sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Estrela do Mar, invocação à Virgem Maria

 

Pintura do séc. XVII. No estilo de Philippe de Champaigne, atualmente em Saint-Étienne-du-Mont (Paris)

Paulo Roberto Campos

Neste dia 20 celebramos o grande abade e doutor da Igreja, São Bernardo de Claraval (1090- 1153). O monge mais ilustre de seu século fundou o mosteiro de Cister [foto abaixo], foi conselheiro de Papas e príncipes, pregou a Segunda Cruzada, combateu os hereges. Devotíssimo de Nossa Senhora, o Doutor Melífluo é considerado o último dos Padres da Igreja latina.

Em memória desta efeméride, transcrevemos abaixo uma belíssima oração composta por ele,* muito apropriada para estes nossos dias, nos quais, metaforicamente, navegamos por mares borrascosos e necessitamos confiar mais do que nunca na intervenção da Santa Mãe de Deus, a Estrela que nos orienta nas dificuldades e provações.

Abadia de Claraval, na região de Champanha-Ardenas (França). Fundada por Bernardo, foi sua residência por mais de 40 anos. Ali foi abade e escreveu a maior parte de suas obras.

Invoque Maria, a Estrela do Mar

“Eo nome da Virgem era Maria” (Lc 1, 27). Falemos um pouco deste nome que significa, segundo se diz, Estrela do mar, e que convém maravilhosamente à Virgem Mãe. Ela é verdadeiramente esta esplêndida estrela que devia se levantar sobre a imensidade do mar, toda brilhante por seus méritos, radiante por seus exemplos.

Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não queres soçobrar, não tires os olhos da luz desta estrela.

Se o vento das tentações se levanta, se o escolho das tribulações se interpõe em teu caminho, olha a estrela, invoca Maria.

Se és balouçado pelas vagas do orgulho, da ambição, da maledicência, da inveja, olha a estrela, invoca Maria.

Se a cólera, a avareza, os desejos impuros sacodem a frágil embarcação de tua alma, levanta os olhos para Maria.

Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despencar no abismo do desespero, pensa em Maria.

Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria.

Que seu nome nunca se afaste de teus lábios, jamais abandone teu coração; e para alcançar o socorro da intercessão d´Ela, não negligencies os exemplos de sua vida.

Seguindo-A, não te transviarás; rezando a Ela, não desesperarás; pensando nela, evitarás todo erro.

Se Ela te sustenta, não cairás; se Ela te protege, nada terás a temer; se Ela te conduz, não te cansarás; se Ela te é favorável, alcançarás o fim.

E assim verificarás, por tua própria experiência, com quanta razão foi dito: “E o nome da Virgem, era Maria!”

ABIM

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* São Bernardo de Claraval. Louvores da Virgem Maria, Super missus, 2ª homília, 17 – apud Pierre Aubron SJ, L’oeuvre mariale de Saint Bernard, Editions du Cerf, Paris, Les Cahiers de la Vierge, nº 13-14, março de 1936, pp. 68-69.

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