A cada novo dia fica evidente quão apressada foi a Declaração do Estado de Emergência em Moçambique particularmente em acautelar o seu impacto prático em sectores vitais. Depois da falta de preparação nos sectores de Educação e dos Transportes agora são os hospitais a serem afectados pela falta de sangue. “O isolamento social fez com que nós, como Sector de Saúde, perdêssemos os nossos principais dadores de sangue (as escolas e igrejas)” revelou a directora clínica do HCM.
O Decreto Presidencial nº11/2020 e o Decreto 12/2020 impuseram a limitações aos moçambicanos que não foram devidamente ponderadas pelo Governo de Filipe Nyusi que 9 dias depois das suas decisões teve reabrir o Aeroporto de Nacala, o Porto de Pemba e Mocímboa da Praia, reviu o limite máximo de passageiros nos transportes de passageiros e passou a permitir a circulação de moto-taxi e bicicleta-taxi.
No entanto, embora a Declaração de Estado de Emergência estabeleça como primeira actividade pública essencial os serviços médicos, hospitalares e medicamentos, este dispositivo legal, assim como as medidas de execução administrativa, não ressalvam que apesar das limitações de circulação os moçambicanos podem, e devem, continuar a visitar os serviços de saúde para acções agendadas como a vacinação das crianças, consultas pré-natais assim como o atendimento de cidadãos com doenças crónicas.
Também foi esquecido pelo Executivo de Nyusi que para o funcionamento as unidades sanitárias, particularmente os hospitais centrais e gerais, precisam de sangue que só é obtido através da doação de cidadãos saudáveis.
“O hospital não parou de funcionar, estamos a receber doentes de fórum oncológico, traumático e de outras patologias médicas que requerem sangue (...)Temos também doentes que vem ao hospital fazer tratamento de quimioterapia, o que exige que os níveis de hemoglobina estejam mais ou menos normais e por isso os doentes requerem sangue”, recordou em conferência de imprensa nesta terça-feira (21) a directora clínica do Hospital Central de Maputo (HCM), Farida Urci.
Fazendo eco de uma preocupação que tem sido manifestada pelos responsáveis de todos hospitais em cada uma das capitais provinciais Farida urci revelou: “O isolamento social fez com que nós, como Sector de Saúde, perdêssemos os nossos principais dadores de sangue (as escolas e igrejas) e os nossos dadores voluntários não estão a aderir ao hospital para doar sangue”.
“Nada impede que se dirijam ao Hospital Central de Maputo para doar sangue”
A responsável clínica da maior unidade sanitária de Moçambique indicou que “por dia tínhamos um stock de cerca de 400 unidades, neste momento estamos com mais ou menos 70 unidade por dia o que não é suficiente nem para metade do dia”.
“Os nossos dadores habituais dariam para repor mas como eles só podem voltar a doar três meses depois não daria tempo e por isso apelamos aos alunos e crentes que estão em casa e que doavam nas nossas brigadas ambulatórias que venham ao Banco de Sangue doar de segunda à sábado”, explicou Farida Urci.
A directora clínica do HCM apelou a todos os cidadãos, “que não estejam dentro dos grupos de risco, indivíduos que não tenham mais de 60 anos ou com enfermidades, para se dirigirem ao nosso Banco de Sangue para doar sangue, criaremos condições para que a doação seja feita de uma forma segura”.
“Importa esclarecer aos nossos cidadãos que o Governo decretou o isolamento social como medida de prevenção (da covid-19) mas não estamos em lockdown, então é permitido que as pessoas saiam para fazer actividades vitais como comprar, ajudar um familiar doente e, pensamos nós, que a doação de sangue é vital, nada impede que se dirijam ao Hospital Central de Maputo para doar sangue”, apelou.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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