- Péricles Capanema
Tomada de posição necessária. Em 1º de maio de 2021 foi fundada a COOPAIBRA – Cooperativa de Agricultores e Produtores Indígenas do Brasil. Seu presidente é Felisberto de Souza Cupudunepá Filho, engenheiro sanitarista, indígena da etnia Umutina. O vice-presidente é Edson de Oliveira, professor, indígena da etnia Bakairi. O secretário-geral é Ubiratan Maia, advogado, indígena da etnia Wapichana. A nova entidade em 1º de maio já representava 20 etnias que habitam Pernambuco, Paraíba, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pará e Amazonas. Ocupam legalmente 16 milhões de hectares de terras indígenas (160 mil km2, área maior que a de dez Estados brasileiros, a mais do Distrito Federal). Hoje, já representam mais de 30 etnias. Na carta que enviaram ao Presidente da República está o núcleo do que pretendem e há séculos se proíbe aos indígenas brasileiros: querem ser “senhores de nosso próprio destino”.
“Senhores de nosso próprio destino”. Simples assim. Rejeitam o cabresto, recusam o papel de porquinhos-da-índia, cobaias de organizações indígenas desnaturadas, ongs brasileiras e estrangeiras, CIMI, setores da grande imprensa envenenados por utopismos. Fora o resto. É claro, serão e já são objeto de campanhas de exclusão, de intolerância, sofrerão lacração e cancelamentos. Sabem e não a temem que sofrerão a saraivada intolerante das poderosas patrulhas ideológicas. Por isso foi decisão especialmente corajosa. Começa a agir a nova entidade na defesa dos autênticos interesses indígenas, até agora sufocados nas gargantas da imensa maioria das etnias, injustamente sem voz, mas que, afirma a COOPAIBRA, espera ela “ser voz e parte da nossa imensa e rica nação”. Foi tomada de posição necessária; a COOPAIBRA quer a regulamentação da mineração nas terras indígenas (com a aprovação do PL 191/2020), para que ali surjam “oportunidades de trabalho, renda e cidadania”. Elas têm “mosaico de necessidades” e estão desatendidas. E para tal precisam “empreender, produzir e comercializar bens e serviços da forma que bem desejarem”. A presente situação, lembra ainda a carta ao presidente da República, mantém “práticas irregulares, depredação do meio ambiente, confrontos armados, evasão de divisas” acarretando “empobrecimento cada vez mais profundo das comunidades indígenas”. De outro modo, hoje, é de conhecimento geral, na prática, nas reservas indígenas, campeiam o garimpo clandestino, os contratos irregulares, o contrabando, a prostituição; enfim, o crime. A vida como ela é.
Tomada de posição imprescindível. O vozerio de organizações esquerdistas e do ambientalismo extremado nega aos índios o que a maioria deles almeja: participação e inserção cada vez maiores na sociedade brasileira. Querem crescer, não desejam ser ilhas atrasadas de comunismo primitivo, que perenizam o retrocesso. A COOPAIBRA deixa evidente, a presente ditadura de organizações concertadas com vozerio orquestrado impede a maioria dos indígenas de se manifestar. Manifesta com clareza meridiana, a negação de uns faz com que todos sejam prejudicados: “Isto é arbitrário, discriminatório, contraproducente, ilegal, injusto e, pior que tudo, iguala a todos numa mesmice só vista em países que adotaram o comunismo”.
Tomada de posição alvissareira. A manifestação desperta a esperança de que terminará o sufoco das etnias indígenas. Será o fim da exclusão e da intolerância em relação aos caminhos da prosperidade. Poderão crescer, integrar-se ao Brasil, serem constituídas por cidadãos no gozo da cidadania plena. “A integração das etnias indígenas ao sistema econômico fortalecerá não apenas a identidade indígena como um todo, mas também possibilitará uma maior autoestima enquanto cidadãos brasileiros”.
Tomadas de posição em defesa das etnias e do povo brasileiro. A carta ao presidente da República, com trechos acima reproduzidos, foi seguida por ofício do presidente da COOPAIBRA ao presidente da Câmara de Deputados, deputado Arthur Lira, que exprimia a mesma reivindicação de participação crescente, inclusão, autonomia e protagonismo: “O senhor já sabe, mas não custa repetir, fomos a única instituição diretamente voltada à questão indígena que se manifestou expressamente favorável aos PLs 490 e 191 e isso representa a vontade de nossos 30 povos cooperados e, portanto, o objetivo deste documento é tão somente apelar para sua sensibilidade e inteligência e pedir, respeitosamente, que sejam dispendidos todos os esforços possíveis para colocar em pauta, ainda neste exercício, a votação dos PLs 490 e 191, pois a nós o mais importante hoje é a segurança jurídica entre indígenas e não indígenas, autonomia, protagonismo e empreendedorismo, e inclusão”. Que continuem nessa direção, são os votos do Brasil que presta.
Agenda indígena autêntica. Está posta a verdadeira e imediata agenda das etnias, porta para seu crescimento e inserção na sociedade brasileira, a aprovação já dos PLs 490 e 191/2020. É rumo de crescimento, restauração e regeneração.
ABIM
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