sexta-feira, 5 de março de 2021

Castelo de Paiva | Recordando o colapso da Ponte Hintze Ribeiro

 AFVTER ASSINALOU EM CASTELO DE PAIVA 20º ANIVERSÁRIO DA TRAGÉDIA

· Gonçalo Rocha quer acessibilidades a avançar rapidamente


     Completou-se hoje duas décadas relativos à derrocada da Ponte Hintze Ribeiro, em Entre-os Rios, um acontecimento trágico que tirou a vida a 59 pessoas, maioritariamente gente de Castelo de Paiva, que de autocarro, regressava de uma excursão a Trás-dos-Montes, às Amendoeiras em Flor. Hoje foi tempo de celebrações religiosas e as habituais cerimónias de homenagem junto ao monumento Anjo de Portugal.

 

     Em dia de forte temporal, ao princípio de noite de 4 de Março de 2001, o país soube, perturbado, que o tabuleiro da ponte centenária Hintze Ribeiro tinha ruído, arrastando para as águas barrentas e tumultuosas do Rio Douro, em modo de cheiaum autocarro da empresa Asa Douro, onde seguiam 53 passageiros, e também três automóveis, com seis pessoas, não havendo sobreviventes da tragédia.


     Neste dia, em que mais uma vez se recorda um dos maiores desastres rodoviários de Portugal, num tempo que não apaga a memória, nem a dor que se viveu em Castelo de Paiva, a Associação de Familiares das Vitimas da Tragédia de Entre-os-Rios, em parceria com a edilidade local, promoveu durante o dia de hoje as cerimonias do 20º Aniversário da Tragédia de Entre-os-Rios.

     O programa que assinala esta data, contou com a presença do presidente da autarquia, Gonçalo Rocha, autarcas locais e responsáveis da AFVTER, e destacou uma missa na Igreja Paroquial da Raiva, pelas 10h00 ( transmissão on-line ) com a bênção de 59 flores, seguido de colocação de coroa de flores no cemitério local.

     Às 11 horas, em jeito de homenagem colectiva, as flores serão colocados junto ao Monumento Anjo de Portugal, para que durante o dia serão lançadas ao Rio Douro pelos familiares das vítimas.


     Entretanto, ao final do dia de hoje, pela 19 horas, junto da antiga Ponte Hintze Ribeiro e ao Monumento ‘Anjo de Portugal’, escultura dourada de grande envergadura, localizada por baixo do memorial que perpetua o nome das vítimas deste fatídico acontecimento em Castelo de Paiva, haverá uma nova cerimónia de homenagem, com o lançamento de 59 flores ao Rio Douro, que será realizada desde o tabuleiro da Ponte Hintze Ribeiro.

     Recorde-se que o Presidente da República esteve de visita a Castelo de Paiva em 2017, onde veio participar nas cerimónias do 16º aniversário da queda da Ponte Hintze Ribeiro.

     Em nome de todos os portugueses, Marcelo Rebelo de Sousa veio prestar uma sentida homenagem aos que faleceram nesta tragédia de Março de 2001, deixando palavras de respeito e gratidão às famílias, que souberam ficar e honrar os que partiram, vítimas deste terrível acontecimento rodoviário.


                Vinte anos após a tragédia de Entre-os-Rios, que colocou no mapa, pelas piores razões, um concelho encravado nos limites dos distritos do Porto, Aveiro e Viseu, ainda sobram expressões de incredulidade pela grave tragédia que sucedeu, e o actual presidente da autarquia de Castelo de Paiva, Gonçalo Rocha, que hoje se desdobrou a falar nas consequências da tragédia, do esquecimento a que concelho estava votado, e da evolução que se registou no concelho neste período de tempo, em vários domínios da actividade municipal, ainda refere com evidenciada tristeza que, “ apesar de se reclamar por acessibilidades condignasninguém, no pior dos seus pesadelos, poderia pensar que, um dia qualquer pudesse acontecer uma desgraça desta dimensão nesta terra do interior “.

     O edil paivense neste dia de voltar a recordar e a homenagear os mortos do colapso da ponte Hintze Ribeiro, destaca ao mesmo tempo, a necessidade urgente do investimento nas acessibilidades há muito prometidas e desejadas, pelo que se congratula que agora, finalmente esteja garantido o financiamento para assegurar a conclusão da Variante à EN 222 desde a ZI de Lavagueiras ao nó da A32 em Canedo, bem como o IC 35 desde Entre-os-Rios até à A4 em Penafiel, no âmbito do programa europeu denominado Plano de Recuperação e Resiliência.

     Mas o presidente Gonçalo Rocha cobre com optimismo a impaciência de quem espera já há duas décadas pela promessa de acessos rápidos ao litoral, avançando mesmo com uma data, agora que há financiamento para as obras, para conclusão das ligações às auto-estradas, em 2026.

     É fácil neste contexto, em que existem dúvidas e desconfianças de quem esperou duas décadas pelas obras, questionar Gonçalo Rocha, mas o autarca de Castelo de Paiva não hesita em confessar, " eu próprio também sinto a impaciência do cidadão que quer ver as coisas da sua terra resolvidas e tratadas. Mas, para mim, a grande diferença, neste momento, é que temos o dinheiro, que era sempre a grande justificação, muitas vezes não assumida, para não se fazer o que era necessário, agora é impensável que as obras não avancem, deixando um pedido para que as burocracias sejam aligeiradas e se concretizem as empreitadas até à data prevista, para não se perder este importante financiamento comunitário.

 

Carlos Oliveira

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