Mário Motta, Lisboa
Já é pública e divulgada profusamente a notícia de que Paulo Núncio, ex-secretário de estado do (des)governo de Passos Coelho, “assune a responsabilidade política dos dez mil milhões que foram para offshores sem que a divulgação e tomada de consideração por lei fosse cumprida. Dez mil milhões que, por assim dizer, saíram pela porta do cavalo. Núncio, militante e dirigente do CDS, anuncia também que abandona o seu cargo naquele partido. E pronto, até parece que o assunto está arrumado, esclarecido. Mas não.
Não está esclarecido se daqueles dez mil milhões os impostos devidos foram pagos. Já lá vão uns quantos dias e ainda não se sabe, dizem os entendidos ou aqueles que falam com esses tais dito entendidos. Estranho é que ao fim de todos estes dias se saiba tão pouco – para além do que se sabe.
Veio Passos Coelho, então primeiro-ministro que pôs o fisco atrás dos famélicos portugueses a penhorar tudo e mais alguma coisa, dizer com empenho característico de farsante, que também ele quer saber a verdade. Só quem não o conhece e não ficou escaldado com as suas maviosas mentiras é que acredita em tal. Então Passos, o então PM e chefe do governo, não se interessou por saber alguma vez se saía de Portugal muito ou pouco para os offshores? E quanto saía todos os anos em fugas de capital? E os impostos relativos a essas saídas eram pagos ao fisco? Um PM não se interessaria por isto? E os seus ministros das finanças também não? Nem Vitor Gaspar nem Maria Luísa Albuquerque se interessaram? Até por curiosidade, para além de verificarem até que ponto a lei estava a ser cumprida?
Paulo Núncio deu a saber que assumia a responsabilidade política… E pronto? O assunto “morre” aqui? Há ou não responsabilidade criminal? Este alegado “desentendimento” e “incompetência”, esta ocultação e infração, pode ter sido assim mesmo ou vai mais fundo e contém contornos mafiosos que deram a fuga para as calendas gregas a dez mil milhões de euros? Ainda para mais quando nesses anos o governo de Passos esmifrava os portugueses, levando-os à fome, à miséria e à morte? Quem assume a responsabilidade de roubar aos pobres para dar aos ricos?
E é esse mentiroso, ex-PM, Passos Coelho, que atualmente quer mostrar que veste a pele de arauto da verdade? Tenham dó. Estamos saturados de tais farsas, vindas de quem vêm.
Vamos esperar, sentados, que o assunto seja esclarecido. Se o for como muitos outros escabrosos “assuntos” anteriormente… Vamos ficar a saber o mesmo, nada, ou quase nada. E a culpa morre solteira. Depois diremos e perguntaremos: Dez mil milhões de euros? Roubar aos pobres para dar aos ricos? Foi o que foi! Foi o que aconteceu no governo de Passos Coelho sob a torpe presidência de Cavaco Silva, outro que tal.
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