Nos primeiros meses da pandemia as denúncias diminuíram, mas depois começaram a surgir mais casos do que antes.
A pandemia fez aumentar os casos de abusos sexuais contra crianças. O aviso é do coordenador de investigação criminal da Polícia Judiciária (PJ) para estes casos na região de Lisboa e Vale do Tejo. José Matos explica à TSF que até agora, em 2020, já detiveram 52 suspeitos de abusos sexuais, mais do que em todo o ano de 2019 (48), e cerca de 80% estavam ligados a casos de alegados abusos contra menores, uma proporção muito superior ao que acontecia no passado.
No país já foram abertos, este ano, cerca de 600 inquéritos por abusos sexuais e a proporção de casos a envolver crianças volta a ser semelhante (75% a 80%).
O coordenador para esta área na região da capital recorda que há muito que se sabe que a maioria dos abusos a menores acontecem "em meio familiar ou de proximidade física com a vítima" como "vizinhos, conhecidos ou supostos amigos".
"Este ano aumentaram os crimes sexuais contra crianças" e, pelo contrário, continua o responsável da PJ, com o fecho de bares e discotecas diminuíram os casos de abusos contra adultos. José Matos associa estas tendências à Covid-19 e ao confinamento.
Sobre os 52 detidos até agora por crimes sexuais, em 2020, em Lisboa e Vale do Tejo, o coordenador da PJ explica que além do aumento a taxa de prisão preventiva ronda os 72% o que significa que "estão a existir mais crimes e mais graves".
Se nos primeiros meses da pandemia as denúncias diminuíram, depois do primeiro confinamento, a partir de junho e julho, começaram a surgir mais casos do que antes.
A PJ sublinha a importância de comunicar rapidamente às entidades oficiais qualquer suspeita de abuso sexual de menores, garantindo, com essa celeridade, depoimentos mais fidedignos e a possibilidade, por exemplo, de recolha de vestígios biológicos.
José Matos garante que a atuação depois da denúncia é rápida e que basta fazer um telefonema, a qualquer hora, para o piquete da Polícia Judiciária.
Nuno Guedes / TSF
Imagem: BBC.COM
Nenhum comentário:
Postar um comentário