Dois atentados à bomba perpetrados este domingo, com poucas horas de diferença, contra igrejas coptas nas cidades egípcias de Alexandria e Tanta causaram mais de três dezenas de mortos. Os ataques foram reivindicados pelo Estado Islâmico.
A primeira detonação teve lugar no interior da igreja cristã de São Jorge, em Tanta, a 120 quilómetros a norte do Cairo, e provocou pelo menos 25 mortos e mais de 70 feridos.
Logo após notícia da primeira explosão no Egito, diante de milhares de pessoas na Praça de São Pedro, o Papa rezava “pelas vítimas”: “Que Deus possa converter os corações das pessoas que semeiam o terror, a violência e a morte e até dos que produzem e traficam armas”.
Pouco depois deu-se uma segunda explosão à entrada da igreja de São Marcos em Alexandria, cidade setentrional do Egito. Morreram pelo menos 11 pessoas no local. Outras 33 ficaram feridas.
Ao início da tarde, o Estado Islâmico veio reivindicar a autoria do duplo ataque, através da agência Amaq.
Os atentados aconteceram numa altura em que a comunidade cristã principiava as celebrações da semana santa, em Domingo de Ramos. E a três semanas da visita do Papa Francisco ao Egito, prevista para os dias 28 e 29 de abril.
Em declarações ao canal televisivo Nile News, o general Ahmad Deif, governador da província de Garbia, afirmou que a primeira detonação ocorreu “no interior da igreja”, acrescentando que os serviços de segurança percorreram as imediações do templo em busca de outros engenhos explosivos que pudessem ter sido ali instalados.
O mesmo responsável indicava, a meio da manhã, que as autoridades ainda não estavam em condições de estabelecer “a natureza” do atentado de Tanta, ou seja, se se tratou ou não de uma operação suicida. A polícia acredita que o engenho explosivo possa ter sido instalado debaixo de um dos bancos do templo. Em Alexandria, as autoridades já concluíram tratar-se de um bombista que se fez explodir.
A 11 de dezembro de 2016, um atentado à bomba na Igreja Copta de São Pedro e São Paulo, contígua à Catedral de São Marcos, a maior do Cairo, causou as mortes de 29 pessoas e ferimentos a outras 49, naquele que foi então considerado o ataque mais mortífero dos últimos anos contra a minoria cristã do Egito.
O ataque do final do ano passado, cometido por um bombista suicida, fora também reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico, que à data ameaçava prosseguir as ações contra “todos os infiéis ou apóstatas no Egito e por toda a parte”.
Cinco anos antes, a 1 de janeiro de 2011, um outro atentado suicida à saída de uma igreja copta de Alexandria, no norte do Egito, causara perto de duas dezenas de mortos.
Coptas. Um alvo
Os militares egípcios anunciaram há uma semana ter abatido, no decurso de um bombardeamento aéreo efetuado em março, Anas al-Ansari, um dos fundadores do braço do Daesh no Egito, a Ansar Beit al-Maqdess.
O grupo jihadista juntou-se ao conglomerado extremista do Estado Islâmico em novembro de 2014, alterando então o nome para Província do Sinai. Foi este o grupo que reivindicou o atentado à bomba de 31 de outubro de 2015 contra um avião com turistas russos após a descolagem de Charm el-Cheikh, a conhecida estância balnear do sul do Sinai. Morreram os 224 ocupantes do aparelho.
Os coptas ortodoxos do Egito constituem a maior comunidade cristã do Médio Oriente. Mas representam apenas dez por cento dos 92 milhões de egípcios.
São múltiplas as denúncias de discriminação contra a comunidade cristã por parte das autoridades e da maioria muçulmana.
Em agosto de 2013, apoiantes do antigo Presidente Mohamed Morsi, conotado com a Irmandade Muçulmana, incendiaram dezenas de igrejas e outros edifícios dos cristãos coptas, na sequência da repressão policial contra manifestantes islamistas no Cairo.
c/ agências internacionais
Fonte: RTP
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