quinta-feira, 25 de abril de 2019

EDITORIAL | Liberdade de expressão – Sem liberdade não há democracia

Joaquim Carlos*

Nesta data alguns autores políticos(?), decidiram pregar em diversos espaços públicos de norte a sul as virtudes da liberdade, democracia, liberdade de expressão, ainda que na pratica sejam contra, impedindo o envolvimento dos cidadãos.
Pelos frutos é que se conhece bem a árvore…, basta visitar uma câmara municipal ou uma junta de freguesia ou outra instituição pública, e observar o comportamento dos nossos interlocutores. Ficamos com o sentimento que entrámos num espaço onde é proibido falar. Saímos de lá com uma intoxicação de nãos sem fim.
«O principio da soberania popular nunca chegou a ser um principio de legitimidade; continua a ser uma ideia que justifica todas as revoluções» como afirmou Lopez Amo, não passa disso.
Vitor Pradeira escreveu num dos seus discursos que «Sem tradição não há Nação», e por sua vez Augusto Comte «A humanidade é constituída pelo conjunto dos seres humanos, passados, futuros e presentes. Os vivos estão sempre e cada mais, governados pelos mortos».
Nesta linha de raciocínio nunca é de mais recordar uma frase que em nada agrada aos políticos pela sua clarividência: «A política é a arte de impedir as pessoas de se meterem naquilo que lhes interessa» Paul Valéry, assim se compreende o porquê das assembleias públicas ficarem desertas. Exemplificando: isso significa dar o carapau ao gato.
Ortega, que foi quem mais penetrou nessa descoberta da realidade da vida humana, dizia: o homem é forçosamente livre; "lo es por fuerza". Acontece que o homem pode renunciar à sua liberdade. Pode renunciar à sua liberdade em um acto livre. Se eu renuncio à minha liberdade, se, por exemplo, eu digo: "agora vou fazer o que os senhores me digam", estou decidindo livremente e, no caso, executo também um acto de liberdade, que é renunciar a ela...; por isso, a liberdade é irrenunciável.
O homem pode chegar a uma desumanização; falamos de desumanização, dizemos que é algo inumano, infra-humano... Ortega deu um passo a mais e falou de "deshominização", pode haver uma renúncia à própria condição humana.
O conceito de liberdade de expressão nos tempos actuais está desfigurado. O mesmo acontece com a democracia. A comemoração do célebre Dia 25 de Abril daqui por uns anos passa para o patamar da tradição, é nessa condição que vai ser lembrado, porque os jovens desconhecem o seu real significado.
Com políticos desacreditados, com posturas distantes daqueles que os elegeram, não devemos continuar a alimentar fantasias que o futuro vai ser melhor. Já dizia o meu avô: adeus mundo cada vez pior. Mais, é com papas e bolos que se enganam os tolos.
As promessas valem o que valem, são como o vento, ouve-se, mas, não se vê.
Pelos frutos é que se conhece bem a árvore…

*Director


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