Um estudo que avaliou a qualidade das refeições em escolas de Santarém e Alpiarça apontou a necessidade de reduzir o sal, oferecer quantidades “mais adequadas” de proteína e hidratos de carbono e ajustar as porções às idades dos alunos.
No âmbito do programa de intervenção comunitária “Eat Mediterranean: a program for eliminating dietary inequality in schools”, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) avaliou a composição nutricional das refeições escolares em 25 escolas dos municípios de Santarém e Alpiarça, antes e após a intervenção do programa.
O programa, promovido pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo nos dois concelhos nos anos letivos de 2015/2016 e 2016/2017, teve como principal objetivo “contribuir para a redução das desigualdades nutricionais em meio escolar, através da promoção da dieta mediterrânica”, enquanto estilo de vida saudável.
Os resultados demonstram que o programa teve “um impacto positivo na qualidade nutricional das refeições escolares disponibilizadas nas escolas intervencionadas”.
No entanto, os investigadores responsáveis pelo estudo sublinham que “existem alguns aspetos que necessitam ainda de ser melhorados, nomeadamente a redução do teor de sal, a oferta de quantidades mais adequadas de proteína e hidratos de carbono e o ajuste das porções servidas às respetivas faixas etárias, o que pode ter tido impacto nos desvios observados nos resultados não atingidos”.
Para os investigadores, estes aspetos precisam de ser “acompanhados, ajustados e reavaliados”.
Na fase de diagnóstico, as refeições avaliadas apresentaram um desvio negativo em relação aos teores de energia e hidratos de carbono para os grupos 06-10 e 16-21 anos (com e sem pão nas refeições), mantendo-se esta tendência para as outras faixas etárias, particularmente para as refeições sem pão.
Em contraste, com exceção da faixa etária dos 16-21, observaram-se desvios tendencialmente positivos para os teores de proteína, relativamente às recomendações nutricionais estabelecidas para a população em estudo.
Os teores de sal apresentaram desvios diferentes para as diferentes faixas etárias, sendo estes superiores a 40% para a faixa etária dos 02-05, quando comparados com o valor da dose diária recomendada.
Na fase pós-intervenção, conseguiram-se “melhorias significativas” nos teores de energia e hidratos de carbono para as faixas etárias dos 02-05 e 06-10 anos, nos valores de proteína manteve-se o desvio positivo e, no teor de sal, observou-se uma redução nos desvios obtidos para todas as faixas etárias.
Quanto ao valor de gordura esteve sempre dentro dos intervalos de referência, na fase de diagnóstico e intervenção, sublinha o estudo.
“O cumprimento das recomendações relativas às refeições escolares é fundamental para garantir o correto aporte energético e nutricional das crianças e jovens”, realçam ainda os autores do trabalho, divulgado no ‘site’ do INSA.
Em Portugal, os municípios são responsáveis pelo fornecimento das refeições escolares (almoço) e pela gestão das ementas do ensino pré-escolar e do primeiro ciclo do ensino básico.
No segundo e terceiro ciclos do ensino básico e no ensino secundário, com exceção das escolas com o seu próprio serviço de cozinha, o fornecimento de refeições escolares é da responsabilidade da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.
A Organização Mundial da Saúde e a União Europeia reconhecem o papel da escola no combate à obesidade, bem como a importância de estabelecer políticas de apoio a comportamentos alimentares adequados que limitem a disponibilidade de produtos com elevados teores de sal, açúcar e gordura.
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