Ao largo da costa da Noruega existe o mais temível e famoso redemoinho do mundo. Este grande torvelinho de movimento incessante, jamais, que se saiba, devolveu uma vítima colhida no seu abraço circular de água espumante.
Não menos certos de serem destruídos devem estar os infelizes que forem apanhados no grande redemoinho da vida, que é o fim de todos aqueles que não compreendem o princípio do esforço organizado. Vivemos numa época na qual está em evidência, por toda a parte, a lei da sobrevivência do mais capaz. Os mais capazes são os que tem poder – e poder é esforço organizado.
Infeliz a pessoa que por ignorância ou egoísmo pensa poder atravessar o mar da vida no frágil barco da independência. Acabará fatalmente por descobrir que na vida há redemoinhos mais perigosos do que simples torvelinho de águas hostis. Todas as leis naturais e todos os planos da natureza são baseados no esforço organizado, harmonioso, e todos os que atingiram postos elevados, na vida, chegaram a essa conclusão.
Onde quer que haja pessoas empenhadas em combates e hostilidades, seja qual for a sua natureza ou a sua causa, pode-se observar que está próximo um desses rebojos que esperam os combatentes.
O triunfo, na vida, só pode ser conseguido por meio do esforço harmonioso, pacifico e organizado. O triunfo também não pode ser conseguido sem auxilio, ou independentemente. Mesmo que viva como um eremita, na floresta, longe da civilização, o homem depende, apesar de tudo, de forças alheias à sua pessoa. Quanto mais se aproxima da civilização, tanto mais se torna dependente do esforço conjunto.
Quer uma pessoa ganhe a vida com o seu trabalho diário, ou viva da fortuna que acumulou, sempre encontrará menos oposição se cooperar amistosamente com os outros. Além disso, o homem que baseia a sua filosofia na cooperação, em vez da competição, não só conseguirá o necessário e o supérfluo com menor esforço, como também gozará de uma recompensa extra, na forma de uma felicidade que os outros nunca sentirão.
O que importa não é a instrução que recebemos e sim a maneira de fazer uso do que aprendemos, o nosso modo de agir.
Cada cidade, cada aldeia conta na sua população indivíduos caracterizados por “nunca conseguirem fazer nada” e se analisarmos essas pobres criaturas veremos que uma das suas características principais é a da protelação.
A falta de acção fez com que um deles caísse no fosso em que permanecerão, a menos que, acidentalmente, sejam forçados à luta pela vida, que exige uma acção incomum. Não se deixe chegar a tal situação apesar dos redemoinhos do mundo. “Cumpro a minha obrigação e vou vivendo” é o que ouvimos com alguma frequência.
J. Carlos
Director do Litoral Centro
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