Joaquim Carlos* |
Nesta
data alguns autores políticos(?), decidiram pregar em diversos
espaços públicos de norte a sul as virtudes da liberdade,
democracia, liberdade de expressão, ainda que na pratica sejam
contra, impedindo o envolvimento dos cidadãos.
Pelos
frutos é que se conhece bem a árvore…, basta visitar uma câmara
municipal ou uma junta de freguesia ou outra instituição pública,
e observar o comportamento dos nossos interlocutores. Ficamos com o
sentimento que entrámos num espaço onde é proibido falar. Saímos
de lá com uma intoxicação de nãos sem fim.
«O
principio da soberania popular nunca chegou a ser um principio de
legitimidade; continua a ser uma ideia que justifica todas as
revoluções» como afirmou Lopez Amo, não passa disso.
Vitor
Pradeira escreveu num dos seus discursos que «Sem tradição não
há Nação», e por sua vez Augusto Comte «A
humanidade é constituída pelo conjunto dos seres humanos, passados,
futuros e presentes. Os vivos estão sempre e cada mais, governados
pelos mortos».
Nesta
linha de raciocínio nunca é de mais recordar uma frase que em nada
agrada aos políticos pela sua clarividência: «A política é a
arte de impedir as pessoas de se meterem naquilo que lhes interessa»
Paul Valéry, assim se compreende o porquê das assembleias públicas
ficarem desertas. Exemplificando: isso significa dar o carapau ao
gato.
Ortega,
que foi quem mais penetrou nessa descoberta da realidade da vida
humana, dizia: o homem é forçosamente livre; "lo es por
fuerza". Acontece que o homem pode renunciar à sua liberdade.
Pode renunciar à sua liberdade em um acto livre. Se eu renuncio à
minha liberdade, se, por exemplo, eu digo: "agora vou fazer o
que os senhores me digam", estou decidindo livremente e, no
caso, executo também um acto de liberdade, que é renunciar a
ela...; por isso, a liberdade é irrenunciável.
O
homem pode chegar a uma desumanização; falamos de desumanização,
dizemos que é algo inumano, infra-humano... Ortega deu um passo a
mais e falou de "deshominização", pode haver uma renúncia
à própria condição humana.
O
conceito de liberdade de expressão nos tempos actuais está
desfigurado. O mesmo acontece com a democracia. A comemoração do
célebre Dia 25 de Abril daqui por uns anos passa para o patamar da
tradição, é nessa condição que vai ser lembrado, porque os jovens
desconhecem o seu real significado.
Com
políticos desacreditados, com posturas distantes daqueles que os
elegeram, não devemos continuar a alimentar fantasias que o futuro
vai ser melhor. Já dizia o meu avô: adeus mundo cada vez pior.
Mais, é com papas e bolos que se enganam os tolos.
As
promessas valem o que valem, são como o vento, ouve-se, mas, não se
vê.
Pelos frutos é que se conhece bem a árvore…
*Director
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