O Município de Cantanhede vai proceder à entrega do 6.º Prémio Literário Carlos de Oliveira no próximo domingo, 25 de julho, no decurso da cerimónia comemorativa do Feriado Municipal, a realizar junto do edifício dos Paços do Concelho. “ApagaDor”, da autoria de Jorge Sousa Lima, é a obra vencedora da sexta edição do concurso promovido pela Câmara Municipal de Cantanhede para estimular a criação literária e, simultaneamente, homenagear um dos grandes vultos da literatura portuguesa do século XX, assumindo particular destaque no ano em que se assinala e celebra o centenário do seu nascimento.
O valor do prémio literário dedicado ao autor de “Uma Abelha na Chuva” e “Finisterra. Paisagem e Povoamento” é, recorde-se, de 5.000 euros, verba totalmente suportada pelo Município de Cantanhede, que assegura também a edição da obra vencedora.
O júri do concurso literário reconheceu “ApagaDor” pela “qualidade da escrita e a consistência da efabulação da obra. O romance evidencia um fundo humanista bem patente no universo abordado, uma sugestiva rememoração, em primeira pessoa, de fases da vida passada de uma pessoa idosa e internada num lar de terceira idade, assombrada pela proximidade da morte.”
O autor, Jorge Sousa Lima, professor, filho de emigrantes, nasceu em Paris, em 1970, e tem obra literária editada, designadamente em escrita criativa. O escritor que atualmente reside em Paçô, Arcos de Valdevez estreou-se como romancista em 2013 e foi recentemente galardoado, com o prémio “Minho Storytelling – Novos olhares sobre o Minho”, na categoria de conto.
O júri entendeu ainda atribuir uma menção honrosa à obra “Micélio – livro de contos”, de Leonel Filipe Araújo Barbosa, por revelar um mundo pessoal, sombrio e habitado pelo enigma do mal, com uma real capacidade de escrita. Residente em Lisboa, o autor apresenta neste livro de contos, além dos aspetos antes referidos, um efetivo talento para criar ambientes e personagens.
Nos termos do regulamento do Prémio Literário Carlos de Oliveira, integraram o júri Pedro Cardoso, vice-presidente da Câmara Municipal, Osvaldo Silvestre, professor universitário, em representação de Paula de Oliveira, sobrinha do escritor, Fernando Batista, em representação da Associação Portuguesa de Escritores, António Apolinário Lourenço, académico dedicado ao estudo de Carlos de Oliveira, e António Pedro Pita, ambos convidados pelo Município de Cantanhede.
Das anteriores edições, foram vencedores “Quase Tudo Nada”, de Arsénio Mota, “O Novíssimo Testamento”, de Mário Lúcio Sousa, “Crime e Revolução”, de Carlos Roberto da Rosa Rangel, “A Estrambótica Aventura do Senhor Martius Von Gloeden. O Caçador de Orquídeas”, de Carlos Roberto Loiola, e “A Odisseia do Espírito Santo”, de António Breda de Carvalho.
Carlos de Oliveira
Carlos de Oliveira nasceu em Belém do Pará, no Brasil, a 10 de agosto de 1921. Regressado a Portugal, juntamente com os pais, aos dois anos de idade, Carlos de Oliveira passou grande parte da sua infância no Concelho de Cantanhede, inicialmente na Camarneira e depois em Febres, onde seu pai exercia medicina. A partir de 1933, passou a viver em Coimbra, onde permaneceu durante quinze anos, a fim de concluir os estudos liceais e universitários. Em 1941, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde teve participação muito ativa nos movimentos intelectuais e políticos com outros jovens, entre os quais Joaquim Namorado, João Cochofel e Fernando Namora.
Depois de ter concluído a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas, instalou-se definitivamente em Lisboa, sem, contudo, deixar de visitar regularmente Coimbra e a Região da Gândara.
Os terrenos pantanosos e arenosos da Região da Gândara onde viveu a sua infância são o cenário preferencial da sua obra narrativa e referência constante também na sua poesia.
É autor de diversas obras em diferentes géneros literários. Uma Abelha na Chuva (1953), Casa na Duna (1943), Finisterra. Paisagem e Povoamento (1978), Pequenos Burgueses (1948) e Alcateia (1944) são os seus romances mais conhecidos, enquanto na poesia são referência Mãe Pobre (1945), Descida aos Infernos (1949), Terra de Harmonia (1950), Cantata (1960), Sobre o Lado Esquerdo (1968), Micropaisagem (1968) e Entre Duas Memórias (1971). Publicou ainda contos e crónicas, com destaque para A Pequena Esperança (1946) e O Aprendiz de Feiticeiro (1971). Faleceu em Lisboa a 1 de julho de 1981.
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