Um grupo de
cientistas internacionais, do qual faz parte Alexandre Correia,
investigador do Centro de Física da Universidade de Coimbra
(CFisUC), descobriu a “cordilheira neptuniana”, uma nova
estrutura na distribuição de exoplanetas do tipo de Neptuno.
Esta descoberta,
publicada hoje na revista Astronomy
& Astrophysics,
revela os processos complexos que ocorrem no “deserto Neptuniano”
– uma região próxima das estrelas com escassez de exoplanetas
semelhantes a Neptuno – e na “savana Neptuniana” – região
mais distante onde estes planetas são encontrados com frequência.
«O
novo estudo centra-se na transição entre o deserto neptuniano e a
savana. Encontrámos uma concentração inesperada de planetas na
fronteira do deserto, que forma uma linha divisória acentuada entre
ambos os regimes, uma característica à qual apelidámos cordilheira
neptuniana»,
revela Alexandre Correia, também Professor no Departamento de Física
(DF) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de
Coimbra (FCTUC) e coautor do estudo.
«Descobrimos
que um grande número de planetas neptunianos orbita as suas estrelas
com períodos orbitais entre 3 e 6 dias. A probabilidade de encontrar
um planeta nesta região é cerca de oito vezes maior de os encontrar
a mais curtas distâncias (no deserto) e cerca de três vezes
superior de os encontrar em distâncias mais longas (na savana), o
que sugere que estes planetas foram sujeitos a processos evolutivos
diferentes»,
explica Amadeo Castro-González, investigador do Centro de
Astrobiologia (CAB), INTA-CSIC, e autor principal deste estudo.
Esta descoberta
foi possível através da análise dos dados da missão Kepler da
NASA, utilizando técnicas estatísticas avançadas. Os
investigadores mapearam meticulosamente a relação entre o raio e o
período destes exoplanetas, revelando regiões distintas que definem
a nova paisagem neptuniana. Este mapeamento exaustivo revela os
processos complexos envolvidos na migração e evaporação
atmosférica destes planetas.
Os autores
interpretaram os resultados no contexto das teorias de formação e
evolução planetária e concluem que a acumulação de planetas na
cordilheira neptuniana pode ser compreendida através da existência
de dois mecanismos de migração distintos que povoa a cordilheira e
a savana.
«As
observações sugerem que a maioria dos neptunos que se encontram na
cordilheira terão sido formados através de interações fortes
entre planetas que provocam um aumento da excentricidade seguido de
uma migração para as órbitas de curto período através de
interações de maré com a estrela»,
revelam os autores. Em contrapartida, «os
planetas na savana resultam apenas da migração inicial dos planetas
no disco proto-planetário».
Estes processos de migração, juntamente com a evaporação das
atmosferas planetárias, provavelmente moldam as diferentes
características observadas na paisagem neptuniana.
O artigo
científico “Mapping
the exo-Neptunian landscape. A ridge between the desert and savanna”
é o resultado de uma colaboração entre o Centro de Astrobiologia
(CAB) e as universidades de Coimbra, Genebra, Paris e Warwick e pode
ser consultado aqui.
*Sara Machado
Assessora de Imprensa
Universidade de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
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