O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) tem ainda “uma folga razoável” nas camas de Cuidados Intensivos destinadas aos doentes com covid-19, mas faltam profissionais e verifica-se uma “diminuição significativa” das cirurgias, lamentou o diretor clínico.
Ao fazer um ponto da situação, o diretor clínico do CHUC, Nuno Deveza, disse aos jornalistas que, às 11:00 de ontem, quarta-feira, estavam internados 110 doentes com covid-19, 18 dos quais em Cuidados Intensivos (nível III).
“Temos 14 doentes em nível II (menos grave do que o nível III) numa enfermaria com essa tipologia e com essas características para funcionar como intermédia e depois temos os restantes doentes distribuídos por outras cinco enfermarias”, explicou.
Segundo Nuno Deveza, em termos de resposta de Cuidados Intensivos, o plano de contingência do CHUC tem capacidade para 49 camas e, neste momento, estão abertas 19, ou seja, ainda tem “capacidade de expandir” mais.
No entanto, “essa expansão já está a ser à custa da redução de atividade programada não urgente, nomeadamente atividade cirúrgica”, explicou, exemplificando que houve “uma redução de 40 a 45 cirurgias por dia no polo HG (Hospital Geral, Covões)”.
Nuno Deveza disse que já há “recursos humanos de outras especialidades que não a medicina intensiva a trabalhar nas unidades de Cuidados Intensivos, nomeadamente anestesistas”, o que também tem reflexos na atividade cirurgia.
Além dos anestesistas, também médicos de cardiologia, de pneumologia e de medicina interna integram a equipa de apoio ao doente de medicina intensiva.
“Portanto, em medicina intensiva ainda temos, em termos de espaço, de camas, uma folga razoável. Agora, em termos de recursos humanos, estamos muito apertados”, alertou.
No entender do diretor clínico do CHUC, “poderá chegar uma altura em que possa estar em risco também a resposta a doentes não covid de Cuidados Intensivos”, o que não pode acontecer, uma vez que a instituição tem responsabilidade não só relativamente à população de Coimbra, mas à da região Centro.
“As 20 camas que temos de Cuidados Intensivos para doentes não covid têm que manter a sua capacidade de resposta”, porque “as situações não covid não diminuíram”, justificou, acrescentando que a taxa de ocupação atual destas camas é de 80%.
Nuno Deveza sublinhou que se trata de “arranjar um equilíbrio entre a resposta à pandemia e a resposta aos doentes não covid”.
Neste momento, nos Cuidados Intensivos, o nosso maior desafio são os recursos humanos, sejam médicos, sejam enfermeiros, porque a tipologia de doentes é muito diferenciada e requer apoios bastante diferenciados. Esses apoios já em situação normal são escassos, quando é preciso uma resposta maior tornam-se ainda mais escassos”, lamentou.
O responsável explicou que, no que respeita aos doentes que não necessitam de Cuidados Intensivos, a capacidade é de 108 camas, estando apenas 17 livres.
Caso seja necessário, “e tudo indica que sim, porque a situação ainda está numa fase de escalada, nomeadamente em termos de internamentos”, a instituição tem “outros planos alternativos”, mas que implicarão “diminuição da capacidade de resposta de internamento com doentes não covid”, acrescentou.
Lusa
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