A Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a
desenvolver um novo projeto de investigação que visa impulsionar a
valorização sustentável dos recursos endógenos da Beira Interior.
O projeto BI-WELLNESS, financiado pelo Programa “FCT - BPI
Fundação la Caixa Promove – O futuro do interior”, tem como
principal objetivo o desenvolvimento de produtos inovadores e
sustentáveis para o bem-estar humano e animal, utilizando recursos
naturais da região, como águas termais, plantas aromáticas
autóctones e subprodutos das indústrias vinícola e olivícola da
Beira Interior.
Este projeto é
liderado pelo Centro de Engenharia Química e Recursos Renováveis
para a Sustentabilidade (CERES) da FCTUC, em parceria com o Instituto
Politécnico da Guarda (IPG) e o Instituto Politécnico de Viseu
(IPV), contando ainda com o apoio de diversas entidades e empresas
regionais, bem como com a colaboração da Universidade de Salamanca,
Espanha.
Segundo Hermínio
Sousa, coordenador do projeto e docente do Departamento de Engenharia
Química da FCTUC, «o
BI-WELLNESS aplica uma abordagem ‘Uma só saúde’, promovendo
simultaneamente a saúde humana, animal e ambiental. Pretendemos
criar produtos de valor acrescentado através da valorização de
alguns recursos endógenos da Beira Interior, sob o conceito de
Bioeconomia Circular e do desenvolvimento de tecnologias e de
processos mais sustentáveis, nomeadamente de processos menos
intensivos em termos de energia e de métodos de processamento
"verdes", reduzindo o uso de solventes e de produtos
químicos obtidos a partir de fontes não-renováveis».
Entre os produtos
a serem desenvolvidos nesta fase do projeto encontram-se cosméticos,
produtos de higiene pessoal e repelentes de insetos para animais de
companhia e animais de produção. «Pretende-se
desenvolver produtos exclusivos, baseados numa identidade regional
“Beira Interior”, uma vez que estes serão coformulados com águas
termais e com produtos naturais obtidos a partir de recursos
biológicos endógenos da região, conferindo-lhes características
diferenciadoras no mercado»,
acrescenta Hermínio Sousa.
Uma das vertentes
inovadoras do projeto, conforme destaca Luís Silva, investigador e
coordenador da equipa do IPG, é a aplicação de técnicas de
deteção remota e processamento digital de imagem para mapear e
georreferenciar plantas aromáticas autóctones ainda pouco
exploradas, presentes nos parques naturais e reservas ecológicas da
região.
A Beira Interior
é um território de baixa densidade populacional que, nos últimos
dez anos perdeu, em média, cerca de 3 mil habitantes por ano, com
maior incidência nos concelhos de perfil mais rural. Os valores do
PIB per capita da região continuam baixos, com níveis mais elevados
de desemprego do que os de outras regiões NUTS III do país e da
Europa. «Torna-se
imperativo combater este panorama, nomeadamente através de medidas
capazes de estimular e desenvolver atividades económicas mais
sustentáveis e de âmbito local, fomentar a criação regional de
riqueza multissetorial e dinamizar o turismo termal e de montanha,
bem como combater a desertificação demográfica e promover o
conhecimento e a criação de emprego qualificado»,
salienta Luís Silva.
Numa fase
posterior, o projeto pretende alargar o desenvolvimento de produtos
repelentes para animais companhia e de produção, contribuindo para
o controlo de parasitas que, muitas vezes, são vetores de agentes
patogénicos, alguns deles zoonóticos. De acordo com Catarina
Coelho, docente da equipa do IPV, «isto
contribuirá não só para a economia regional, dada a importância
da produção animal e de produtos de origem animal na região, mas
também para a saúde pública, ao mitigar o risco de transmissão de
doenças entre animais e humanos».
Nesta fase de
arranque do projeto, a equipa de investigação procura a colaboração
de empresas regionais que tenham interesse no desenvolvimento
conjunto para posterior comercialização deste tipo de produtos. «A
colaboração efetiva de empresas, de preferência regionais, de
áreas como cosmética, higiene pessoal e saúde animal, será
crucial para o sucesso do projeto uma vez que, sem elas, os objetivos
estabelecidos a médio e longo prazo nunca poderão ser alcançados.
Acreditamos que, juntos, conseguiremos desenvolver, viabilizar e
levar para outras zonas do país os aromas, os benefícios e a
qualidade dos produtos da Beira Interior»,
conclui Hermínio Sousa.
*Sara
Machado
Assessora
de Imprensa
Universidade
de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia
Nenhum comentário:
Postar um comentário