No ano atípico de 2020, marcado pela pandemia de covid-19, caíram mais de 20% os órgãos colhidos para transplante.
Os transplantes subiram no primeiro semestre do ano, sobretudo os cardíacos e a pulmonares, com um total de 369 órgãos transplantados até final de Junho. São mais 54 do que no ano passado, segundo a Coordenação Nacional da Transplantação.
Os dados, revelados a propósito do Dia Nacional da Doação de Órgãos e da Transplantação, que esta terça-feira se assinala, indicam que nos primeiros seis meses deste ano houve um total de 163 dadores de órgãos (dadores falecidos e dadores vivos), mais 22 do que no período homólogo de 2020, sendo que 143 foram dadores falecidos (mais 21).
Estes números são superiores aos do ano atípico de 2020, marcado pela pandemia de covid-19, durante o qual caíram mais de 20% os órgãos colhidos para transplante. Nos primeiros seis meses deste ano foram feitos 27 transplantes cardíacos, mais 12 do que em igual período do ano passado, 201 renais (mais 33), 99 hepáticos (mais 10) e 24 pulmonares (mais cinco). Os transplantes pancreáticos baixaram relativamente ao período homólogo, com oito realizados no primeiro semestre deste ano (menos seis).
Os dados do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) indicam igualmente que no primeiro semestre foram colhidos 424 órgãos (mais 78) e que a taxa de utilização foi de 82% (349 transplantados).
Num comunicado esta terça-feira divulgado, a GNR informou que este ano já fez 135 transportes de órgãos, empenhando 271 militares, tendo percorrido cerca de 37.342 quilómetros. No ano passado, transportou 240 órgãos. “Poder salvar uma vida humana no cumprimento deste tipo de missão é dos sentimentos mais gratificantes que os militares da GNR podem sentir, elevando o mote de uma Guarda próxima, humana e de confiança”, sublinha a corporação.
O IPST, em conjunto com a Sociedade Portuguesa de Transplantação, organiza esta terça-feira uma sessão de homenagem a todos aqueles que directa ou indirectamente estão envolvidos na doação e na transplantação de órgãos. No encontro “online” serão discutidos os principais desafios que enfrentam os hospitais na identificação e tratamento dos dadores, na organização da colheita e no transplante de órgãos, envolvendo diversos profissionais e especialidades médicas e cirúrgicas.
Os dados do IPST relativos a 2020 espelham o impacto da pandemia, com uma quebra de quase 50% no número de dadores vivos. Isso nota-se sobretudo nos transplantes de fígado (-19,2%) e do rim (-26,7%).
A transplantação cardíaca, com uma evolução anual em queda desde 2013, manteve-se em 2020 próxima de 2019, com mais quatro transplantes. Segundo os IPST, havia 34 doentes em lista de espera para transplante cardíaco no final de 2020, ano em que morreram 11 doentes.
O transplante de pulmão sofreu um ligeiro impacto. Houve menos seis pulmões transplantados em 2020, ano em que havia 64 doentes em lista de espera e em que morreram nove doentes.
O número de pares dador-receptor inscritos no programa nacional de doação renal cruzada também diminuiu. Houve um cruzamento duplo a 18 de Fevereiro e um quadruplo em 18 de Agosto, tendo sido transplantados seis doentes.
NELSON GARRIDO
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