O PSD é a favor de tudo o que possa contribuir para o desenvolvimento, progresso e emprego no nosso Concelho. É pena é que se faça tão pouco quando se podia e devia fazer muito mais.
Apoiamos, por isso, e naturalmente a recuperação das instalações e envolvente da antiga Sonuma. Fomos sempre sensíveis à sua requalificação e posterior utilização em prol dos Figueiroenses. Anteriores executivos também já se tinham interessado pelo assunto junto das várias entidades que poderiam contribuir decisivamente para a revitalização daquele espaço. Tivemos até a oportunidade de o pedir pública e emblematicamente, em 2015, na sessão solene do dia do Concelho ao Sr. Ministro Mota Soares que tutelava o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, proprietária do espaço.
O edifício da ex-Sonuma está agora recuperado. Congratulamo-nos com isso. Apoiámos e aprovámos sempre, na Câmara e na Assembleia, a sua compra e recuperação e todos os atos necessários para que essa intenção se concretizasse. O edifício ficou bonito e oxalá possa contribuir para aumentar a riqueza e o emprego no nosso concelho que tanto necessitado está.
Teria sido melhor que as empresas ali instaladas pudessem ser todas novas e todos os postos de trabalhos fossem igualmente novos empregos, mas não - algumas mudaram apenas de sítio dado que já existiam em Figueiró. Fecham num lado para abrir ali. Seria igualmente desejável que os novos postos de trabalho a criar ali atingissem os cerca de 60 que era o número médio de trabalhadores que a ex-Sonuma tinha naquele mesmo espaço. O futuro o dirá.
O espaço está recuperado.
Parabéns ao Município e muito sucesso às empresas ali instaladas.
Mas ao mesmo tempo que parabenizamos a recuperação do edifício não podemos deixar de olhar para um outro ângulo desta recuperação. Recorremos, para isso, à síndrome de Estocolmo. Não sendo uma ideia nossa adapta-se a este caso que nem uma luva.
Para quem não sabe a síndrome de Estocolmo é a definição dada a um estado psicológico em que uma pessoa passa a ter simpatia pelo seu agressor. Este conceito surgiu pela primeira vez, na capital sueca, após um assalto onde depois de seis dias de sequestro as vítimas passaram a defender os seus sequestradores.
É assim também a relação de alguns eleitores com alguns políticos no nosso concelho. O executivo municipal começa por prometer cumprir aquilo que já estava obrigado a cumprir, não cumpre e ainda lhe ficam agradecidos.
Em julho de 2017 a Câmara anunciou, com pompa e circunstância, as obras de reconversão da antiga Sonuma num prazo máximo de 180 dias. Quem não se lembra do célebre outdoor, ali colocado, com a inscrição
“Aqui vai nascer no primeiro semestre 2018” …
O facto de 2017 ser ano de eleições autárquicas não foi coincidência, mas as obras que deveriam começar e ficar prontas até junho de 2018 nem sequer se iniciaram.
Uma vez mais, sequestraram-se as promessas e a boa-fé dos eleitores que foram enganados por razões meramente eleitoralistas.
Agarra-se as pessoas pela promessa, depois arrasta-se essa promessa durante o maior tempo possível, fazendo render o peixe. Quando, ao fim de muito tempo, a promessa já transformada em obrigação ela é cumprida, porque já não há mais por onde adiar e os eleitores sentem-se agradecidos como se lhes tivessem feito um grande favor.
É aqui que a Síndrome de Estocolmo se explica. A relação entre esses políticos e eleitores confunde-se e funde-se, muito por culpa dos cidadãos que se deixam enrolar pelo seu “sequestrador” e permitem que a sua boa-fé seja sequestrada por políticos habilidosos num jogo meramente tático e eleitoralista.
Mas mais.
Esconde-se que a obra só estará totalmente paga daqui a 15 anos, dado que a Câmara contraiu dois empréstimos. Um a 15 anos para pagar a parte que lhe cabe (343.488,31 euros) e um outro, a 12 anos, no valor de 41,652,70€.
Anunciam a obra, mas deixam o calote para outros pagarem
Mas para o PS isto tem um mérito. Cumpre os objetivos de curto prazo, isto é: serve a propaganda para dizer que se fez obra; serve a inauguração com pompa e circunstância e serve a esperança de tentar ganhar algum dividendo político com isso. Serve tudo isto, mas omite que é um calote que se deixa para as gerações seguintes pagarem. Realmente, é obra.
Quando se inaugurar, 3 anos depois do prometido, o novo espaço da Sonuma não se celebra só a chegada de um renovado polo empresarial, mas o exercer de um poder absoluto de políticos pouco conscienciosos sobre um povo enlevado e enganado.
Dia 30 não é só um dia de aplausos, mas também de apupos.
Afinal tudo isto existe, nem tudo isto é fado. Mas muito disto é triste.
Partido Social Democrata de Figueiró dos Vinhos, 16 de outubro de 2020
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