quarta-feira, 21 de julho de 2021

Ativistas apresentam queixa-crime contra PSP por “revistas abusivas”

Sete coletivos feministas, o movimento ambientalista Climáximo e 26 pessoas anunciaram hoje, em comunicado, a apresentação de uma queixa-crime no Ministério Público, por “revistas abusivas” da PSP a ativistas do movimento, em maio passado.

A 23 de maio, no âmbito de um protesto do coletivo Climáximo contra a poluição atmosférica causada pelos aviões, a PSP deteve 26 pessoas, entre os 17 e os 28 anos, por ações que obrigaram ao corte do trânsito na Rotunda do Relógio, em Lisboa.

A 2 de junho o coletivo Climáximo explicou que o grupo de 26 pessoas teve de esperar “largas horas na esquadra”, sem receber explicações, e foi alvo de “tratamento diferenciado” pela polícia “com o processo de revista injustificado dos corpos do grupo” tendo em conta a infração de que tinham sido acusados.

“Enquanto o grupo masculino experienciou uma mera revista superficial, que se expressou no tateamento por cima da sua roupa, as mulheres foram forçadas à nudez (nalguns casos, sem roupa interior), tendo algumas que se agachar de seguida para provar que não constituíam uma ameaça. Algumas mulheres foram, inclusive, intimidadas verbalmente, quando já se encontravam numa situação de extrema vulnerabilidade, o que se afigura inaceitável”, denunciou então o Climáximo.

Hoje, em comunicado, os ativistas do grupo dizem que foi decidido apresentar a queixa-crime pelos comportamentos da PSP na esquadra dos Olivais e perante a reação do Comando Metropolitano de Lisboa, que considerou as acusações dos jovens “absurdas”, e perante a resposta do comandante da esquadra dos Olivais a um requerimento sobre o mesmo assunto, negando a ocorrência de qualquer tipo de incumprimento por parte da polícia.

Subscrevem a queixa-crime, além do Climáximo e das 26 pessoas que então foram detidas, sete coletivos feministas: A Coletiva, Feministas Em Movimento, Feminismos sobre Rodas, Marcha Mundial das Mulheres, Mulheres p'lo Direito à Habitação, Por todas nós e UMAR.

Os coletivos e ativistas envolvidos “decidiram proceder com uma queixa-crime ao Ministério Público para que seja reposta a verdade, se apurem responsabilidades e sejam avaliadas consequências penais”, diz-se no comunicado hoje divulgado.

O choque entre a ação não violenta das ativistas e a violência a que a polícia submeteu os seus corpos, torna evidente o conflito entre “aqueles que lutam por um futuro digno num planeta habitável e aqueles que defendem o sistema que destrói ativamente esse futuro”, diz-se também no comunicado do movimento ambientalista, que promete voltar à rua no outono para bloquear uma infraestrutura das maiores emissoras de gases com efeito de estufa em Portugal.

Lusa

Imagem: Observador

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