Ana Gomes defende mudanças na justiça, mas que não podem ser lideradas pelos operadores judiciais.
A eurodeputada e ex-candidata à Presidência da República Ana Gomes considera que o PS tem de assumir que foi instrumentalizado por José Sócrates. No seu comentário semanal na SIC Notícias, a antiga dirigente socialista diz que a “cerca sanitária” que o partido montou à volta do antigo governante foi útil, mas não chega.
“Essa cerca sanitária, por muito eficaz nalguns aspetos que tenha sido, não basta, porque a questão é que o PS não pode eximir-se de assumir que foi instrumentalizado por um corrupto e não pode eximir-se de olhar para os meios que tem de nunca mais voltar a deixar que isso aconteça”, defendeu no domingo à noite.
“Essa cerca sanitária não basta e, para mim, esse refrão de ‘à justiça o que é da justiça’ não exime a própria política de fazer um julgamento político do que é que se passou”, acrescentou.
Quanto ao futuro da justiça e às lições a tirar do processo Marquês, Ana Gomes defendeu mudanças, mas considerou que não podem ser lideradas pelos operadores judiciais. E coloca também de parte pactos para a justiça que diz não servirem para nada.
No entender da eurodeputada socialista, Nuno Garoupa, que ensina Direito nos Estados Unidos, é uma das pessoas indicadas para coordenar uma reforma da justiça.
“Este era o momento, de facto, de os operadores políticos, com coragem, entregarem a alguém – por exemplo, o professor Nuno Garoupa – [a função de constituir] uma equipa com gente de todos os quadrantes, incluindo operadores da justiça para ver o que é preciso para modernizar”, afirmou.
Eunice Lourenço / RR
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