Cerca de um milhar de pessoas participaram nas diversas atividades realizadas pelo Município da Marinha Grande, no âmbito das Jornadas Europeias do Património (JEP), que decorreram de 23 a 25 de setembro. O programa incluiu entradas gratuitas nos museus, visita guiada ao património vidreiro, apresentação de um livro, workshop de teatro para crianças e visitas encenadas, que foram inspiradas pelo Ano Internacional do Vidro.
No dia 24 de setembro, as atividades começaram com a visita guiada ao património vidreiro, pelo investigador especialista Jorge Custódio, numa iniciativa organizada pela Câmara Municipal e APAI - Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial, com o apoio da Vidrala, que contou com a participação de cerca de 70 pessoas.
Na Praça Guilherme Stephens, a vereadora da cultura, Ana Alves Monteiro, e a presidente da APAI, Leonor Medeiros, deram as boas-vindas e enalteceram a importância de preservar o património histórico dos territórios. A visita iniciou-se com as explicações do arqueólogo Jorge Custódio, fazendo alusão à história da transformação do vidro.
Os participantes seguiram para o pátio da Fábrica de Vidros da Marinha Grande, recordando o restabelecimento da fábrica de vidros, em 1769, por Guilherme Stephens. Foram percorridos os espaços da antiga Fábrica da Vidraça, da antiga Fábrica do Cristal e da Oficina vidreira da Portaria e o marco da légua das lenhas do Pinhal.
Entrando no Museu do Vidro, a antiga residência dos Stephens, Jorge Custódio abordou o significado habitacional, agroindustrial, social e cultural do edifício; bem como a necessidade e redefinição do conceito do museu do vidro; sua construção, organização e decoração; separação entre os conteúdos residenciais e museológicos. A visita incluiu ainda a Avenida João Beare, para se observar a paisagem industrial da antiga Fábrica de Vidros e salientar os vestígios das suas diferentes fases históricas.
O programa da visita terminou no Museu Santos Barosa de Fabricação do Vidro (1989-1990), do grupo Vidrala, para se conhecer a fase da reorganização da indústria vidreira: vidraça, garrafaria e cristalaria.
Foram muitas as curiosidades partilhadas por Jorge Custódio, como o facto da Fábrica da família Stephens ter fabricado 535 modelos de vidros. Em 1821, empregava 513 funcionários, dos quais 36 eram mestres, 58 oficiais, 36 aprendizes e 383 carreteiros, criados ou trabalhadores. Para além disso, Guilherme Stephens, tinha ainda 1 músico, 1 cirurgião, 1 boticário, 1 médico, 1 elemento de ópera, tendo-se preocupado sempre com a educação, cultura, segurança social e saúde dos seus trabalhadores.
As Jornadas Europeias do Património integraram, no Museu do Vidro, a performance “Dança nos museus”, pela bailarina Inesa Markava.
Na tarde do dia 24 de setembro, ocorreu, naquele local, a apresentação do livro “A Fábrica de Garrafas da Martingança - 'Fábrica da Estrela’", da autoria de Tiago Filipe Duarte Inácio, que foca a história, nas suas mais variadas vertentes, da Fábrica, com recursos aos mais variados arquivos e entrevistas.
A iniciativa contou com a presença da vereadora da cultura, Ana Alves Monteiro; do presidente da Junta de Pataias e Martingança, Valter Ribeiro; do autor Tiago Inácio; do editor Carlos Fernandes; e do professor Paulo Grilo Santos que apresentou a obra.
Também no sábado, o Núcleo de Arte Contemporânea assinalou o encerramento da exposição “A persistência da matéria, 20 anos VICARTE”, com visita guiada por alguns artistas e o lançamento do catálogo da exposição.
A Casa da Cultura Teatro Stephens recebeu a peça de teatro “Vidro e outros Rococós”, pela companhia Teatro à Solta. Tratou-se de um espetáculo para toda a família, que retrata a história do Vidro em Portugal e a história da Marinha Grande, profundamente interligadas, e a forma como o desenvolvimento desta indústria potenciou o crescimento da cidade.
No dia 25 de setembro, o Museu do Vidro acolheu um workshop de teatro para crianças, dinamizado pela Associação Folhas Platónicas, e visitas encenadas que tiveram como objetivo que os mais novos pudessem saber mais sobre a história do vidro e processos de fabrico, com o registo cómico que já marca o trabalho do Teatro à Solta.
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