Quase
uma centena de pessoas juntaram-se, no salão nobre dos Paços do
Concelho de Cantanhede, na quarta-feira, para assistir à conferência
sobre Transparência e Ética Pública.
A
sessão contou com a participação de Edson Leonardo Dalescio Sá
Teles, Conselheiro da Comissão de Ética Pública da Presidência da
República do Brasil, e Wagner Siqueira, Presidente do Conselho
Regional de Administração do Rio Janeiro.
Jorge
Leitão, Diretor na Diretoria do Centro da Polícia Judiciária, e
Margarida Mano, Presidente da Direção da Transparência e
Integridade Portugal, foram igualmente conferencistas nesta
iniciativa organizada pela autarquia cantanhedense, em parceria com a
Coimbra Business School, e a ANAM - Associação Nacional de
Assembleias de Municípios, cujos presidentes, respetivamente Helena
Teodósio, Alexandre Silva e Albino Almeida, fizeram a abertura dos
trabalhos. A SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico
e Social e a ADA - Associação de Direito Administrativo apoiaram
também a conferência.
Na
abertura da sessão, a presidente da Câmara Municipal de Cantanhede
enfatizou “a atualidade e a pertinência do tema da conferência
neste tempo em que o Estado e a administração pública em geral
estão confrontados com o grande desafio de restaurarem a confiança
dos cidadãos nas instituições, o que pressupõe a existência de
mecanismos que lhes permitam fazer o escrutínio dos poderes públicos
e fiscalizarem o modo como são exercidos”.
Helena
Teodósio considera que “a transparência e a ética não podem
deixar de ser encaradas como exigências da governança, no
entendimento de que devem estar sempre presentes na definição e
prossecução de objetivos que têm de acautelar a salvaguarda do
interesse público”.
Segundo
a autarca, “o Município de Cantanhede tem feito um forte
investimento nesse domínio. E quando digo investimento estou a
referir-me à implementação de métodos e práticas orientadas para
a obtenção de elevados índices de transparência, sem esquecer a
forte mobilização das pessoas que aqui trabalham na prossecução
dos objetivos enunciados a esse nível”, sublinhou.
O
Diretor na Diretoria do Centro da Polícia Judiciária lembrou os
relativamente recentes “mecanismos jurídicos orientadores que a
administração pública e também empresas do setor privado devem
adotar, numa lógica de prevenção e de monitorização da
corrupção, que aliás não é um fenómeno de hoje. A diferença é
que agora temos a pressão da comunicação social e temos a justiça
a chegar a patamares que antes não chegava o que faz com que as
situações sejam escrutinadas e debatidas”, afirmou o magistrado.
Por
seu lado, a presidente da Direção da Transparência e Integridade
Portugal fez uma abordagem aos dados do Índice de Perceção da
Corrupção (CPI) de 2023, no qual Portugal surge com 61 pontos, na
34ª posição, numa lista de 180 países. É o “índice mais baixo
de sempre”, disse Margarida Mano, adiantando que até agora, muito
foi feito em Portugal nesta área, mas reconhecendo que ainda há
muito a fazer”.
A
vice-reitora da Universidade Católica abordou “o lugar dos países
no Índice de Perceção da Corrupção e a sua posição no Índice
da World Justice Project, o Índice de Estado de Direito, para
concluir que são semelhantes, “o que parece indiciar que há uma
relação entre o funcionamento dos sistemas de justiça e os níveis
de corrupção, no sentido em que o enfraquecimento dos sistemas de
justiça deixa a corrupção sem controlo”, frisou.
Já
o Presidente do Conselho Regional de Administração do Rio Janeiro
referiu que “a democracia pressupõe duas variáveis, as
instituições e costumes”. No entender de Wagner Siqueira, “há
países que têm muito bons costumes e péssimas instituições, mas
esses bons costumes seguram as más instituições que possuem. Nos
países que têm más instituições e maus costumes é muito difícil
a questão da “complience”, da governança, na transparência e
da integridade”, sublinhou.
Encerrou
a sessão o conselheiro da Comissão de Ética Pública da
Presidência da República do Brasil, Edson Leonardo Dalescio Sá
Teles, que deu a conhecer um conjunto de instituições que trabalham
no combate à corrupção, com destaque para a Comissão de Ética
Pública (CEP), órgão consultivo do Governo brasileiro.
*Carla Cruz Silva
Divisão de Comunicação, Imagem, Protocolo e Turismo
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