O director-geral do INS revelou neste domingo (26) que vão ser testados quase um milhar de trabalhadores da petrolífera Total e sub-contratados que estão na Península de Afungi e onde foram diagnosticados mais cinco infectados pelo novo coronavírus, local onde existe a única cadeia de transmissão activa em Moçambique. A 76ª infectada pela covid-19 em Moçambique é uma criança, filha de uma cidadã residente na Cidade de Pemba que contraiu o novo coronavírus de contacto profissional com um doente em Afungi. O @Verdade apurou ainda que a vontade popular de isolar a Província de Cabo Delgado além de descabida, pelas implicações socio-económicas, terá poucos efeitos de contenção pois saíram das instalações da petrolífera francesa mais de 2 mil pessoas na semana em que foi identificado o “caso índex de Afungi”.
Após uma semana epidemiológica onde foram diagnosticados 35 novos doentes da covid-19, mais do que o dobro de cada uma das semanas anteriores, os infectados continuam a aumentar, e com a realização de mais 68 testes pelo INS, seis novos doentes foram diagnosticados no nosso país, cinco moçambicanos e um sul-africano, todos sem sintomatologia e por isso em isolamento domiciliar na Província de Cabo Delgado onde passaram a existir 54 doentes.
O @Verdade apurou que dos testes realizados entre sábado e domingo 50 foram de casos suspeitos na Província de Cabo Delgado, um suspeito na Cidade de Maputo, cinco da Província de Maputo e 13 da Província de Inhambane. Dos testes realizados entre sexta e sábado 53 foram a casos suspeitos na Cidade de Maputo, oito da Província de Maputo e 75 da Província de Cabo Delgado.
“Três são do sexo masculino, sendo dois na faixa etária dos 25 aos 34 anos e um na faixa etária dos 45 aos 59 anos. Três são do sexo feminino, sendo que um na faixa etária dos 5 aos 14 anos, portanto a primeira criança que diagnosticamos, e duas na faixa etária dos 15 aos 24 anos”, revelou a Directora Nacional de Saúde Pública.
A Dra. Rosa Marlene detalhou que a criança infectada pela covid-19 está em isolamento domiciliar na Cidade de Pemba e “é filha de um caso positivo relacionado com um outro caso de Afungi”.
1º trabalhador da Total infectado está curado
Ainda na conferencia de imprensa deste domingo (26), e analisando os dados epidemiológicos consolidados até ao dia 25 de Abril, o Dr. Ilesh Vinodrai Jani indicou que “a curva de Moçambique é das menores da Região (Austral de África)”, porém na última semana epidemiológica foram diagnosticados tantos casos positivos quanto nas quatro semanas anteriores, 35. Grande parte dos diagnosticados durante a semana epidemiológica de 19 e 24 de Abril são do sexo masculino, 34, e estrangeiros, 19, sem sintomas, 30, e têm entre 10 e 39 anos de idade, 14 infectados.
Analisando o perfil de todos os 76 infectados o director-geral do INS destacou que “a maior parte são do sexo masculino, no cumulativo a maior parte são em indivíduos moçambicanos (...) e 75 por cento dos nossos casos são assintomáticos, 23 por cento com sintomatologia leve e dois por cento com sintomatologia moderada (...) existem ainda 383 contactos em seguimento”.
“O recuperado que foi reportado esta semana é o nosso caso índex de Afungi” revelou o Dr. Jani em alusão ao 10º paciente, anunciado no passado dia 1 de Abril, o primeiro trabalhador da Total a ser diagnosticado e que a partir dele foram identificados outros 66 funcionários da petrolífera infectados.
“Iremos ver o crescimento do número de casos positivos” na Província de Cabo Delgado
Embora o responsável do Instituto Nacional de Saúde tenha voltado a admitir que “os primeiros casos em Afungi foram importados e que lá dentro começou uma cadeia de transmissão complexa”, o @Verdade apurou que a vontade cada vez mais popular de isolar a Província de Cabo Delgado além de descabida, pelas implicações socio-económicas e por não existir transmissão comunitária, terá poucos efeitos de contenção pois saíram das instalações da petrolífera francesa pelo menos 2,5 mil pessoas na semana em que foi identificado o “caso índex de Afungi”.
Para tentar conter a pandemia nas instalações da Total na Península de Afungi o responsável máximo dos epidemiologistas moçambicanos anunciou que “a partir de amanhã o director-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde, o Dr. Eduardo Samo Gudo, irá deslocar-se para trabalhar no Distrito de Palma e onde vai permanecer para continuar esta investigação mas também para trabalhar no processo de descontaminação de todos os campos”. O @Verdade apurou que nos três campos existem pelo menos 800 trabalhadores da Total e de empresas parceiras e sub-contratadas.
“O facto é que nos campos em Afungi há transmissão activa, nós precisamos de criar um processo de testagem massiva, de isolamento dos casos e de descontaminação dos casos, num processo que vai levar duas a três semanas pelo menos (...) e com certeza iremos ver o crescimento do número de casos positivos”, avisou o Dr. Ilesh Jani.
Para o director-geral do Instituto Nacional de Saúde, pouco mais de 1 mês após o início da pandemia da covid-19 em Moçambique, “o nosso balanço é positivo, mas a cadeia de transmissão pode alastrar-se rapidamente, o exemplo desta criança é um exemplo de como o vírus se transmite dentro das nossas famílias e por isso precisamos de continuar a ter o máximo de cuidado e cumprir as normas de afastamento social e de higiene que são determinadas pelo Governo”.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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