Onda de blecautes paralisa pequenas indústrias chinesas
Luis Dufaur
Pequenas empresas chinesas estão recorrendo a geradores de energia a diesel e temem que a insuficiência de carvão interrompa a geração de energia no inverno que se aproxima no hemisfério norte.
Pequim corre para disponibilizar mais carvão a três províncias: Liaoning, Heilongjiang e Jilin, que abrigam mais de 110 milhões de habitantes num clima muito oscilante com duros invernos.
Gao Lai, que administra uma lavanderia industrial em Shenyang, capital de Liaoning, ligou um gerador que consome diesel, mas diz: “Só podemos pagar por quatro dias, mas está informado que durará mais tempo, os custos são excessivos, não podemos sobreviver”, divulgou a Reuters.
A escassez de carvão destinado às termoelétricas que produzem cerca de dois terços da energia na China fez que as cotações na Bolsa de Commodities de Zhengzhou atinjam altas históricas e os dados oficiais apontam uma contração da atividade industrial.
Em apenas uma semana, mais de 100 empresas, desde fabricantes de componentes eletrônicos a garimpeiros notificaram a suspensão da produção por períodos. 1.400 empresas estrangeiras estariam planejando sua emigração.
A Associação Chinesa do Setor Carvoeiro avisou que “não é otimista” e pediu às empresas concentrarem os fornecimentos nos pequenos consumidores de alta energia, mais sensíveis à falência.
Também os acidentes nas minas, aliás frequentes no país, prejudicam o cálculo real da produção do carvão.
Esse arrocho energético não só está desacelerando a economia chinesa, mas afeta as cadeias de abastecimento globais.
Ele já interrompeu a produção em várias fabricas de grande porte, incluindo fornecedoras da Tesla e da Apple. Lojas do nordeste do país operam a luz de velas e o racionamento foi implementado nos horários de pico, noticiou BPMoney.
Como o país exporta uma larga gama de produtos em quantidades enormes a todo o planeta a redução da produção pode atrasar as exportações e afetar todo o comércio global, inclusive as montadoras de carros no Brasil.
Analistas revisam à baixa o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) chinês. Para o Morgan Stanley cortes prolongados podem reduzir um ponto percentual do PIB.
O Nomura, segundo Investing, cortou as projeções de avanço para 4,7% e 3% no terceiro e quarto trimestre.
O Ministério do Comércio pediu estocar produtos essenciais para casos de emergência, sem fornecer um motivo específico, informou entre outros “La Nación”.
A chamada aconteceu em meio a lockdowns atribuídos a surtos de coronavírus e chuvas pesadas que prejudicaram as safras e produziram carência de vegetais.
O ministério pediu às autoridades locais vigiar o abastecimento e os preços estáveis. Tendo experimentado as enganações do governo socialista as pessoas saíram comprando em pânico.
“Assim que a notícia foi divulgada, todos os idosos enlouqueceram, fazendo compras em pânico no supermercado”, escreveu um usuário do Weibo, que substitui Twitter fechado ditatorialmente.
O “Economic Daily”, jornal do Partido Comunista Chinês, quis tranquilizar dizendo que a medida visa garantir as casas num bloqueio de sua área.
Os preços dos vegetais dispararam e restrições de uma rigidez de campo de concentração se abateram sobre as cidades supostamente para lidar com o coronavírus.
A China quer o impossível: atingir zero infecções nas Olimpíadas de Inverno, que começam em fevereiro de 2022.
A Disneylândia de Xangai foi fechada por pelo menos dois dias depois que um turista testou positivo de Covid-19 depois de voltar para casa.
ABIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário