segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

É importante não cair no erro de "facilitar a morte das pessoas"

A despenalização da morte assistida está a dominar a opinião pública. Em causa, o facto de 100 personalidades portuguesas terem assinado um manifesto em defesa da eutanásia.

Getty Images
A eutanásia está na ordem do dia e promete vir a alimentar acesos debates nos próximos tempos. É um tema fraturante que mobiliza e divide a opinião pública. O manifesto 'Direito a morrer com dignidade', apresentado há uma semana, acendeu o rastilho a uma ampla discussão. Eutanásia em Portugal: Sim ou não?

Para o bastonário da Ordem dos Médicos esta é uma “decisão de grande complexidade que está legislada em poucos países”, razão pela qual “deve ser amplamente discutida” em Portugal.
E essa discussão, disse José Manuel Silva ao Notícias ao Minuto, deve ser feita no espaço público e com recurso a um referendo.
“A melhor maneira é promover o referendo”, defendeu, até porque o “manifesto apresentado fala apenas em aliviar o sofrimento, mas é vago e perigoso porque não tem uma fronteira definida”.
“Há muitas formas de sofrimento. Isso permite que pessoas que estão em sofrimento e não têm doenças terminais queiram ser submetidas à eutanásia. Em vez de ajudarmos as pessoas em sofrimento estamos a propiciar uma forma mais fácil de morrer. Isto são questões complexas e individuais que devem ser submetidas a referendo, até porque não se trata de uma questão política ou religiosa, mas sim de uma questão ética ”, indicou.
Assim, o bastonário questiona: “O manifesto apresentado mostra que muita gente é a favor da morte com dignidade. Mas qual é o significado que atribuímos à ‘morte com dignidade’?”.
A ‘morte com dignidade’ é, de resto, o fundamento no qual Francisco George, diretor da Direção-Geral de Saúde (DGS), se baseou para ter assinado o manifesto.
“Subscrevi este manifesto em nome da promoção da dignidade e da oportunidade em direitos humanos. O direito à eutanásia é uma questão de dignidade e de direitos humanos e as pessoas têm o direito a optar pela morte assistida”, disse aoNotícias ao Minuto o responsável que garante ter assinado o manifesto “enquanto cidadão e não enquanto diretor da DGS”.
Mas se José Manuel Silva se mostra a favor de um referendo e contra a despenalização da morte assistida, Francisco George é totalmente a favor da prática. No entanto, ambos concordam num aspeto: em caso de aprovação terá de ser levada a cabo uma alteração ao Juramento de Hipócrates.
“Em termos médicos seria necessário uma alteração do Código Deontológico e do Juramento de Hipócrates porque [a eutanásia] colide com a ética médica”, referiu o bastonário.
Mas para Francisco George esse não será um problema. “O Juramento de Hipócrates não é um juramento absoluto”, começou por dizer, lembrando que o mesmo “tem sido revisto e pode ser novamente revisto tendo em conta o progresso da Humanidade”.
O Código de Ética, lembrou o bastonário, “proíbe a eutanásia” e a formação que os médicos recebem “baseia-se em salvar vidas”, por isso, uma despenalização da morte assistida “traria situações novas e complexas dentro da própria classe médica”.
Algo com que Francisco George concorda, mas que desdramatiza, lembrando que “os médicos têm direito a recusar-se a levar a cabo o procedimento pois têm o direito à objeção de consciência”.
Já para o bastonário da Ordem dos Médicos, a discussão sobre o tema não deve passar pelo Parlamento e “nem se compreenderia se assim fosse”. “Não pode ser uma questão politizada, todas as entidades devem integrar este debate”, defendeu.
Até porque, lembrou, é “muito mais barato induzir ou facilitar a eutanásia” do que proporcionar um tratamento, mas “não é esse o caminho que queremos seguir”.
Nesta senda, José Manuel Silva refere que é importante não se cair no erro de “facilitar a morte das pessoas”.
“Em muitos dos casos as pessoas só desejam morrer porque não querem ser um fardo para a sociedade, para a família e aí, a nossa sociedade falhou”, explicou.
“Este é um tema que não é urgente e que deve ser cuidadosamente discutido. Há pessoas que não têm noção que isto é matar ativamente quando há meios para tratar e evitar o sofrimento”, concluiu, referindo-se aos cuidados paliativos.
http://www.noticiasaominuto.com/pais/537298/e-importante-nao-cair-no-erro-de-facilitar-a-morte-das-pessoas?utm_source=emv&utm_medium=email&utm_campaign=daily

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Ines Sofia · 
dependendo das condições em que as pessoas se encontrem sou totalmente a favor, incluindo se uma pessoa de um momento para o outro fica dependente dos outros por exemplo após um acidente deixa de se mexer por completo (o meu pai em 2009 teve um acidente que para sorte dele morreu no local do acidente, caso contrário estaria totalmente dependente de terceiros apenas iria conseguiria falar e nessas situções concordo plenamente) já para não dizer que esse senhor fala, fala mas quase de certeza que se estiver numa situação limite (doença terminal, estejam totalmente dependentes dos outros como por exemplo como estaria o meu pai, etc) ele irá pedir a eutanásia
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Arnaldo Pereira · 
Que dizer de alguns medicos, que com a sua falta de( atenção) deixam morrer doentes?os enfermeiros, que estão a pedir equiparação em certos casos aos medicos , e falham desastrosamente?pensem em muitas das asneiras que foram feitas e digam de verdade se há ou não razao para a morte assistida.!!
Gosto · Responder · 1 · 10 h
Jose Mario Pinto · 
Esta questão, devido ao conteúdo, só interessa para desviar atenções de questões actuais e serve para meter os Portugueses em polémicas e em debates, em que afinal só poucos especialistas percebem o que é a Eutanásia e quais as situações em que é aplicada. Daí a maioria destes comentários politiqueiros e diga-se, na maioria de ignorantes da matéria, querem alguns comentaristas que se faça referendo sobre a vida e a morte devido a situações de e extrema desumanidade e sofrimento, para quê?
A Assembleia da Republica e os Médicos, as Comissões de Ética e Moral e os Cientistas não chegam? É preciso GASTAR DINHEIRO E DIVIDIR mais os Portugueses, com referendo sobre um assunto tão polémico e delicado?
Gosto · Responder · 1 · 13 h
Ana Portugal · 
claro que falhou :FALHA
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Alejandro Cruz · 
Sou a favor da eutanásia para doenças terminais, em pessoas que na sua consciência e sabendo o seu destino certo de dor e perda total de presença humana no seu corpo doente assim o decidam.
Da mesma forma que existem médicos que fazem abortos, de certo existirão médicos que aceitam fazer esta acção clínica de provocar a morte serena em pessoas.
É preciso é definir a melhor forma de regulamentar isto, e fiscalizar estas acções.
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Liliete Melancia · 
É exatamente o que penso. Por isso peço cuidado e muita atenção.
Gosto · Responder · 1 · 13 h
Manuela Marrecas Fernandes
E quando estão dentro de um avião a bombardear uma cidade o que estão a fazer? a matar gente, e gente sã, jovens na flor da idade cheios de sonhos e desafios, crianças a flor da vida a brotar ainda, a alegria dos seus pais, futuras mãe com filhos já no ventre, ou não morre ninguém!? Então um ser que sofre numa cama já sem alegria nem quaquer felicidade ou interesse pelo que o rodeia, que cada dia que passa a vida para ele é um fardo de dores físicas e psicológicas por tudo o que o está a matar, não se pode fazer eutanásia porque lá vem a cena da ( ética )? Mas mandar homens e mulheres para ...Ver mais
Gosto · Responder · 3 · 12 hEditado
Sao Abreu Abreu · 
Então resolva o problema sozinho ,não meta outros ao barulho
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Liliete Melancia · 
Não é matéria fácil, considero de grande responsabilidade, pergunto mesmo que ser humano pode decidir pela continuidade ou interrupção da vida de outro ser humano? sim, porque isto é o que vai acontecer. Muita atenção, muito cuidado. Não tem que ver com dogmas ou crenças, é uma opinião racional que quero aqui partilhar.
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Francisco Delgado · 
sou totalmente contra isso .. entao quando chegarmos a velhos e cair num hospital tem a morte certa .porque os velhos só dao trabalho e despesa mais nada entao vamos acabar com eles sou totalmente contra isso ..era uma maravilha para o estado e para os hospitais e para muitas familias que só querem é ficar com os bens dos velhos..
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Ana Maria Neves · 
Se tivesse um pai ou uma mãe, como tive a minha, a sofrer com dores horríveis, sem sair da cama, esquelética, durantes meses e meses e a sua ultima semana de vida sem sinais vitais nenhuns, talvez desejasse que o fim chegasse rápido. Eu sofri muito ao ver o estado vegetativo de minha mãe, sabendo eu, que era a coisa que ela mais pedia a Deus que lhe não acontecesse. Sabe, são coisas muito complicadas e por vezes não as compreendemos como deviamos. Respeito a sua opinião, mas tenho direito à minha.
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Francisco Delgado · 
Ana Maria Neves compreendo e aceito a sua opinião mas a senhora também vê o meu ponto de vista é muito complicado eu não sou a favor...
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Raul Vilela · 
Há quem ande para aqui a chamar DEUS ao barulho. Deus não é para aqui chamado.
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Alberto Melo · 
Se o colégio de tecnicos entender que a medicina não tem alterntivas para o caso ,porquê prolongar o sofrimento. :Deus ? Hipocritas? Não é mata-lo é poupa-lo (a)
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Ana Maria Neves · 
Ramiro Costa , pode ser que algum dia passe por uma situação que lhe mude a forma de pensar.
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Sandra Lopes
Eu sou a favor da eutanásia! Ficar a agonizar numa cama não é vida, digam o que disserem e sei muito bem do que falo, infelizmente.
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Sao Abreu Abreu · 
Parece que tiveste uma experiência? Se fosse autorizado a eutanásia ja não existia para contar a história
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Maria Teresa Martins · 
A advertência feita pelo dignissimo bastonário da Ordem dos Médicos pressupõe que as demais opiniões e o acto legislativo que ainda não aconteceu padece de déficite de responsabilidade. Igualmente discordo que o debate em causa começe pelo que possa ou não ser o significado de "morte com dignidade" porque o vejo como um caminho infrutifero, inconclusivo. Por isso contrapoponho que se começe por pôr em causa o juramento de Hipócrates O dever dos médicos de salvar vidas devia ser comulativo um segundo requisito/objectivo -: qualidade de vida socialmente aceite -. Parece-me inaceitável que um doe...Ver mais
Gosto · Responder · 2 · 20 h
Ana Maria Neves · 
Passei por isso e sei o que sofri e chorei, desejando que o fim de minha mãe chegasse rápido, embora passados 31 anos, continue a sentir imensa falta e saudades dela!
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Raul Vilela · 
Preocupem-se em dar melhor vida a quem toda a vida trabalhou e não com o "despacho" definitivo porque passa a ser um encargo e podem tirar as grandes comodidades. Vão à lá mierda!
Gosto · Responder · 2 · 20 h
Joao Carrelhas
estranho muito estranho toda e gente com problemas sobre o legitimo direito duma pessoa querer morrer cpmo quiser. No entanto essa falsa moral nao se importa de apovar o aborto quando esta em causa uma segunda vida. Quer dizer morrer como queremos nao. Matar uma seegunda pessoa esta be.m
Realmente que cinismo de etica
Gosto · Responder · 1 · 21 h
Jorge Brancal Bulha · 
O problema coloca-se exactamente no sofrimento. É um problema de consciência individual, O sofrimento em situações que a medicina reputa de terminal é insuportável. O sofrimento não é só de dor física e psicológica. O maior sofrimento nos estados terminais é a asfixia intermitente e prolongada pela tecnologia. No caso de um animal em sofrimento o homem abate-o por misericórdia. No caso do ser humano o juramento de hipócrates obriga os médicos a prolongar o seu sofrimento mesmo sabendo que o tratamento não tem solução. O ESTADO não deveria impôr a solução. Deveria dar liberdade de escolha indiv...Ver mais
Gosto · Responder · 3 · 21 h

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