sábado, 21 de setembro de 2019

Religião | Rumo a uma religião panteísta e tribal


  • Carlos Vitor Santos Valiense
No dia 15 de agosto, festa de Nossa Senhora d’Ajuda, co-padroeira do município de Porto Seguro (BA), houve algo que podemos classificar como sinistro e profanoretiraram a centenária coroa de ouro da imagem, símbolo da realeza de Nossa Senhora, e colocaram no lugar um cocar com penas utilizado pelos índios; substituíram o cetro de ouro por um chocalho-maracá [foto abaixo] utilizado pelos pajés em cerimônias religiosas para invocar os espíritos da floresta.
A Imagem profanada
A Imagem profanada
Muitas pessoas naquela aglomeração não perceberam tamanha sanha revolucionária, mas os que estavam mais próximos, inclusive sacerdotes, olharam com espanto para aquela cena. Tratava-se de uma cena de inculturação, algo que foi tomando corpo em certas correntes do Concílio Vaticano II, até desfechar hoje no polêmico Sínodo do Pan-Amazônico: a dessacralização rumo à coroação do tribalismo.
A Imagem coroada e com o cetro tradicional
Todos os jornais e noticiários, sejam seculares ou religiosos, voltam a sua atenção para o “grande” evento que ocorrerá no Vaticano no mês de outubro, o Sínodo-Pan Amazônico.
Muitos se perguntam: Se a Igreja já teve vários sínodos, por que o Sínodo da Amazônia chama tanto a atenção de todos? Quem responde é o bispo da Diocese de Essen, na Alemanha, Dom Franz-Josef Overbeck, que afirmou em entrevista que o Sínodo de outubro causará uma “ruptura” na Igreja e que “nada será como antes”[i].
Ante essa alarmante resposta do prelado alemão, é claro que todos se voltam para as atividades sinodais com muito medo e espanto, inclusive o governo brasileiro. Após a publicação do Instrumentum laboris (instrumento de trabalho) do Sínodo, as reações dos clérigos e dos fiéis ficaram cada vez mais acaloradas, pois neste documento é possível ver que realmente “nada será como antes”.
Sínodo da Amazônia – Uma verdadeira Caixa de Pandora
Acho que todos devem conhecer na história da mitologia grega, a caixa de Pandora. Pandora recebeu uma caixa e teve por dever não abri-la. Mas o que acontece? Ela abre a caixa e dela sai todos os males da humanidade, mas em meio a tanta maldade algo permanece na caixa:a esperança.
Mas o que essa história tem em relação com a atual situação pré-sinodal? Os males, ou melhor, as doutrinas contidas no Instrumento de Trabalho do Sínodo são males que a Igreja condenou e combateu ao longo de sua história.
Para se sentir o clima de ruptura do documento, o ex-prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Walter Brandmüller, afirmou: “O instrumento de trabalho contradiz o ensinamento vinculante da Igreja em pontos cruciais e deve ser classificado como herético”Disse também que o documento sinodal põe em discussão a “revelação divina” e, portanto, pode ser considerado um ato de “apostasia” (renegação da fé). “Constitui um ataque aos fundamentos da fé, de um modo que até então não era considerado possível[ii] [Grifo nosso].
O bispo emérito do Marajó (PA), Dom José Luís Azcona Hermoso, que conhece a realidade da Amazônia com mais propriedade, disse: “A tendência obsessiva por entender a Amazônia desde os povos indígenas como a única deturpa e faz inútil a celebração do Sínodo”. Na entrevista, o bispo diz existir um desprezo em relação aos afro-amazônicos: o rosto amazônico hoje é majoritariamente pentecostal. O desprezo prático dos afro-amazônicos, mais numerosos no Brasil que os indígenas, é uma injustiça, uma atitude completamente contraditória com o que deve ser o caminho sinodal”E prossegue: Efetivamente, a Amazônia, mais propriamente a brasileira, não tem maioria católica. Em algumas regiões da Amazônia oriental, o número dos pentecostais chega a 80%. É voz comum nas reuniões pastorais na Amazônia. E essa penetração é especialmente notável em etnias indígena”.[Grifo nosso].
Dom Azcona conclui com as seguintes palavras: Enquanto se dilui a revelação de Cristo. No Instrumento de trabalho, Cristo é negado como Crucificado, quer dizer, é sequestrado no texto. Não somente porque não aparece uma só vez o nome glorioso de Crucificado. O mais grave é o fato de Ele ser silenciado por completo nas grandes questões como diálogo, culturas, etnias, escatologia, esperança. Por outro lado, o nivelamento entre Jesus Salvador e os outros interlocutores: Culturas, etnias, religiões, termina com o ser e a missão da Igreja. Ele rebaixa e nega a identidade de Cristo como Senhor e Salvador, Deus e homem. De fato, um insulto grave contra o nome de cristão. Ao mesmo tempo, e o dizemos com tristeza, um sinal alarmante do secularismo radical que grassa em alguns âmbitos da Igreja Católica. A agressão a Cristo, a sua anulação sumária, termina com a única esperança da Amazônia e de todos os seus povos, fechando assim de modo dramático e cego o acesso a uma verdadeira ecologia, à luz e sob o poder do evangelho para transformar as atitudes necessárias com relação a natureza, a ecologia, a casa comum”.[iii][Grifo nosso].
Sínodo da Amazônia rumo a uma nova religião
A preocupação com a repercussão do Sínodo da Amazônia é tão alarmante que o Cardeal Burke e o bispo Dom Athanasius Schneider publicaram um documento convocando uma Cruzada de Oração e Jejum pelo Sínodo da Amazônia e exortando todos os fieis católicos a participarem dela durante quarenta dias, de 17 de setembro a 26 de outubro, às vésperas do encerramento do Sínodo: todos os dias dedicar pelo menos uma dezena do rosário e fazer jejum uma vez por semana, de acordo com a tradição da Igreja. As principais intenções são:
  1. Que durante a assembleia sinodal os erros teológicos e as heresias presentes no Instrumentum laboris NÃO SEJAM APROVADOS;
  2. Que, em particular, o Papa Francisco, no exercício do ministério petrino, CONFIRME seus irmãos na fé, com uma CLARA RECUSA DOS ERROS do Instrumentum laboris e NÃO CONSINTA na ABOLIÇÃO DO CELIBATO sacerdotal na Igreja latina, com a introdução da prática de ordenação de homens casados, os chamados viri probati.
O documento do Cardeal Burke e de Dom Schneider destaca seis erros graves e heresias contidos no Instrumentum laboris, em suma:
  1. Panteísmo implícito: o documento sinodal promove uma socialização pagã da “mãe terra”, baseada na cosmologia das tribos amazônicas;
  2. Superstições pagãs como fontes da revelação divina e “caminhos alternativos” para a salvação;
  3. Diálogo intercultural em vez de evangelização;
  4. Uma concepção errônea da ordenação sacramental, que postula os ministros do culto de ambos os sexos até mesmo para realizar rituais xamânicos;
  5. Uma “ecologia integral” que rebaixa a dignidade humana;
  6. Um coletivismo tribal que mina o caráter único da pessoa e sua liberdade.[iv]
 Os erros expostos pelo documento sinodal é um caminho para a desfiguração da doutrina tradicional da Igreja, de onde a preocupação de cardeais e bispos. Os erros teológicos e as heresias presentes no documento são um claro sinal da “autodemolição” que tem por objetivo desfigurar a Igreja, transformando-a em uma nova religião panteísta e tribal.
ABIM

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