Um artigo de Ronaldo (o do Eurogrupo) // Mourinho no Olimpo// Temer no inferno

David Dinis, Director

um fim de dia a ferro e fogo no Brasil: milhares de manifestantes atacaram vários edifícios do Governo, havendo registo de pilhagens e de incêndios. Temer mobilizou as Forças Armadas para os proteger (mas não sem receber críticas no Senado). O registo actualizado do que se passou está aqui. Assim como o que se vai passando nos bastidores: os aliados de Temer preparam a sucessão - e parecem ter um nome em vista.

O atentado de Manchester está a deixar May furiosa com Trump. A divulgação, via América, de informação classificada sobre os suspeitos levou, agora, a polícia britânica a suspender qualquer partilha de informação com os EUA, diz aBBC.

Trump voltou a agitar as águas com a China - desafiando Pequim a enviar um navio de guerra à zona marítima disputada, conta o El Pais.   

Um duplo atentado suicida na Indonésia. As duas explosões junto a uma estação de autocarros na capital Jacarta mataram três polícias e deixaram vários feridos. Ainda não há pistas sólidas sobre o que ocorreu durante a madrugada.

E José Mourinho juntou-se aos melhores de sempre: a vitória na final da Liga Europa colocou o português entre os quatro treinadores com mais títulos europeus de sempre. E o Manchester United acabou o ano com três títulos no bolso.Vá, chamem-lhe o Ronaldo dos treinadores.

As notícias do dia

Um artigo de Mário Centeno para o PÚBLICO: "Sim, foi possível", diz o ministro das Finanças português, agora chamado "Ronaldo do Eurogrupo", revendo as razões para um sucesso português que, diz, "deve ser comemorado cá e na Europa". Centeno aproveita o "ponto de viragem" para fixar uma agenda para a zona euro, defendendo um mecanismo europeu para o malparado e de apoio no desemprego. Para ler aqui. Mas devidamente acompanhado por outro texto, onde a São José Almeida explica como Centeno parece ter ganho a pole-position na corrida ao Eurogrupo. E, já agora, não perca este texto do Paulo Pena sobre "como reformar a 'criatura interessante'", onde ele descreve como é um dos órgãos mais poderosos da Europa, como o viram os portugueses que por lá passaram, acrescentando os cenários de mudança que se perspectivam.

Continuando pelas Finanças, a entrevista do dia é a Campos e Cunha (no PÚBLICO e Renascença). Diz o ex-ministro que Portugal está "numa situação bastante saudável", tendo em conta o ponto de partida, mas alertando: “Não se pense que o problema orçamental está resolvido”.

Centeno voltou ao Parlamento para falar sobre as offshores. Criticou Paulo Núncio, mas quis travar especulações sobre o caso dos milhares de milhões que desapareceram do sistema. Da investigação ao Fisco, ainda não há novidades.

Novidades, sim, do BCE (e não são boas): o limite aos pagamentos em dinheiro vivo mereceu um arraso de Frankfurt, diz o Negócios; e a situação da dívida também preocupa, escreve o Eco.

Chegou uma sentença no caso BPN: a “maior burla da história” deu 14 anos de prisão a Oliveira Costa, mais alguns a outros suspeitos. Há muitos recursos anunciados.

Novidades também do arrendamento local, dando sequência a uma notícia de ontem do PÚBLICO: os vizinhos vão poder proibir arrendamento a turistas ou impor condições; mas os proprietários têm visões opostas sobre esta proposta do PS (e o Bloco também não adora, acrescenta o Negócios).

... e sobre as demoras na Justiça: é por causa dos abusos do fisco que muitos tribunais bloqueiam, conclui um estudo pedido pelo Governo.

Uma preocupação com o aeroporto: depois dos avisos de ontem da ANA, hoje o DN diz que o SEF teme não ter gente para controlar tantos turistas no Verão;

Há também um alerta a registar esta manhã: a Santa Casa deixa de acolher crianças de fora de Lisboa.

... e notícias melhores na Educação. Uma na nossa manchete de hoje: os pais só vão pagar por manuais escolares emprestados “em casos extremos”, conta-nos a Bárbara Reis, detalhando uma circular ontem enviada às escolas; e a disponibilização online da informação sobre escolas do 1.º ciclo.

Para nos pôr a pensar  

1. Quando falamos de Trump e da NATO, podemos falar de uma aliança? Diz a Teresa de Sousa que os aliados europeus aguardam um sinal sobre o Artigo 5.º, hoje mesmo, na cimeira desenhada para conquistar o novo Presidente americano. Exactamente: para o conquistar: é que, "para os europeus, a questão mais importante é a defesa colectiva. E, ao contrário de todos os seus antecessores, este Presidente nunca mencionou o Artigo 5.º". O artigo da Teresa de Sousa está aqui, para perceber o que vai ver e ouvir nos próximos dois dias.

O Tiago Moreira de Sá enviou-nos um outro, que também vale a pena ler. É sobre a "teoria do homem louco" e começa com uma citação de Richard Nixon sobre a guerra no Vietnam: “Eu chamo-lhe a teoria do homem louco, Bob. Quero que os norte-vietnamitas pensem que atingi o ponto em que posso fazer qualquer coisa para acabar com a guerra" (ler aqui). Muito a propósito, aqui está outro texto a ter em conta: o mundo está numa corrida às armas, mas quem é o inimigo? E uma reportagem em Bruxelas, onde milhares protestaram contra Trump.

2. Sobre Manchester, começo pela Clara Viana: o modo de vida ocidental é cada vez mais um alvo para o Daesh, explica-nos ela, lembrando um alerta feito em Março pelo comissário adjunto da Scotland Yard. Mas quero levá-lo também a outras paragens, para que possa escolher o que ler: as pistas sobre a família do principal suspeito; a operação policial e a célula que terá apoiado Abedi; o belíssimo texto do Vítor Belanciano, mostrando-nos como "o ódio não dividirá Manchester, a cidade onde a música une"; e o artigo do João Miguel Tavares, que prende logo a atenção:"Carta a um filho após o atentado de Manchester".

3. O direito a morrer bem. Respire fundo, o tema não é fácil. Expire agora: o tema não pode ser tabu, como explica no Editorial o Diogo Queiroz de Andrade. A verdade é que ninguém sabe quantas pessoas morrem em casa em Portugal - mas sabemos que são cada vez menos. A morte nos hospitais, que alguns especialistas dizem estar envolta numa conspiração de silêncio, vai ser objecto de debate em dois congressos que hoje arrancam no Porto e em Lisboa. A Alexandra Campos achou que era o momento de pôr fim a um silêncio e dá-nos os dados para nos alertar para um dos grandes problemas dos dias de hoje. Incluindo este: "Morre-se muito à espera” de vaga nos cuidados continuados. E este outro, na primeira pessoa: "Temos 26 equipas de apoio domiciliário, mas só uma funciona de dia e de noite".

4. Uma viagem "genómica" mostra o mapa da epidemia do Zika nas Américas. "Percorreram dois mil quilómetros num autocarro, levando a bordo um sequenciador genético do tamanho de um agrafador, parando em várias cidades do Nordeste do Brasil. O objectivo? Procurar as origens do Zika, através da análise de genomas do vírus". Andrea, contas tu?

A agenda do dia 

• O Governo divulga a síntese de execução orçamental de Abril (virão mais boas notícias?);
• O PS reúne-se em jornadas parlamentares, em Bragança, mas ainda sem a descentralização fechada;
• Mais de 40 associações manifestam-se em cinco cidades contra a "cultura de violação" e por uma mudança de mentalidades, na sequência do vídeo filmado num autocarro na Queima das Fitas do Porto;
• Marcelo termina a sua visita ao Luxemburgo, dedicando o dia à comunidade portuguesa;
• Fernando Santos divulga a lista de convocados para o duelo com a Letónia, de qualificação para o Mundial2018 de futebol, e para a participação na Taça das Confederações, que vai decorrer na Rússia;

Só mais um minuto...

... para darmos um salto ao Festival de Cannes. Diz o Vasco que há um belo pretexto: Sofia Coppola fez um filme elegante sobre a castração - ou, melhor dizendo, a proeza de um filme inofensivo sobre a violência e o desejo. Diga lá que esta discrição não assenta bem a Colin Farrell e Nicole Kidman?

Festival também em Serralves, porque a programação deste ano promete Cinquenta horas non stop e abertura a novos palcos e novos temas. O Sérgio C. Andrade conta tudo em detalhe.

E, porque não há duas sem três, deixo-lhe também uma iniciativa se conta em 360 graus: plantou-se uma semente, nasceu um festival.

É só o princípio de um dia em festa, espero eu. Que vai prolongar-se dia fora, aqui no PÚBLICO.

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