segunda-feira, 5 de julho de 2021

Águeda | Casa dos Rios e Laboratório de Rios+ inaugurados no Parque da Boiça

 Projeto afirma Águeda como um Município que aposta numa estratégia de reabilitação de rios e ribeiras recorrendo a técnicas de base natural.

“Esta é uma obra emblemática para esta freguesia e para o concelho”, disse Jorge Almeida, Presidente da Câmara Municipal de Águeda, sobre a Casa dos Rios e Laboratório de Rios+, que foram inaugurados no sábado, no Parque da Boiça, em Valongo do Vouga.

A zona da Ribeira da Aguieira, agora reabilitada, é um espaço nobre que funciona como Laboratório vivo das vantagens ecológicas e ambientalmente sustentáveis da utilização de técnicas e soluções de base natural para reabilitação de rios e ribeiras. E que serve de barómetro e exemplo a replicar em outras áreas do concelho, numa estratégia que está a ser implementada pelo Município de Águeda.

A par da reabilitação da zona, foi colocada no centro do parque a antiga casa do Águeda Concept, que esteve durante anos abandonada junto ao parque de estacionamento do Mercado Municipal e para a qual “ninguém tinha uma estratégia”. Agora foi renovada e tem uma nova funcionalidade: é a Casa dos Rios. Servirá para apoiar todo o trabalho em torno desta estratégia ambiental que está a ser preconizada pelo Município de Águeda, que pretende ainda difundir de uma forma pedagógica junto de vários públicos, nomeadamente escolar, a importância de cuidar do ambiente e em concreto dos rios e ribeiras.

Em momento de celebração pela obra realizada em Valongo do Vouga, Jorge Almeida agradeceu, em primeiro lugar, a tenacidade de Filipe Falcão, presidente da Junta de Freguesia, “uma pessoa nuclear em todo este processo”, que pegou numa proposta do Orçamento Participativo de Águeda, que abrangia apenas uma parte da intervenção realizada na Boiça, “e foi mais longe. Confrontado com outros problemas, teimou, mesmo sendo aconselhado tantas vezes a desistir, ultrapassou todos os obstáculos, angariou apoios e pessoas e hoje a obra está à vista de todos e é um orgulho”, disse.

Agradeceu ainda a Pedro Teiga, especialista de reabilitação de rios, que desenvolveu o projeto de recuperação da Aguieira, utilizando, como referido, técnicas de base natural e que também está a apoiar na divulgação destas soluções junto das escolas do concelho que aqui se dirigem para aprender, num verdadeiro laboratório vivo e pedagógico.

Nesta cerimónia, Jorge Almeida elogiou o talento, criatividade e desprendimento, até do ponto de vista financeiro, de Cândido Batista, proprietário da Aguimóveis, que construiu a “casa” para ser inicialmente exibida na Tektónica. “Esta casa foi construída por ele, na altura e agora, tem aqui muito dele”, disse, grato pelo esforço e dedicação a este projeto, que resultou “numa obra deslumbrante”.

 

Reabilitar as linhas de água do concelho

Defendendo que “ninguém faz nada de importante sozinho”, o Edil declarou a sua convicção de que “vamos continuar acompanhados” para concretizar os projetos em curso, nomeadamente a recuperação e reabilitação da ribeira a jusante do Parque da Boiça, pelo Rio Marnel.

Trata-se de “um projeto que é financiado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que já está adjudicado e que vai ser o seguimento de tudo isto”, sustentou Jorge Almeida, acrescentando que a Câmara de Águeda tem outros projetos em mente para realizar nesta área. Esta intervenção feita no Parque da Boiça é, sustenta, “o ponto de partida de uma estratégia que estamos a implementar e não vamos regatear esforços para avançar e continuar”.

Para além da obra já executada, a Autarquia tem projetos em construção e “uma vontade de ir mais longe”, no âmbito de um Plano Estratégico de Reabilitação de Linhas de Água (PERLA) que está a ser delineado pela Câmara de Águeda, de que é exemplo a intervenção a fazer na Ribeira do Ameal. “É um sítio emblemático e também problemático que queremos requalificar e tornar numa zona verde no nosso concelho que nos orgulhe”, frisou.

No seu discurso, o Edil alertou para os problemas causados no Rio Cértima. “Estamos completamente disponíveis, interessados, motivados e queremos mesmo resolver aquele problema”, realçou Jorge Almeida, apelando à intervenção da APA nesta matéria.

“Esta reabilitação de rios passou a ser um sentimento e estratégia assumida pelo Município de Águeda. Temos sérios problemas e verificamos que durante décadas e décadas foi uma área a que ninguém ligou, foram feitas autênticas atrocidades e queremos inverter esse posicionamento”, defendeu, argumentando que o Parque da Boiça demonstra que “é perfeitamente possível”.

Filipe Falcão, presidente da Junta de Freguesia de Valongo do Vouga, relembrou que a cerimónia de sábado “é o culminar de uma história bonita”, de uma “obra intensa” da transformação de um parque, “que começou com um processo de cidadania ativa, que depois se deparou com um problema grave da Ribeira, atolado de matéria infestante, com desmoronamentos, sem qualquer ordenamento”. Lembrou a “audácia” de fazer esta obra, agradecendo o pronto “apoio da Câmara Municipal” e do “Dr. Pedro Teiga”, que resultou “numa transformação que a todos deve regozijar, porque temos uma ribeira com características exemplares a nível ambiental, porque temos um parque com espécies autóctones e temos um espaço que sensibiliza para os desafios do futuro”.

O autarca frisou ainda que esse desafio “é recuperar e tornar esse futuro mais sustentável”, lembrando que, desde a primeira hora, convidou as escolas do concelho a visitar o espaço, onde têm uma “sala de aulas” ao ar livre.

O vice-presidente da APA, Pimenta Machado, sublinhou que “temos de mudar de comportamentos” e Águeda tem sido exemplar nessa mudança. “É com particular satisfação que venho aqui e vejo a maneira como o Sr. Presidente faz. Águeda é um excelente exemplo do trabalho que tem de ser feito”, declarou.

O dirigente assumiu o compromisso de “continuar o trabalho que foi aqui realizado. É para continuar, já estabelecemos um protocolo de cooperação técnica e financeira para o troço a jusante e vamos recuperar”. Pimenta Machado apontou ainda que o próximo quadro comunitário de apoio “traz boas oportunidades para dar continuidade a todo este trabalho”, desafiando ainda a ARH para lançar um concurso junto da comunidade escolar.

Nuno Bravo, diretor da Administração da Região Hidrográfica (ARH) do Centro, enalteceu o trabalho feito em Valongo do Vouga. “Isto que estamos aqui a inaugurar é um troço exemplificativo de como se trabalha nos rios para resolver os seus problemas e anomalias”.

De referir ainda que, neste mesmo dia, a Junta de Freguesia de Valongo do Vouga, içou a bandeira de Eco-freguesia, a primeira do concelho de Águeda, e que reflete um conjunto de “etapas e políticas implementadas na freguesia”, concluiu Filipe Falcão.

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