Neste dia 21 de novembro a Igreja celebra especialmente a festividade da Apresentação da Santíssima Virgem no Templo de Jerusalém. Quando ainda uma pequenina menina de apenas três anos, Ela consagrou-se de corpo e alma a Deus.
Essa celebração passou a ser realizada no Oriente desde o séc. VI. Em 1562, o Papa Gregório XI introduziu a festividade na diocese de Avinhão, na França. E o Papa Sixto V, em 1850, estabeleceu-a como obrigatória para toda a Igreja.
A respeito dessa sublime Apresentação, segue um belo texto do Padre Manuel Bernardes — um dos clássicos da literatura portuguesa do século XVIII — em sua famosa obra Nova Floresta:
“Maria foi transplantada da casa de seus venturosos pais Joaquim e Ana, em Nazaré, ao Templo da Cidade Santa de Jerusalém, para que ali, como em lugar mais próprio, se dedicasse toda ao culto de Deus e ministérios do seu serviço.
Havia no Templo um quarto ou apartamento sinalado para o colégio de Virgens, que ali se recolhiam e criavam em costumes virtuosos, e serviam em alguns competentes ministérios do mesmo Templo até que tomavam estado de matrimônio.
Da mão de Santa Ana foi recebida a Sagrada Menina por um sacerdote, que alguns dizem foi o Santo Zacarias (pai de São João Batista), um dos convidados a esta função como parente; ou o Santo Simeão, que depois de breves anos viu em seus braços o bendito fruto desta mesma menina. A qual, posta no último degrau, depois de haver tomado a bênção e beijado a mão a seus pais, subiu logo todos por si mesma sem embaraço, sem pesar e sem tristeza ou mostras de sentimento por deixar tão amável companhia.
Fez a Virgem Santíssima voto de pobreza e de virgindade, se assim fosse aceito e agradável a Deus.
Por isso, a Igreja a intitula e invoca Virgem das virgens, porque foi a primeira a quem depois seguiram numerosos esquadrões delas. Adducentur Regi Virgines post eam (As Virgens sejam conduzidas ao Rei após Ela).
Tudo o que pôde, deu aos pobres. Absteve-se de colóquios humanos, porque a sua conversação era no Céu, seu vestido era chão e muito ordinário, seu comer tênue e parcíssimo, e os Anjos lho ministraram muitas vezes; que não era menos digna disso do que Elias no deserto e outros Santos, que lograram este favor, e o favor era aqui dos Anjos em serem admitidos a este ministério”.
ABIM
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(*) Nova Floresta, 5° tomo, Meditações sobre os principais mistérios da Virgem Santíssima Senhora Nossa, Lisboa, 1737, Iª edição; excertos das pp. 74, 77, 83, edição de Lello & Irmão, Editores, Porto, 1974.
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