sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A BIBLIOTECA ESCOLAR

A BIBLIOTECA ESCOLAR
A biblioteca é um recurso didáctico indispensável no processo de aprendizagem. A adopção, pela escola, do método construtivista coloca a pesquisa na vanguarda da metodologia. Além disso, como despertar o aluno para a imperiosa leitura, como criar o hábito de ler, sem a existência de sua matéria-prima?

São poucas as escolas públicas que podem oferecer aos alunos uma biblioteca convenientemente instalada. Por falta de espaço e de recurso humano, geralmente amontoam-se os livros numa pequena sala, sem ventilação, sem acomodação.
Sabemos que, com boa vontade e criatividade, sempre se pode amenizar a falta de uma infra-estrutura, mas, nesse caso, é dificultoso. Ainda, nas séries iniciais, poderá haver a alternativa de revezamento, de dispor os livros na sala de aula, pois que os alunos trabalham com o mesmo professor e por mais horas; nas séries mais avançadas, fica incompatível.

A familiaridade com os livros deve acontecer desde a mais tenra idade. Várias são as estratégias utilizadas, lembrando a já consagrada “hora do conto”. Deve-se valer do imaginário mágico da criança e estimular a curiosidade, passar imagens, conceitos, como de que em cada livro há um tesouro escondido, que os mais valiosos tesouros da humanidade estão guardados na biblioteca. Nela, moram os génios da humanidade, os grandes das ciências, das artes, da filosofia; nela está armazenada a nata da intelectualidade mundial, as obras dos maiores artistas, dos maiores pensadores de todas as civilizações. “Depende apenas de você, de sua vontade de crescer como ser humano, na companhia deles”.

Descobertas e mais descobertas vão se acrescentando, ao aluno, nesse outro mundo de convivência, composto por livros, mundo que o transportará para além das fronteiras, para além dos limites que a imaginação humana pode levar.

Um professor se torna educador quando amplia sua função, quando, no seu idealismo, abraça o caminho infinito da educação, quando, no dia-a-dia, se vê no olhar de cada aluno, criando, para eles, mundos, mediando esperanças, se doando no amor e na coragem.

Se quisermos formar leitores temos que nos valer de procedimentos que convirjam para esse fim. Montar uma biblioteca, com atractivos visuais, num local claro, mantendo-o sempre limpo, com livros, revista e jornais, que atendam as diferentes faixas etárias, dispostos de maneira atraente, de fácil alcance e manuseio, de retirada facilitada, inclusive estimulada,  porque  o mais  comum é fazer o contrário, dificultar, desestimulando o aluno.

A biblioteca deve se constituir num ambiente acolhedor, convidativo; o aluno, reiteradas vezes, orientado para colaborar com a boa ordem, ser responsável, ajudando a manter o livro em bom estado de conservação. É indispensável uma pessoa treinada – bibliotecária é sonhar alto – encarregada  da organização, da manutenção, do atendimento à população estudantil.

A leitura, isentando a pesquisa, não deve ser imposta, mas, sugerida, conduzida, despertada. Deixando-a de livre escolha, o aluno vai revelar suas tendências, suas aspirações, seus anseios. A leitura espontânea é um caminho aberto para conhecer melhor o aluno, sua vocação. Ademais, a coisa imposta produz o efeito contrário, revolta e influencia negativamente.

Frases estimuladoras, incentivadoras, slogans, devem ser espalhadas em volta e dentro da biblioteca. No final do artigo, passo aos interessados, em meus versos, considerações e imagens sobre a biblioteca, que após serem interpretadas pelos alunos, podem ser colocadas nas portas ou nas paredes da biblioteca, como reflexão e estímulo.

A biblioteca é da escola seu mestre-sala, apontando o brilho do sol. Tem, na riqueza dos livros, a estrela-guia do saber, a fonte do conhecimento, regando a semente educacional, fazendo florir a terra, brotar árvores frondosas, capazes de abrigar, com luz, a humanidade.

Sem a educação de nada adiantaria o avanço social; ele perderia sua base de sustentação, de conservação. São os livros que fortificam e dão forma à educação.

A biblioteca de uma escola pública coloca, em seu regaço hospitaleiro, também o menino pobre, estendendo-lhe as mãos, ajudando-o a desbravar sua inóspita floresta, fazendo-o alcançar a clareira e com ela encontrar o seu vale do sol.

A leitura é a fada-madrinha da educação. Criar no aluno o hábito da leitura, prepará-lo para ler, é, talvez, um dos mais representativos passos do educador, que tem na biblioteca o grande sustentáculo. Já se disse que “os livros constroem as grandes pátrias”. Os povos ignorantes abdicam de si nos outros e voltam-se à servidão, ao desaparecimento.

Em termos de infra-estrutura, a biblioteca deve ser colocada, pela escola, num grau absoluto de prioridade.

Izabel Sadalla Grispino
Supervisora de ensino aposentada.

(Publicado em Março/2001)

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