quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Mundo | Crise económica volta a custar um primeiro-ministro: Cazaquistão sob Estado de Emergência

 

A crise agrava-se no Cazaquistão e acaba de fazer cair o governo. Na sequência de protestos populares contra a escalada dos preços da energia, o Presidente desta antiga república soviética aceitou a demissão do primeiro-ministro Askar Mamin.

Kassym-Jomart Tokayev incumbiu o até aqui vice primeiro-ministro Alikhan Smailov para se manter à frente do executivo interino e referiu, em comunicado, que os membros do Governo se manterão em funções até à formação de um novo conselho de ministros.

A decisão surgiu um dia depois do Presidente ter declarado Estado de Emergência no Cazaquistão até 19 de janeiro.

Primeiro, centrado em Almaty e com o objetivo de "garantir a segurança da população" da maior cidade e centro económico do país, e onde se fizeram sentir os protestos mais incisivos. Depois, alargado a todo o país.

Após o decreto para "restaurar a lei e a ordem", Tokayev surgiu na televisão para pedir calma aos cidadãos descontentes.

"Os apelos a ataques contra os gabinetes civis e militares são completamente ilegais. É um crime e irá ser punido. O poder não vai cair", afirmou o Chefe de Estado.

O que precisamos não é de um conflito, mas de confiança 
mútua e de diálogo.
Kassym-Jomart Tokayev 
Presidente do Cazaquistão

Na reunião sobre a situação socio-económica do país em que demitiu o primeiro-ministro, o Presidente do Cazaquistão lembrou que a contenção da inflação está ainda por cumprir. "Esta tarefa será de suma importância para a próxima composição do Governo do país e do novo chefe de gabinete", frisou Tokayev.

As forças de segurança do Cazaquistão revelaram, entretanto, ter detido mais de 200 pessoas "por violações de ordem pública" e disseram que 95 de agentes da polícia resultaram feridos das manifestações ocorridas em diversas cidades do país.

Os protestos em Almaty motivaram inclusive uma repressão policial com recurso a gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento.

A revolta popular terá começado no domingo, instigada por um aumento do preço do gás natural liquefeito (GNL). Terá começado em Janaozen, uma cidade no ocidente do Cazaquistão, mas rapidamente se espalhou pelo país e com consequências no governo.

O executivo ainda tentou acalmar os ânimos com uma redução no preço do litro de GNL para 50 tenge (cerca de 0,1 €) dos 120 tenge implementados para o início deste ano, mas em sucesso.

A televisão cazaque noticiou ainda a prisão do diretor e de um outro funcionário de uma fábrica de gás na região de Mangystau, onde se localiza Janaozen, por alegado "aumento do preço do gás sem razão". E entretanto o primeiro-ministro caiu.

Membro do partido Nur Otan, atualmente no poder, Askar Mamin chefiava o governo cazaque desde setembro de 2016 depois de ter liderado a companhia estatal de caminhos de ferro e ter sido promovido a primeiro-ministro interino após a demissão de Bakhytzhan Sagintayev pelo então presidente Nursultan Nazarbayev. Já na altura devido à crie económica.Protestos em Almaty na manhã desta quarta-feira

AP Photo/Vladimir Tretyakov

O Cazaquistão teve eleições legislativas em janeiro do ano passado, ganhas por larga maioria pelo Nur Otan (72% dos votos), com Mamin a manter-se no poder executivo com o apoio de Nazarbayev, mas agora Torkayev volta a precipitar eleições legislativas, as nonas desde a independência do Cazaquistão, um país rico em petróleo e descrito como autoritário.

Outras fontes • AFP/euronews

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