sábado, 2 de julho de 2022

Quando a barba do vizinho arde…

  • Padre David Francisquini*

Em contraste com o imenso apoio popular ao candidato anticomunista vencedor aqui, cuja reeleição se quer a todo custo impedir, aumenta a apreensão dos brasileiros com o rumo político dos países vizinhos, onde a manipulação midiática e a abstenção conduziram ao poder elementos da esquerda. Desenha-se um embate histórico no continente ibero-americano, cujo desfecho definirá o rumo de todo o Ocidente.

Senão vejamos: ao norte, Cuba, Nicarágua e Venezuela padecem há décadas sob a férula do socialismo mais radical, mantido ‘manu militari’; ao sul, por incompetência da direita, a Argentina recaiu nas garras da esquerda peronista, embora balance agora na incompetência ainda maior dos comunistas; a oeste, Bolívia, Peru e Chile são campos de batalha onde as táticas do Foro de São Paulo vêm prevalecendo; e agora foi a vez da Colômbia eleger presidente um ex-guerrilheiro cuja ‘conversão’ a ninguém convence [foto abaixo].

O ex-guerrilheiro Gustavo Petro eleito presidente da Colômbia, devido à imensa abstenção de eleitores

O que levou os nossos irmãos sul-americanos a estas infelizes opções? Propensão a um masoquismo político/econômico? Não está mais do que demonstrado o fracasso do socialismo? Não chega ele sempre pela força ou por artimanhas, ou ainda por cumplicidades, em não menos suspeitas eleições?

Com efeito, há muito a demagogia marxista deixou de convencer a classe trabalhadora no tocante à luta de classes e outros pruridos igualitários; temos um bando de oportunistas com interesses escusos e plataformas embaralhadas, outros já ricos e grã-finos, e mais, artistas, apadrinhados por proteção escandalosa de governos, e a benevolência de uma imprensa totalmente infiltrada.

Os artífices desse sistema político/econômico antinatural ‘aparentaram’ abandonar as armas por mera estratégia política, para colher melhores dividendos junto aos incautos. Mas, quando julgam oportuno, recorrem a elas sem cerimônia, como na recente invasão da Rússia de Putin à Ucrânia.

Também têm perdido nichos relevantes, destacando-se o ‘ensurdecedor’ silêncio da chamada esquerda católica, que de católica só tem o nome, a qual se mantém calada porque conquistou o grau máximo de rejeição popular. Uma bênção dos Céus, que devemos a causas remotas, localizadas nas profundezas da psicologia católica do povo.

Este substrato discreto, mas fortíssimo, foi revigorado no século XX pela luta ideológica incansável, travada ao longo de seis décadas pelo Dr. Plinio Corrêa de Oliveira e suas organizações. Tal luta é continuada hoje por um pugilo de pensadores e homens de ação que seguem suas pegadas na defesa dos valores tradicionais da civilização cristã, com ênfase na família e na propriedade.

Via de regra, a conquista do poder no subcontinente vem se dando pelo apodrecimento moral da sociedade, seja pelas drogas, pelo crime e pela imoralidade, seja pelo banimento do catecismo para a infância e pela infiltração esquerdista no campo da educação, do primário à universidade.

Cumpre dizer que o nosso operariado está a quilômetros desse processo tenebroso, constituindo-se um dos segmentos mais saudáveis de nossa sociedade, aliás, fenômeno que vem acontecendo em âmbito mundial.

O que esperar para os próximos meses em nosso País, de modo especial no amado Rio de Janeiro? As forças do crime organizado, sempre desagregadoras, estão sempre de mãos dadas com a esquerda política e vêm constituindo uma espécie de casta privilegiada em favor da qual a nossa justiça coibiu a ação policial nos morros da cidade.

Tal liberdade resultou na presença inconteste de delinquentes armados impondo suas leis e arregimentando adeptos. Consequência: o Estado do Rio parece ter sido escolhido para palco de previsíveis batalhas cruentas que venham a ser planejadas pelas forças revolucionárias. Eu indago: com que objetivo? E respondo: a conquista do poder, obviamente!

O combate do atual governo às drogas e ao crime vem deixando muita gente desconcertada, gente que já tinha se enquistado nas classes dirigentes do País. A resposta vem com radicalização. Soubemos, pela imprensa, do ‘diálogo’ cabuloso entre o PCC e o PT; o ex-presidente, depois de ‘descondenado’, se põe em campanha ‘sui generis’.

Lula da Silva declara que viabilizou junto ao governo do PSDB a soltura de uma dezena de criminosos envolvidos no sequestro do empresário Abílio Diniz; defende abertamente o aborto e cumprimenta radicais blasfemos que profanaram uma igreja em plena Missa. Será por questões político-partidárias da esquerda?

Temos muitas razões para nos preocuparmos e prevenir o que ocorrerá até as eleições deste ano. Um dos fatos mais graves com os nossos irmãos sul-americanos foi o de simplesmente não terem comparecido às urnas, favorecendo candidatos da esquerda com mais de 50% de abstenção.

Ora, os esquerdistas não se abstêm. Enquanto sacerdote e pastor de almas, não estou pedindo que optem por tal ou tal candidato. Meu clamor é para que compareçam ao pleito, evitem desgraças como as dos vizinhos. E dirijo-me especialmente aos mais velhos, que a lei desobriga de votar. O voto veterano em 2022 poderá ser decisivo no pleito brasileiro.

O Brasil vem se mantendo numa situação ímpar. Basta ver que os homens do dinheiro internacional passaram a investir aqui, prenunciando um período de intensa atividade econômica, na contramão do resto do mundo; o custo de vida aumentou, como em todos os países, mas graças a Deus temos a segurança alimentar assegurada, além de sermos um povo generoso, acolhedor, disposto a passar e enfrentar momentaneamente por dificuldades em benefício das gerações futuras.

Guerrilheiros do ELN celebraram a vitória do novo presidente colombiano, Gustavo Petro

Não permitamos que se dê um passo rumo ao precipício, sob pena de mais tarde termos de pedir o nosso Brasil de volta… Não permitamos que a nossa bandeira de verde se torne vermelha, como anseia a esquerda… Evitemo-lo a qualquer custo e sirvamos ao mesmo tempo de exemplo para que os nossos irmãos sul-americanos possam sair o quanto antes do abismo no qual nunca deveriam ter caído.

 Os melhores analistas isentos, dos poucos que ainda restaram, garantem que o lado para o qual pender este gigante que não é mais adormecido, irá o maior contingente de população católica do mundo, não sem propósito denominado outrora o Novo Mundo, Terra de Santa Cruz.

Que Nossa Senhora Aparecida, nossa Padroeira e Rainha, a Quem a Princesa Isabel recomendou o trono em sua eventual ausência, nos conduza ao fortalecimento de nossa fé e confiança, como já vem fazendo, nessa imensa e ingente tarefa.

ABIM

                        ____________

*Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria – Cardoso Moreira (RJ).

Nenhum comentário:

Postar um comentário