A ADAI – Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial da Universidade de Coimbra e o SerQ – Centro de Inovação e Competências da Floresta juntaram-se à Pinhal Maior – Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul para acrescentar valências a um equipamento florestal adquirido por esta entidade para trabalhar nos municípios da sua área de intervenção: Proença-a-Nova, Oleiros, Vila de Rei e Mação (Sertã já dispõe de equipamento idêntico) em limpezas florestais, manutenção de caminhos, corta-fogos ou gerir os combustíveis em torno das habitações e dos aglomerados populacionais.
Na prática estão a ser acrescentadas novas valências à máquina que, quando concluídas, permitirão o seu funcionamento sem a presença de um operador. “O que instalámos é um sistema sensorial composto por três tipos diferentes de perceção: temos câmaras em toda a volta do dispositivo, sensores térmicos e sensor laser”, explica Carlos Viegas, da ADAI. Estes sensores permitirão que a máquina se adapte ao terreno que está a limpar, evitando obstáculos e avaliando a cada momento o terreno em que está a operar. É ainda capaz de identificar a presença de seres vivos através dos sensores térmicos.
O objetivo é dotar a máquina de inteligência e de funcionamento autónomo, através da sua pré-programação: “ao colocarmos este tipo de automatismos não estamos a dizer que vamos tirar completamente as pessoas do terreno, elas vão ser sempre necessárias, o que podemos é maximizar a sua capacidade de trabalho”, acrescenta Carlos Viegas. Esta é uma forma, por exemplo, de responder à falta de mão de obra neste sector. “A nível internacional estamos na linha da frente neste tipo de tecnologias”, acrescenta. Alfredo Dias, do SerQ e Universidade de Coimbra, acrescenta que em cada demonstração que for feita vão sendo apresentadas novas funcionalidades que ainda estão a ser desenvolvidas e melhoradas. Na sua perspetiva, “nós só poderemos contribuir para resolver o problema dos incêndios com recurso à tecnologia porque com recurso à força humana temos uma batalha muito difícil e com muitas derrotas pelo caminho”.
O presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, João Lobo, destaca a colaboração entre entidades que permite que o conhecimento circule das universidades para o terreno, neste caso no problema dos incêndios rurais que continuará a aumentar, até pelas alterações climáticas que “vão traduzindo eventos mais gravosos e recorrentes, com ciclos cada vez mais curtos”. As faixas de interrupção de combustível e a limpeza em redor dos aglomerados populacionais são fundamentais nesta estratégia. Este equipamento poderá agora ser utilizado nestes casos, na utilização conjunta que for feita em articulação com os outros municípios em função da “priorização da sua atividade”.
A demonstração deste equipamento foi realizada no dia 10 de fevereiro junto ao Aeródromo Municipal e contou com a presença das várias entidades envolvidas neste projeto Forest 4 Future, financiado pelo Centro 202, Portugal 2020 e Fundo Social Europeu, dos presidentes das Uniões e Juntas de Freguesia do concelho e ainda de público ligado a este sector de atividade.
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