Recentemente, o governo português apresentou um pacote de 60 medidas para revitalizar a economia nacional, com uma ênfase destacada no turismo e nas startups. Embora essas áreas sejam fundamentais para o crescimento económico, esta abordagem revela uma preocupante lacuna no apoio às Micro e Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) dos setores do comércio, serviços, agricultura e indústria, que constituem a espinha dorsal da nossa economia.
As MPMEs representam mais de 99% do tecido empresarial português e são responsáveis por uma parte significativa do emprego e do PIB. No entanto, estas novas medidas parecem negligenciar a importância de um suporte robusto e direcionado para estas empresas. O foco quase exclusivo no turismo e nas startups pode ser visto como uma aposta em setores com potencial de inovação e atratividade internacional, mas que não devem ser os únicos motores de crescimento.
O setor do comércio, por exemplo, enfrenta desafios constantes com a digitalização e a concorrência internacional. Medidas de apoio à transição digital, à formação contínua e à modernização das infraestruturas seriam cruciais para garantir que estas empresas possam competir num mercado global cada vez mais exigente.
Já o setor dos serviços, que inclui uma vasta gama de atividades essenciais, desde a restauração à consultoria, precisa de incentivos que promovam a qualificação dos recursos humanos e a melhoria dos processos de gestão. A crise provocada pela pandemia de COVID-19 deixou muitas destas empresas vulneráveis, e o apoio governamental focado na resiliência e recuperação seria vital.
A indústria, por sua vez, enfrenta desafios únicos com a transição para uma economia mais verde e digital. Investimentos em inovação, tecnologia e sustentabilidade são necessários para garantir que as PMEs industriais possam adaptar-se às novas exigências do mercado e continuar a ser competitivas. A falta de medidas específicas para este setor bem como para o setor agroindustrial pode resultar numa perda de oportunidades e numa desaceleração do crescimento económico.
Embora o turismo e as startups mereçam certamente apoio, é crucial que as políticas económicas sejam abrangentes e equitativas. Um verdadeiro plano de recuperação económica deve incluir todos os setores vitais para a economia, garantindo que as PMEs do comércio, serviços, agricultura e indústria recebam a atenção e os recursos que merecem. A diversificação das medidas de apoio não é apenas uma questão de justiça, mas uma estratégia inteligente para um crescimento sustentável e equilibrado.
A NERC – Associação Empresarial da Região de Coimbra, apela, de forma a assegurar um futuro próspero para Portugal, ser essencial que o governo reavalie as suas prioridades e adote uma abordagem mais inclusiva de todos os setores da atividade económica. Só assim poderemos garantir que todas as MPMEs, independentemente do setor em que operam, e de onde se localizem, tenham as condições necessárias para prosperar e continuar a contribuir para a nossa economia.
Juntos somos mais fortes!
A DIREÇÃO DA NERC
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