Portugal desceu três lugares no Índice de Perceção da Corrupção de 2020, publicado hoje pela Transparência Internacional, colocando-se no 33.º lugar com 61 pontos, a pontuação mais baixa de sempre.
Segundo o relatório da Transparência Internacional, Portugal situa-se agora "bastante abaixo dos valores médios da Europa ocidental e da União Europeia, fixados em 66 pontos" num índice que continua a ser liderado pela Dinamarca e Nova Zelândia.
Desde 2012 que Portugal regista variações anuais mínimas e a pesquisa da Transparência Internacional demonstra "que os países menos equipados para lidar com crises, como a pandemia de covid-19, são precisamente aqueles que apresentam as pontuações mais baixas".
"Em ano de pandemia covid-19, os resultados do Índice de Perceção da Corrupção de 2020 são reveladores do impacto da corrupção nos sistemas de saúde e de proteção social, nos processos democráticos e no respeito pelos direitos humanos", analisa a associação Transparência e Integridade (TI-PT), filial portuguesa da organização internacional.
Para a associação cívica, "os países com bom desempenho no índice são aqueles que mais investem em saúde, e também aqueles onde há menor propensão para se violarem as normas e instituições democráticas ou o estado de direito".
Para a presidente da TI-PT, Susana Coroado, apesar do país ter subido no 'ranking', "ao longo dos últimos 10 anos pouco ou nada tem sido feito pelo combate à corrupção em Portugal, e os resultados são expressão dessa deriva".
No entender da presidente da Transparência Internacional, Delia Ferreira Rubio, "a covid-19 não é apenas uma crise económica e sanitária. É uma crise de corrupção", que colocou os governos à prova.
"E é uma crise que não estamos a conseguir gerir", sublinha.
A pandemia, observa, "colocou governos à prova como nunca e os países com níveis mais elevados de corrupção têm sido menos capazes de enfrentar este desafio. Mas mesmo aqueles que estão no topo do Índice devem abordar urgentemente o seu papel na perpetuação da corrupção a nível interno e externo".
O Índice de Perceção da Corrupção da ONG Transparência Internacional é uma ferramenta que mede a corrupção no mundo, analisando os níveis de corrupção no setor público de 180 países, pontuando-os de 0 (muito corrupto) a 100 (muito transparente).
A Dinamarca e Nova Zelândia continuam no topo da tabela de 2020, com 88 pontos, seguidas da Finlândia e Singapura, com 85. Nas posições mais baixas estão este ano a Síria, com 14 pontos, e a Somália e o Sudão do Sul, ambos com 12 pontos.
Lusa
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