O transplante de medula óssea permanece como um dos pilares fundamentais do tratamento de pessoas com certos tipos de leucemia e outras doenças graves do sangue e sistema imunitário.
Hoje em dia, nem sempre estas células transplantadas são colhidas directamente da medula, mas sim de sangue periférico, sendo chamadas células progenitoras hematopoiéticas, através de um processo de colheita muito mais cómodo para o dador.
A colheita de medula óssea tradicional é feita no bloco operatório, sob anestesia geral, retirando células do interior dos ossos pélvicos. A colheita de células progenitoras hematopoiéticas de sangue periférico é feita por um processo chamado aférese, através de uma veia do braço, não havendo necessidade de qualquer anestesia e não sendo muito diferente de uma dádiva de sangue, em termos de incómodo para o dador. Esta técnica é, actualmente, a mais utilizada. Neste caso, é necessário que o dador tome previamente um medicamento (factor de crescimento) que faz aumentar a produção e circulação destas células progenitoras.
Todos os dadores são avaliados antes da colheita, para garantir o seu estado de saúde e minimizar os riscos associados ao procedimento.
O transplante de medula pode ser autólogo (auto-transplante), quando as células são colhidas do próprio doente, ou alogénico, quando as células são colhidas de um dador saudável, que pode ser familiar ou não relacionado, existindo bancos nacionais e internacionais de dadores. Em Portugal, esta actividade é organizada pelo Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão – CEDACE.
Quem se pode inscrever como potencial dador de medula óssea? Quem for saudável, tiver entre 18 e 45 anos, mais de 50 Kg e 150 cm, e nunca ter recebido transfusões após 1980.
A inscrição pode ser feita em qualquer brigada móvel do IPST, nos Centros de Sangue e da Transplantação de Lisboa, Porto ou Coimbra, e na maioria dos hospitais que têm locais fixos de dádiva de sangue.
Após esta inscrição é colhida uma amostra de sangue que é analisada, passando posteriormente o dador a fazer parte de uma base nacional. Eventualmente, caso seja compatível com um doente que necessite de um transplante de medula, o dador será contactado pelo CEDACE a fim de realizar uma avaliação adicional.
O dador pode desistir do processo, mesmo após saber que existe um doente compatível? Sim, pode. Como voluntário, o dador não tem qualquer obrigação legal, e pode desistir do processo por várias razões, sendo sempre a sua vontade respeitada. Contudo, uma desistência tardia neste processo pode ter consequências graves para o doente. Todos os profissionais envolvidos neste processo são extremamente competentes e podem esclarecer todas as dúvidas do dador, ajudando na sua decisão que, em última análise, poderá salvar uma vida.
O Serviço de Imunohemoterapia do Hospital Infante D. Pedro incentiva todos os dadores de sangue que tenham condições para isso, a realizarem a sua inscrição como potencial dador de medula. Ajude-nos a ajudar os outros – salve uma vida!
Dr. Alexandre Sarmento,
Médico Interno de Imunohemoterapia do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro
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