- Plinio Corrêa de Oliveira
Aos pés desta imagem do Bom Jesus — ou seja, do Cristo Flagelado — poder-se-ia colocar o seguinte dístico: “As minhas cogitações não são as vossas cogitações, nem as vossas vias são as minhas vias” (Isaías 55, 8). É o que Jesus bem poderia dizer aos que O flagelavam, mas também a todos que não têm amor a Deus a ponto de desejar sofrer por Ele.
Nota-se na fisionomia de Jesus uma persistência, uma firmeza de propósito dentro da dor, e uma deliberação como a de quem diz: Haja o que houver, irei até o fim do meu caminho; ainda que sozinho, ainda que abandonado, ainda que me matem, irei até o fim do meu caminho, porque este é o rumo que escolhi.
Quando eu passo diante desta imagem, rezo a jaculatória: “Ó Bom Jesus, vítima pelos nossos pecados, tende piedade de nós!”. Ele sofreu a fim de obter para nós a contrição, o arrependimento de nossos pecados. Qualquer um que recorra a Ele é acolhido com bondade, misericórdia, naturalidade. Até Judas Iscariotes, arrependendo-se e pedindo perdão, seria acolhido misericordiosamente com esse olhar do Bom Jesus.
Consideram-se as dores de Nosso Senhor e as lágrimas de Nossa Senhora como um tesouro da Semana Santa. Mas essa consideração, essa atmosfera de Semana Santa, deve manter-se sempre, e não apenas por uma semana. Devemos considerar sempre os padecimentos não só físicos, mas também os padecimentos de alma de Jesus e de Sua Mãe Santíssima.
Esta imagem atroz e sublime, com esse olhar ímpar, apresenta bem os padecimentos do corpo, entretanto mais ainda os da alma. Poderia ser chamado “Santo Cristo do Grande Poder”, ou “Cristo Rei”, ou ainda “Rex Regum et Dominus Dominantium” — Jesus Cristo, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores!
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ABIM
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 22 de dezembro de 1983. Esta transcrição não passou pela revisão do autor. [Fotos PRC].
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