama, deixa-se para trás a celebração e a contemplação do mistério que lhe deu origem. As próprias crianças envolvidas na preparação do mistério de Natal acabam por não participar na celebração…estão de férias. Ora é na celebração que o Natal se atualiza, recria e adquire vida e encanto. Guardemos o encanto do Natal.
Natal 2018
Manuel Pelino Domingues
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