Plinio Corrêa de Oliveira
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São Paulo Apóstolo, Museu de Arte Sacra da capital paulista [Foto PRC] |
A história do Apóstolo São Paulo é rica em pormenores saborosos (vide pp. 40 a 42 desta edição). E um traço característico é que se trata de uma história de violência. Saulo foi um homem violento na perseguição à Igreja nascente, que ele queria exterminar. Respirava violência e desejo de extermínio, era famoso pela sua violência e um inimigo radical dos católicos.
No caminho para Damasco, ocorreu um acontecimento violento: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”. Ele caiu do cavalo, ficou cego e indagou:
–– Quem és, Senhor?
— Eu sou Jesus, a quem tu persegues.
— Senhor, o que queres que eu faça? (Domine quid me vis faceri?) [2]
Ele foi curado, começou a ver e tornou-se pronto para a luta. Uma mudança completa e estrepitosa: passou a pregar o nome de Jesus, que antes perseguia. É o líder da violência, que muda com toda a sua radicalidade para o outro lado. Para o apostolado, ele empreendeu inúmeras viagens, enfrentou riscos e operou conversões extraordinárias. Com isso abriu um sulco sobre o qual a Igreja Católica se desenvolveu. Depois agiu violentamente contra o Império Romano, foi o primeiro passo para a derrubada do paganismo.
Até no final de sua vida, foi santamente violento em relação a Deus Nosso Senhor, quando bradou: “Combati o bom combate, percorri a carreira inteira, guardei a fé. Desde já me está reservada a coroa da justiça”.[3]É uma espécie de atestado brilhante que ele dá de sua própria fidelidade. É como um homem de consciência tranqüila que se apresenta diante de Deus.
Os católicos moles gostariam de qualificar isso como falta de humildade. Mas, como foi o brado de um santo, não têm remédio senão ficar quietos. O católico amolecido não gosta de conversões violentas. Não gosta de cogitar em conversões de homens sábios, de conversões de homens que mudam as coisas.
Neste dia [25 de janeiro] em que se comemora a conversão de São Paulo, o que devemos pedir a ele? Devemos pedir essa santa violência. Ele lutou para derrubar o paganismo, nós devemos ter essa santa violência para derrubar em nossos dias o mal que está no auge, mais poderoso que o paganismo no tempo dele.
A cidade de São Paulo é consagrada ao Apóstolo São Paulo. Tem-se a impressão de ele desejar que os nascidos na sua cidade tenham essa santa violência. Aquilo que se chamou outrora “o espírito paulista” tinha qualquer coisa de vigor, de força, de intrepidez, de iniciativa, de senso organizativo que é próprio àqueles que devem desenvolver uma larga ação, em certo sentido, imperialista. Os bandeirantes paulistas tinham essas qualidades.
ABIM
(Excertos de conferência de Plinio Corrêa de Oliveira, em 25 de janeiro de 1965. Sem revisão do autor).
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Notas:
1. São Mateus, 11, 12.
2. Atos dos Apóstolos, 9, 4-6.
3. II Epístola a Timóteo, 4, 7-8.
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