Amália Rodrigues cantou o poema “Obsessão” do poeta castelovidense Francisco Bugalho, originalmente publicado no seu livro “Margens”.
Musicado por Carlos Gonçalves o tema serviu mesmo de título e de “fecho” ao álbum de originais lançado há 30 anos, mais precisamente no dia 14 de Novembro de 1990 pelas Edições Valentim de Carvalho. O álbum também inclui, entre outros, o poema “Rondel do Alentejo” de Almada Negreiros.
Em entrevista a Rui Miguel Abreu de “A Capital” em 19 de Novembro de 1990 Amália Rodrigues referiu sobre a sua satisfação por este seu álbum: “Gosto de três ou quatro coisas. Há umas cantigas de roda que eu cantava na escola, ‘Chora Mariquinhas Chora’ e ‘Ó Ai Ó Linda’, que eu alterei para dizer às pessoas que o fado até se encontra nessas cantigas de roda. Gosto também do ‘Que Fazes Aí Lisboa’, do ‘Obsessão’ e ‘Flor de Verde Pinho’ está bem cantado”. © NCV
Obsessão, poema de Francisco Bugalho
Dentro de mim canta, intenso,
Um cantar que não é meu:
Cantar que ficou suspenso,
Cantar que já se perdeu.
Onde teria eu ouvido
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido:
Cantar que passa perdido,
Que não é meu estando em mim.
Depois, sonâmbulo, sonho:
Um sonho lento, tristonho,
De nuvens a esfiapar...
E, novamente, no sonho
Passa de novo o cantar...
Sobre um lago, onde em sossego
As águas olham o céu,
Roça a asa de um morcego...
E ao longe o cantar morreu.
Onde teria eu ouvido
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido...
E este cenário partido
Volta a voltar, repetido,
E o cantar recanta em mim.
Um cantar que não é meu:
Cantar que ficou suspenso,
Cantar que já se perdeu.
Onde teria eu ouvido
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido:
Cantar que passa perdido,
Que não é meu estando em mim.
Depois, sonâmbulo, sonho:
Um sonho lento, tristonho,
De nuvens a esfiapar...
E, novamente, no sonho
Passa de novo o cantar...
Sobre um lago, onde em sossego
As águas olham o céu,
Roça a asa de um morcego...
E ao longe o cantar morreu.
Onde teria eu ouvido
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido...
E este cenário partido
Volta a voltar, repetido,
E o cantar recanta em mim.
Francisco Bugalho, in "Margens"
in "Noticias de Castelo de Vide"
Nenhum comentário:
Postar um comentário