Jovens levam Carmelo a dobrar o número de freiras em apenas dois anos
- Plinio Maria Solimeo
Depois do controvertido Concílio Vaticano II houve uma débâcle geral na prática religiosa em todo o mundo, afetando drasticamente as vocações sacerdotais e as Ordens religiosas, cujos membros foram envelhecendo sem que houvesse outros para os substituírem.
Por um fenômeno curioso, essa triste realidade não afeta os que seguem a liturgia tradicional anterior ao Concílio. O que faz com que as associações de sacerdotes e religiosos que seguem essa liturgia têm tido um crescente número de vocações. De maneira que, em vez de fecharem igrejas, conventos e seminários — como infelizmente vem acontecendo em toda parte na igreja progressita — veem-se obrigados a ampliá-los para atender às novas vocações.
É o que está sucedendo com o Carmelo de Alençon [fotos], cidade berço de Santa Teresinha do Menino Jesus, que em apenas dois anos viu dobrar o número de suas monjas. De dez que eram em 2019, passarão a dezessete em janeiro de 2022, com a chegada de cinco postulantes, quatro francesas e uma alemã, as quais se somarão às duas que ingressaram há pouco no convento.
Isso intrigou a conhecida revista progressista, Famille Chrétienne, que exclama: “No século XXI, essa escolha de vida radical espanta tanto quanto causa maravilha!”. Qual é a explicação para isto?
Entrevistada pela revista, a Madre Priora do Carmelo de Alençon atribui o fenômeno a dois fatores: à atualidade do carisma da Ordem Carmelitana e à decisão tomada pela comunidade em 2007, de adotar a liturgia tradicional: “O mundo e a Igreja estão sofrendo muito”, diz ela. “É o momento de aferrar-se à Cruz de Jesus, acercando-nos de Maria, segundo a intuição de nossa fundadora Teresa de Ávila”. Acrescenta que “as jovens que entram aqui querem viver com a Virgem ao pé da Cruz. Diante do perigo de se perder [nesse mundo corrompido], escolhem uma vida de oração e sacrifício, porque na liturgia de 1962 se expressa muito bem o caráter sacrifical da Missa”.
É essa liturgia tradicional que está atraindo as jovens a esse Carmelo, o único na Franca a oferecer a liturgia e o ofício divino segundo o rito anterior ao Concílio Vaticano II. A Madre explica que “as jovens escrevem na Internet ‘Carmelo’ e ‘forma extraordinária’, e encontram o nosso convento”.
Entretanto, uma nuvem negra paira no horizonte: o inexplicável e muito questionável motu proprio Traditionis Custodes, do Papa Francisco, restringido drástica e unilateralmente o uso do rito litúrgico segundo a forma extraordinária.
A religiosa, no entanto, está esperançosa de que o novo bispo de Séez, responsável pelo Carmelo, “que virá nos visitar o antes possível, nos deixe continuar [com a liturgia tradicional]. Estamos apegadas à liturgia de 1962, mas estamos muito bem integradas na diocese de Séez. São os sacerdotes [tradicionalistas] da Fraternidade de São Pedro que vêm celebrar a Missa no convento, à qual sempre temos assistido. Também temos as Missas celebradas por nossos sucessivos bispos, e as primeiras celebradas pelos sacerdotes da Comunidade de São Martinho [também tradicionalistas] da diocese”.
Devido ao crescente número de candidatas, a comunidade teve de se mudar para um novo convento fora da cidade e com maior capacidade, visando também escapar do bulício do centro urbano.
Esse Carmelo foi estabelecido na localidade de Alençon em 1888. Explica a madre superiora que “quando nossas fundadoras chegaram de Le Mans a final do século XIX, o convento estava localizado nos tranquilos subúrbios da cidade. Mas nos últimos anos nosso distrito se tornou demasiado ruidoso e animado, dificultando o recolhimento da vida monástica”. O que provocou a mudança.
Concluímos pedindo a Santa Teresinha que não permita que se restrinja, mas, pelo contrário, que se incentive cada vez mais a liturgia que tem atraído tantas almas verdadeiramente desejosas de seguir seriamente a religião, isso suscitaria um número cada vez maior de vocações sacerdotais e religiosas, atraindo também um número crescente de piedosos fiéis. Com isso as igrejas voltariam a se encher, contrariamente ao que está acontecendo hoje em dia.
Pois o fato é que a liturgia pós-Vaticano II não atrai mais os fiéis. Pelo contrário, os afasta, enfraquecendo a fé e esvaziando as igrejas, que muitas vezes acabam sendo vendidas para academias, supermercados, lojas, bares e até pista de skate.
Isso ocorre em toda a Europa e no Canadá. Segundo o Observatório do Patrimônio Religioso da França, somente no mês de fevereiro deste ano, havia 43 igrejas e capelas, além de outras propriedades católicas, à venda por falta de fiéis. Na Alemanha, onde nos últimos dez anos foram fechadas 515 igrejas pelo mesmo motivo.
ABIM
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