“Não consigo trabalhadores. Só brasileiros. Mas, estão cá três meses para obter o visto de trabalho e desaparecem…”
Este lamento da proprietária de um restaurante é comum. Não há mão-de-obra especializada. “Temos inclusivamente alguns dissabores, pois parece que está tudo legal, registamos na segurança social, e depois vem o SEF e multa-nos. Já nos aconteceu três vezes, são cinco mil euros cada multa!” Mesmo assim, “nao temos outra solução, temos que continuar a contratar trabalhadores brasileiros”.
Claro que a língua é muito importante. E, assim, há uma grande procura de imigrantes brasileiros na restauração.
Mas, a necessidade não acontece somente neste setor. É generalizada. os estrangeiros em Portugal, em larga maioria, ocupam os trabalhos mais precários e exigentes, especialmente em sectores como o alojamento e restauração, as atividades administrativas e o comércio.
Há já muitos especialistas a defenderem que importa implementar medidas de incentivo para imigrantes, não só para mitigar a escassez de mão-de-obra, como também para compensar o envelhecimento da população portuguesa e diversificar o conhecimento.
Apesar de um número ainda preocupante de desemprego, há muitas ofertas de emprego não preenchidas. Está realidade tem vindo a crescer de forma consistente desde o final de 2020, superando os 42.800 em 2021.
Os imigrantes podem ajudar à solução. São, também por isso, bem-vindos ao nosso país de brandos costumes e de um histórico de emigração. Mas, a qualificação dos trabalhadores ajustada às necessidades também ajudará a minorar o problema crescente da escassez de mão-de-obra especializada.
EDUARDO COSTA, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional
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