“Este
idoso está em muitas dificuldades, nem consegue adquirir a medicação
a que está obrigado. Veja o que pode fazer”.
Este presidente de junta tentava resolver o problema humano do seu
freguês, atestando a veracidade da dramática situação. O seu
interlocutor responsável pela gestão desses fundos públicos de
ajuda aos mais carenciados, lembrou que havia
outros casos mais antigos e também graves. O
presidente da junta insistia no “seu” caso, apelando à
prioridade. Um dos presentes na conversa, lembrou em tom
descontraído que, se essa decisão fosse a conhecimento público
podia ter contornos de ato
de tentativa de corrupção.
De
facto, assim pode ser. Este presidente da junta e o responsável pela
atribuição de verbas seriam suspeitos. Seriam de imediato
constituídos arguidos,
suspeitos até decisão judicial em contrário.
Entretanto, na comunicação social seria de imediato feito o
julgamento que passaria para a praça
pública. Os dois intervenientes e suspeitos pediam
a demissão dos seus cargos e passariam anos a debater-se pela sua
inocência. A carregar o peso da mancha
nos seus bons nomes.
Estarei
a fazer uma análise exagerada? Não me parece. É assim mesmo.
O
combate à corrupção é fundamental. Sem tréguas.
Mas, terá que haver muito bom senso para não
se transformar numa caça às bruxas. O combate
pode perder o principal objetivo e beneficiar aqueles que de facto
praticam atos de grave corrupção.
Eduardo
Costa, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa
Regional
Destaque
“O
combate pode perder o principal objetivo e beneficiar aqueles que de
facto praticam atos de grave corrupção”
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